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Todos os cursos de jornalismo deveriam incluir (mas não incluem) esta pequena lição sobre como se relata um drama. Um dia, uma professora de liceu perguntou às meninas e meninos da sua turma mista se gostavam ou não de caça. Os meninos e as meninas manifestaram-se todos contra com grande ênfase e algazarra. «Então», disse a professora, «escrevam uma redacção sobre isso, explicando porque não gostam da caça. Amanhã lemos as melhores.»
Mas, no dia seguinte, afinal, a professora só leu uma redacção. Resumiu 29 das 30, que eram todas iguais. «Ah, a caça é muito má, os homens são cruéis, matam os animaizinhos inocentes só para se divertirem e ganharem dinheiro, não pensam nas ninhadas que ficam orfãs, não pensam na dor de um casal quando um deles é morto, querem é explorar a natureza, não têm respeito por nada, nem pelo sofrimento dos animais, nem pelo ambiente.» E assim por diante.
A professora leu, no entanto, a redacção de um dos meninos. Dizia assim: «O caçador apontou bem e disparou. A bala fez um som surdo quando atingiu o veado e levantou pó no pelo. As mãos do veado estremeceram, dobraram-se, ele tentou levantar-se, mas teve uma convulsão, e ajoelhou, e o peito e o focinho bateram no chão. Depois caiu a garupa. O veado tombou inteiro numa nuvem de poeira. O caçador saiu do esconderijo e aproximou-se. O veado arfava, o buraco que a bala fizera jorrava golfadas de sangue e da boca do animal saía uma aguadilha, uma mistura de baba e de sangue. Os olhos do veado estavam cheios de medo, o caçador viu-os, mas depois o veado resfolegou, vomitou mais sangue com baba, e deixou de respirar e os olhos, muito devagarinho, deixaram de olhar, e depois perderam o brilho, e depois ficaram baços.»
Quando a professora acabou de ler a redacção deste menino -- que não tinha dito para proibirem a caça, nem para matarem os caçadores, nem para ilegarizarem as espingardas, nem proclamara que os veados são a mais bela criação do mundo, nem jurara que a caça mata o ambiente e o ambiente nos vai matar a todos -- quando acabou de ler a redacção os meninos e as meninas choravam baba e ranho todos.
Ora, embora correndo o risco de, com considerações deste género, estar a educar alguns fanáticos de «causas», eu faço-as ainda assim. Porque julgo que os fanáticos de causas não aprendem nada, nem sequer o que seria eficaz para eles. Não, o meu propósito é mais modesto: é evitar que numa reportagem sobre uma cidade ucraniana deserta e devastada o jornalista comece por dizer que «é como o dia a seguir a uma festa» ou «como a estação quando o comboio já partiu». É que, como os dos meninos excitados, há textos armados em lintratura ou pô-é-zia que não são só vãos e indignos, são estúpidos.
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