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A famosa frase "Se não têm pão, comam brioche", quase 230 anos depois de Maria Antonieta perder a cabeça, continua a ser-lhe atribuída, por muito boa gente instruída e de boa-fé, apesar de estar hoje mais que demonstrado que não há o menor indício sólido de que tenha usado esta frase, usada por Rousseau uns bons anos antes dela ser rainha (provavelmente uma boa piada inventada por ele).
Mais de 260 anos depois do Marquês de Pombal ter reduzido a população escolar do país em 90%, os livros escolares continuam a descrever a sua acção na área da educação como inovadora, renovadora e globalmente muito positiva.
Quase 50 anos depois da queda do Estado Novo, é quase uma heresia falar objectivamente do grande progresso que se verificou nos rendimentos per capita, na saúde, na educação, no desenvolvimento tecnológico, na melhoria das cidades, no enriquecimento da alimentação, e mesmo na segurança social, durante os quase cinquenta anos desse regime, havendo um evidente desfasamente entre a historiografia séria sobre o assunto, e a realidade social e mediática, em que pessoas como Nuno Palma são selvaticamente atacadas por escreverem coisas objectivas e verificáveis sobre esse período da história.
Não tenho, por isso, qualquer esperança de ver algum equilíbrio na forma como a opinião publicada, e comentários avulsos, falam do período de Cavaco e muito menos sobre o tempo de Passos Coelho, achando normal que haja quem minta sistematicamente sobre esses períodos - Ana Catarina Mendes terá dito, na Assembleia da República, não no tasco da esquina, que aos pensionistas foram retirados dois subsídios, no tempo de Passos Coelho, mas o que li sobre isso não me permite dizer que verifiquei o que de facto disse, sendo certo que a ideia geral de como fala sobre este período é esta.
Ana Sá Lopes, num artigo a defender a taxação de lucros inesperados das empresas associados ao aumento de preços - omitindo que, pelo menos no caso português, o maior receptor de receitas extraordinárias e não previstas decorrentes desta situação é o Estado -, exemplifica primorosamente o estado das coisas, em matéria de leitura do passado recente.
"O Governo está preocupado com as "contas certas", um slogan que lhe permitiu a consolidação no poder por oposição àquilo que a direita chamava o "despesismo" de José Sócrates (ignorando que foi a própria Comissão Europeia que consensualizou o "despesismo", ou seja, o investimento público como primeira resposta à crise financeira de 2008 - e depois virou o bico ao prego)."
Este parágrafo é tão extraordinário como considerar que quem diminuiu e população escolar em 90% é o grande renovador da educação em Portugal.
Primeiro Ana Sá Lopes considera o equilíbrio orçamental e a prudência no uso de dinheiros públicos como um slogan.
Depois considera que o despesismo de José Sócrates não existiu, era uma mera acusação da direita.
Depois de considerar que esse despesismo era uma mera acusação da direita, diz que esse despesismo que não existiu foi consensualizado pela União Europeia, sob a forma de investimento público como resposta à crise de 2008.
Depois considera, implicitamente, que não existe investimento público bom e mau, se é para gastar, não há despesismo, seja qual for o destino escolhido para esse tal investimento público.
Por fim, e é aqui o cerne da questão, considera, implicitamente, que a União Europeia virou o bico ao prego, tramando Sócrates, não pondo sequer a hipótese de que tenha "virado o bico ao prego" por muitas e boas razões que Sócrates não quis ouvir.
Tantos anos passados, Ana Sá Lopes ainda está perfeitamente convencida de que o governo de Sócrates foi um excelente governo, tal como, provavelmente, acha que reduzir em 90% a população escolar se justifica perfeitamente, porque a educação dos jesuítas era proselitista, e isso era péssimo para o país.
Antes analfabetos que instruídos por jesuítas é um princípio central do país que convém manter vivo e aplicar em toda a sua extensão, até porque deu muito bons resultados.
SOCIALISTA PÓS-MODERNO TRANQUILO EM DEMOCRACIA LIBERTINA
«Elites negligentes, pouco industriosas e pouco cultas» O Atraso Português/ Modo de Ser ou Modo de Estar? De João Brás, Editora Guerra e Paz.
De It is the economy… (stupid) de Clinton, ao É o estrutural…(…) de Marcelo Costa
Com a normalização política pós PREC 1974/75, o país mais atrazado do continente europeu liberal, tornou-se fruto dos financiamentos da CEE e UE, um país razoávelmente evoluido nas suas infraestruturas, educação, saúde e economia com marcas dos PM Cavaco Silva, de ‘crescimento’, e António Costa de ‘estagnação’.
PS: sem qq aplauso por qq um.
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