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Diz Vasco Pulido Valente que "O papel que cabe a Passos Coelho é mostrar um destino melhor a todo o país".
Não é o único a fazer essa crítica a Passos Coelho, há de facto muito quem diga que o papel da oposição é apresentar melhores propostas, dar um horizonte de esperança para o futuro e essas coisas todas que, no essencial, são a defesa de uma oposição política que prometa bacalhau a pataco se ganhar as eleições.
Essa crítica é muito curiosa porque não se aplica a quem está no governo: qual é o horizonte de esperança que é dado pelo governo nas medidas concretas tomadas até agora?
Substituição de cortes de ordenados ao funcionalismo público e aos pensionistas por mais impostos indirectos para todos é definir um horizente de esperança? Até sou favorável à transferência de impostos sobre o trabalho e o capital por impostos sobre o consumo, e isso sim, seria uma opção de política para o futuro, concorde-se ou não com ela. Mas isso é muito diferente de fazer pagamentos a grupos sociais definidos, à custa de impostos difusos sobre todos: isso é apenas substituir uma medida negativa visível (o corte de ordenados e pensões) por uma medida igualmente negativa mas invisível (o aumento de impostos indirectos), não é seguramente "mostrar um destino melhor a todo o país".
Reverter concessões de transportes públicos sem que se perceba para quê? Reformar florestas sem contar com quem as gere e sem se preocupar com a competitividade da produção florestal? Resolver a estabilidade do sector financeiro à custa do contribuinte e da intervenção directa na estrutura accionista de empresas privadas? Ter 50% da TAP, sem que se perceba para quê?
Tudo isso e muito mais é tudo o que o governo em funções tem feito: intervir directamente na economia com os recursos do contribuinte que foram retirados ao investimento que o Estado deveria fazer nas funções que mais ninguém pode desempenhar.
O governo em funções tem essencialmente gerido as corporações e os sindicatos de voto, em nome de interesses gerais.
Ou seja, o que distingue Coelho de Costa é que é hoje claro que onde Coelho disse não a Ricardo Salgado, Costa teria dito sim, prolongando o principal factor limitante do crescimento do país nas últimas década: a captura do Estado por sectores privados, sempre em nome de ideias nobres como a estabilidade do sector financeiro, a defesa do emprego, o reforço dos centros de decisão nacionais e outras abstracções que tal.
Como diferença de programa político para mim chega e sobra: eu seguramente votarei na mais imperfeita das opções desde que me pareça a que melhor defende um programa mínimo de libertação da sociedade da viscosa promiscuidade entre os sectores protegidos e o aparelho de Estado.
E não preciso que seja uma boa solução, basta-me que seja menos má que a alternativa, quando avaliada pela perspectiva da autonomia da sociedade face ao Estado, e vice-versa.
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