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Chegou a hora de mudar?

por João Távora, em 04.01.24

Já tinham acontecido durante quase todo o ano passado perante a indiferença geral do país, as greves sistemáticas da CP e paralização dos comboios. Se não eram dos maquinistas eram dos revisores, se não eram dos revisores eram dos trabalhadores das infra-estruturas. Evidentemente que se trata de uma pequena amostra dum país disfuncional, em que as pessoas, em regra pobres, aceitam conformadas o triste destino de precisar de serviços que dependam do Estado. Da Saúde aos Transportes, da Justiça ao Ensino, coitados dos mais desfavorecidos. Não é propriamente o meu caso, mas, para uma família como a minha, que mora perto do Estoril, é profundamente perturbador, se não infernal, o jogo a que nos sujeitamos para nos deslocarmos a Lisboa. Nunca se sabe quando os comboios estão ao serviço da população ou ao serviço das carreiras e interesses dumas centenas de funcionários privilegiados com renda garantida. Evidentemente quem mais sofre são os miseráveis que não tem alternativa aos transportes públicos, aqueles que têm horários a cumprir, com trabalhos humildes e braçais. Esta situação é uma chocante injustiça que o socialismo, em obediência à “ética republicana”, há demasiado tempo submete os portugueses enquanto os suga em impostos. Ao mesmo tempo os jornais e os canais de notícias à noite entretêm a minoria fidalga nos sofás a debater o charme e as virtudes dos personagens que há oito anos nos aprisionam nesta vil miséria.

Ou isto muda ou qualquer dia acaba mal... 


24 comentários

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De balio a 04.01.2024 às 16:23


as greves sistemáticas da CP. Se não eram dos maquinistas eram dos revisores, se não eram dos revisores eram dos trabalhadores das infra-estruturas.



Os trabalhadores das infraestruturas, que são aqueles que atualmente se encontram em greve, não são da CP. São de outra empresa independente, a Infraestruturas de Portugal.
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De João Távora a 04.01.2024 às 17:03

Já corrigi. Obrigado, mas vai dar ao mesmo. 
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De G. Elias a 04.01.2024 às 16:30

se não eram dos revisores eram dos trabalhadores das infra-estruturas


Convém notar que os trabalhadores das infraestruturas não são da CP e sim da IP (antiga Refer)
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De João Távora a 04.01.2024 às 17:02

Já corrigi, obrigado
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De balio a 04.01.2024 às 16:40


Eu não sei bem de que forma é que o João Távora deseja mudar. Em todos os países desenvolvidos, (a generalidade d)as infraestruturas ferroviárias pertencem ao Estado e a empresa que as gere é, portanto, pública.


É verdade, no entanto, que a linha de Cascais é totalmente desligada das restantes e poderia, portanto, ser privatizada.
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De Fernando Antolin a 04.01.2024 às 17:48

Foi privada até 1977, era da então chamada Sociedade Estoril. Integrou a CP nessa data e viu o serviço piorar acentuadamente, situação que ainda se mantém sem grande melhoria
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De balio a 04.01.2024 às 18:06


Obrigado pela informação.
Já agora, porque passou para o Estado? Porque a Sociedade Estoril se quis desfazer dela, ou encerrá-la? Ou porque o Estado, por sua alta recreação, a decidiu nacionalizar?
Seria conveniente saber se essa linha poderia dar lucro se fosse privatizada, ou se pelo contrário nenhum privado estaria interessado nela.
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De Fernando Antolin a 04.01.2024 às 21:52

Foi uma concessão por 50 anos, começada em 1926.
Não recordo o porquê de não ter sido renovada, mas em 1977 o PREC ainda estava perto e os privados eram olhados de esguelha, a CP tomou conta daquilo e lá ficou.
Não sei se seria rentável hoje
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De balio a 05.01.2024 às 10:02


viu o serviço piorar acentuadamente


Eu não circulo na linha de Cascais com frequência, longe disso. Mas parece-me que, afora o aspeto decrépito dos comboios, o serviço não é mau: circulam a horas.
Ou estarei errado?
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De Anonimo a 05.01.2024 às 09:53

Privatizada a linha (estrutura) ou a exploração (comboios)?

Não esquecer que a linha pode estar desligada fisicamente da ferrovia (não que isso seja um real motivo), mas depende dos transportes da zona metropolitana, nomeadamente em bilhética.

Supostamente a linha iria sofrer obras para alterar a electrificação, única no país, como está isso?
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De balio a 05.01.2024 às 10:22


Privatizada a linha (estrutura) ou a exploração (comboios)?


Privatizar a linha, uma vez que, no caso a que este post diz respeito, os comboios não estão a funcionar regularmente devido a uma greve dos trabalhadores que tratam da linha.


a linha depende dos transportes da zona metropolitana, nomeadamente em bilhética



Há muitas empresas privadas que compartilham a bilhética umas com as outras, ou com empresas públicas.
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De Albino Manuel a 04.01.2024 às 18:59

Se é pelos transportes, lamento mas o desconforto tem décadas; digo décadas, no plural. Vivi por essas bandas durante algum tempo, há muito, muito tempo, pouco tempo, mas demasiado tempo. Foi o suficiente para até hoje rogar pragas a Cascais.


O mais engraçado é a conversa do comboio a ver o mar. Passado um tempo nem se olha. E à chegada e à partida? Pois com certeza, lá está a amiga Carris. Também pode vir e voltar de carro; basta andar de carro por Monsanto ao final da tarde para saber o inferno que aquilo é.


Sim sim, há muito tempo era a praia da família real, por ali andou o conde de Barcelona e o Rei Humberto de Itália, mas isso foi há muito tempo. Hoje é o que é.


O mais engraçado é ver esses suburbanos a "cuspirem" para cima dos outros: Cascais! Por mim é de fugir. 
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De Anonimo a 04.01.2024 às 20:04

As greves recorrentes na CP  ou IP não são "do ano passado". Muito menos a qualidade do serviço (e a Linha de Cascais era, de longe, a melhor do país em termos de assiduidade e pontualidade), a degradação das composições, e dos horários. Mas como não sai nas news...


"Evidentemente quem mais sofre são os miseráveis que não tem alternativa aos transportes públicos, aqueles que têm horários a cumprir, com trabalhos humildes e braçais."


Esta frase parece um pouco fidalga... eu era / sou utente (cliente?) Dos transportes públicos,  e acho eu, nao sou miserável nem tenho trabalho braçal.
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De João Távora a 04.01.2024 às 22:08

Como refiro no texto, a minha família é especialmente prejudicada. Mas não somos os mais prejudicados, porque somos privilegiados. Tenos alternativas em caso de emergência. 
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De Carlos Sousa a 04.01.2024 às 20:34

"...que há oito anos nos aprisionam nesta vil miséria."


Quem lê até fica com a ideia que há nove ou dez anos, Portugal era só riqueza e o governo era um prodígio na sua distribuição.
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De Anonimo a 05.01.2024 às 09:28


Mas esses eram liberachos de direita ao serviço do grande capital, não se pode esperar algo de poisitivo deles. Já o Governo patriótico de esquerda tinha obrigação moral e material de desenvolver e enriquecer o país.


Mas sim, este tipo de textos sobre greves em geral e comboios e particular, é de quem anda distrído. A CP é um caso de estudo... de há muito, muito tmpo atrás. Os que refilam da "qualidade" da Linha de Cascais deviam fazer um périplo pelo país rural, aí é que viam serviço ferroviário de excelência. Nem na Albânia do Dr. Cunhal aspirariam a tais níveis.
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De balio a 05.01.2024 às 10:07


Os que refilam da "qualidade" da Linha de Cascais deviam fazer um périplo pelo país rural, aí é que viam serviço ferroviário de excelência.



Eu tenho alguma experiência dos comboios regionais Coimbra-Aveiro e dos comboios suburbanos Porto-Aveiro. Não tenho nada de mal a assinalar, exceto a ausência de casas de banho nestes últimos. A pontualidade é total, exceto quando dão ligação a algum intercidades, que estes últimos é que têm tendência a atrasar-se.
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De Anonimo a 05.01.2024 às 11:18

Eu nada tenho a apontar com excepção dos horarios serem péssimos (para quem trabalha e tem de cumprir horários) e da pontualidade ser religiosa (quando Deus quiser). A não ser que andar com 5-10 minutos de atraso seja pontualidade.
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De José Monteiro a 04.01.2024 às 22:58

Imagem antiga num jornal, alusiva ao Japão.
Devido a atraso ou atrasos do comboio numa estação,
os populares deitaram fogo à mesma.
Aqui na paróquia, as excelsas autoridades, podem dormir descansadas.
O mexilhão sofre e torna a sofrer? É lá com eles.
Em S. Bento, como em Belém, reina a paz celeste.

"As Configurações do Fim-Estrutura de fim de época e estrutura de fim de regime" conferência de Joaquim Aguiar, presente Adriano Moreira.


Fim de Regime, precisa-se.
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De urinator a 05.01.2024 às 09:24

o ps nunca teve menos de 1,5 milhões de votos.  votantes acima dos 65 anos. 
«qualquer dia acaba mal...»
até ver: 3 bancarrotas 
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De Francisco Almeida a 05.01.2024 às 10:50

Nasci e morei na linha do Estoril e andei de comboio desde os meus 9 anos até aos 40. Desde os tempos iniciais em que os revisores já conheciam os passageiros e raramente pediam os passes ou bilhetes até épocas posteriores, nunca vi atrasos - salvo muito raros acidentes ou avarias - nem sujidade, bancos partidos ou grafitti.
Em frente da estação havia uma esplanada que eu frequentava com amigos nas férias e divertia-me a apostar com eles que entre as 14h14 e as 14h15 o meu pai entrava na gare para apanhar o comboio das 14h16. Nunca perdi nem nunca o comboio falhava o horário.
O meu pai tinha uma boa posição com automóvel e motorista da empresa mas preferia ir para o escritório e vir almoçar a casa de comboio e só utilizava o carro entre o Cais do Sodré e a empresa porque, como dizia e fazia, utilizava os 4x20 min. do percurso para ler de ponta a ponta o Diário de Notícias (incluindo os anúncios que, explicava, eram um bom barómetro da situação económica). Digo isto para ilustrar o facto de que se podia viajar sentado. Não havia carruagens à cunha excepto nos comboios de Domingos de Verão.
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De balio a 05.01.2024 às 11:26


Digo isto para ilustrar o facto de que se podia viajar sentado. Não havia carruagens à cunha excepto nos comboios de Domingos de Verão.



O poder-se viajar sentado depende, basicamente, de haver muita ou pouca gente que viaja no comboio. Não é um parâmetro de qualidade de serviço. A CP não tem qualquer obrigação de aumentar o número de comboios num dia e numa hora em que, por qualquer motivo, a procura seja excecionalmente alta.


Eventualmente, no tempo de que o Fernando Antolin fala, ainda os terrenos à volta da linha estariam pouco urbanizados...


nunca vi atrasos


Para mim, qualidade de serviço é, principalmente e acima de tudo, isto: não haver atrasos.
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De Anonimo a 05.01.2024 às 13:52


Usei diariamente a Linha de Cascais cerca de uma década, a partir de finais de 90, embora utilizasse no sentido contrário ao da maioria (que de manhã entra em Lisboa a partir da Linha, e à tarde faz o caminho oposto).
Nunca tive razões de queixa, para lá das greves ou acidentes. Apanhei uma reorganização de horários (que aparentemente foi estudada, tendo também por base uns inquéritos, e não mandada à base da fezada) que melhorou pelo menos a minha vida...
à pinha era conforme, no Verão muita malta (jovem) vinha do outro lado ou de Lisboa para as praias, e enchiam o comboio, havia horários em que realmente ia tudo atafulhado (mas quem mamava a bucha do Metro, aquilo era piners). Mas isso também tem a ver com a quantidade de pessoas que foram migrando para fora de Lisboa e trabalhem lá. Impossível a CP dar resposta em termos de conforto quando o número de pessoas aumenta desmesuradamente. E basicamente, todos a cumprirem o mesmo horário, escolar ou laboral (outra eterna promessa...).


PS: fiz um ano Paço d'Arcos - Lisboa, e nºao era comparável a viagem de comboio a uma de carro na Marginal. Só maluquinhos...
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De Francisco Almeida a 05.01.2024 às 15:11

Também andei ao contrário (trabalhava em Cascais) quase uns vinte anos antes. Como deve ser muito mais novo do que eu e falou em todos terem os mesmos horários conto-lhe que nos ominosos tempos da feroz ditadura salazarista, os operários e pessoal de manutenção entrava às 8 da manhã, as aulas iniciavam-se às 9 e o comércio não hoteleiro e não alimentar, abria às 10. Assim o mesmo autocarro da Carris servia os três sectores.
E, a "olhómetro", os comboios que vejo passar, circulam a um terço da velocidade a que circulavam no meu tempo. Isso reduz fortemente a capacidade.
Tem razão quanto ao aumento de população na linha, que foi exponencial. Em regime de liberdade económica, a resposta teriam sido mini-bus que seguiriam percursos alternativos à Marginal e com finais em diferentes pontos da cidade, o que "obrigaria" as Câmaras a melhorar esses percursos Já seria mais difícil a partilha de automóveis privados, dado o individualismo natural dos portugueses mas isso poderia ter sido incentivado, sobretudo num modelo de economia mais ou menos dirigida em que as próprias empresas seriam incentivadas a motivar os seus empregados (por exemplo suportando o custo de estacionamento desde que o automóvel transportasse 3 ou 4 pessoas).
Mas o que tivémos, foi nada de nada. E vamos celebrar o 50º aniversário da "liberdade".

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