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Para quem, como eu, entende que o resultado prioritário das próximas eleições é afastar o PS da esfera do poder (concordando com Eça de Queiroz que entendia que as fraldas e os governos devem ser mudados periodicamente, e pelas mesmas razões) poder-se-ia pensar que acho o voto no Chega uma das vias possíveis para obter esse resultado.
Não é tal.
O Chega e o PS têm um objectivo comum, embora por razões diferentes: reduzir o PSD à menor expressão possível.
O PS, que só tem inimigos, e nunca adversários, pretende ocupar o poder e para isso considera que reduzir o PSD ao mínimo possível é a forma mais fácil de o fazer. Daí o seu sistemático apoio ao Chega, nomeadamente através da actuação de Santos Silva na AR, que foi criando incidentes artificiais para realçar a diferença entre o Chega e os outros, como forma de fixar o voto de protesto no Chega.
O Chega pretende substituir o PSD como partido dominante da direita, e com sondagens que lhes atribuem uns 10% de diferença de votos, haverá muito no Chega quem pense que basta erodir um bocadinho mais o apoio ao PSD para que tenham votações equivalentes em torno dos 20% e, por isso, nunca até hoje admitiu que viabilizaria um governo minoritário do PSD, se esse fosse o preço a pagar pelo afastamento do PS, independentemente de quaisquer conversas com outros partidos.
Pelo contrário, o Chega reafirma sistematicamente que ou estará no governo, ou na direita ninguém pode contar com o Chega, que é exactamente o interesse comum que tem com o PS.
Deste ponto de vista, as próximas eleições correrão muito bem para o Chega se subir bastante a sua votação (que é o mais provável, embora eu tenha dúvidas de que tenha a expressão elelitoral que as sondagens indicam neste momento, admito, sem grande base, que a grande percentagem de indecisos não é constituída por eleitores potenciais do Chega) e se das eleições resultar um quadro parlamentar instável em que, quer um governo do PS, quer um governo do PSD, dependam da abstenção do Chega (ou da repetição de eleições por ninguém conseguir formar governo que não seja imediatamente sujeito a uma moção de censura).
Isso permite-lhe capitalizar o protesto que esse governo gera (como qualquer governo, e por maioria de razão, numa altura em que o contexto económico parece vir a ser difícil) e o melhor mesmo era um novo governo do PS com a consequente instabilidade quer no PSD, quer na IL (embora a IL seja mais ou menos indiferente para o Chega).
O Chega preparar-se-ia para as eleições seguintes, cujo momento seria escolhido pelo Chega, se deitasse abaixo o Governo, ou mais tarde, mas obrigando o PSD a abster-se em moções de censura do Governo, o que entregaria ao Chega a taça da verdadeira oposição.
Nas eleições seguintes o Chega teria fortes possibilidade de ter mais um voto que o PSD, cumprindo o seu objectivo de longo prazo.
Votar no Chega não é votar contra o PS, pelo contrário, é votar na situação, tal como ela está e com as tendências que se estão a verificar, não apenas em Portugal, de relativa erosão dos moderados e progressiva afirmação dos radicais.
Resumindo, para votar na saída do poder do PS sobra o voto na AD ou na Iniciativa Liberal.
Votar no Chega é apenas votar na sua estratégia de hegemonia da direita, para a qual o PS no governo é do maior interesse do Chega.
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