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Lembram-se da justificação para as medidas radicais de contenção?
A questão central era que era fundamental garantir que o pico da epidemia não ultrapassava a capacidade de encaixe dos serviços de saúde.
Independentemente da discussão sobre os modelos que deram origem a números completamente irrealistas de mortos se não aceitássemos todos o suicídio económico que nos garantiam ser a única solução, já na altura houve quem (eu, por exemplo, mas evidentemente sustentado em quem sabia mais que eu) questionasse o pressuposto de que a capacidade de encaixe dos serviços de saúde era uma grandeza fixa.
Fascinados com as maravilhas de eficácia da ditadura chinesa, achámos que só os chineses conseguiam fazer hospitais em quinze dias, portanto não valia a pena pensar na hipótese de aumentar a capacidade de encaixe dos serviços de saúde, uma operação com custos económicos muito modestos, face ao custo económico estratosférico das medidas que nos venderam como as únicas disponíveis para obter o mesmo efeito.
Mesmo países como Portugal, com as finanças nas lonas e um serviço de saúde no osso em consequência das maravilhosas políticas públicas dos últimos sete anos de vacas gordas, rapidamente duplicaram, triplicaram, quadriplicaram a capacidade de encaixe dos seus serviços de saúde (nota lateral: boa parte deste resultado foi obtido à custa do esforço real dos profissionais de saúde, não foi só o Estado, foram também as pessoas comuns, as empresas e, sobretudo, os profissionais de saúde, que foram capazes de chegar ao ponto muito mais confortável em que estamos).
O exército espanhol, por exemplo, montou um hospital de campanha em 48 horas.
A covid, pelas suas características clínicas, cria pressões adicionais sobre os serviços de saúde, e as opções administrativas e de gestão da doença e morte associadas criam ainda mais pressões.
Só que problemas de gestão de serviços de saúde resolvem-se gerindo adequadamente serviços de saúde, não se resolvem criando contextos económicos que, durante bastante tempo, vão estrangular toda a economia e, consequentemente, estrangular também o investimento futuro nos serviços de saúde.
Os modelos matemáticos que foram usados para criar o medo na opinião pública, que foram usados para esmagar moralmente as dúvidas que legitimamente se colocavam aos cenários catastróficos desenhados, obrigaram os governos a tomar decisões irracionais e estão, provavelmente, intrinsecamente errados.
Em cima disso, basearam-se na descrença na capacidade das democracias ocidentais serem tão eficazes como a ditadura chinesa na adaptação imediata dos seus serviços de saúde às novas circunstâncias.
Que isso nos sirva de lição para a epidemia seguinte, e que nos sirva para, o mais rapidamente possível, refazer os modelos, introduzindo as novas capacidades dos serviços de saúde na equação, de modo a permitir-nos sair rapidamente do atoleiro em que nos metemos voluntariamente, é o que espero.
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