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O título do post é o título de uma música do Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta, do album Pois canté! (expressão que ainda ouvi em conversa comum, mas que duvido que hoje ainda seja usada por alguém), e que tem uns versos que me interessam "Senhores sou mulher de trabalho/ E falo com poucas maneiras/ Porque as maneiras/ São como a luva que calça o ladrão".
Apesar do GAC ser do melhor da música portuguesa, é possível que haja muita gente que o desconheça completamente (para mim é incompreensível como as rádios se esquecem de discos como o Pois canté!) e portanto não saibam que era um colectivo muito dinâmico, sempre com gente a entrar e sair (com alguns dos fundadores a sairem antes mesmo do seu primeiro disco), típico do Processo Revolucionário em Curso de 1974 e 1975, com um traço comum: sempre, sempre pela revolução e contra o sistema capitalista (outros versos para explicar melhor o ponto de vista "Senhores, sou mulher de trabalho/ Estou farta dessas brincadeiras/ São só maneiras/ De nos prenderem com outro cangaço".
Vem isto a propósito de uma conversa que tem como base a confusão de Elon Musk entre a Gaza do Médio Oriente e Gaza, em Moçambique, que se pode ver neste video.
As maneiras de todos os envolvidos, ou mais precisamente, a falta de maneiras, gera imediatamente anti-corpos de gente educada, quer tenha quer não tenha qualquer simpatia por Trump e a sua administração.
A pessoa através da qual cheguei a este vídeo, comentava, com razão, aliás, que se se visse "um comissário europeu nestes preparos, ao lado de Von der Leyen, logo diriam "A Europa morreu!"", só que este ponto de vista, estimável, parece esquecer que os preparos, ou as maneiras, são estas exactamente para deixar claro que o "sistema morreu" porque no poder está o anti-sistema.
Claro que dizer que a administração norte americana é anti sistema é uma contradição nos termos, evidentemente, Trump é tão da situação como Obama, mas a sua comunicação política é feita com o objectivo de negar esse facto e é por ser eficaz nessa negação que ele ganha eleições.
As maneiras, neste caso, sendo, para mim, deploráveis, servem o propósito de dizer que o sistema está a ser desmantelado.
E, já agora, a resposta de Musk à referência ao enorme disparate dele, confundindo Gaza com Gaza, serve exemplarmente os objectivos pretendidos: há uma asneira minha, deve ser corrigida, nós vamos fazer muitas asneiras o que queremos é corrigir rapidamente as asneiras, mas no essencial, estamos a ir no sentido certo.
O que este tipo de respostas representa de corte comunicacional com o "fumei mas não inalei" habitual do sistema está perfeitamente alinhado com o corte nas maneiras de se apresentar no espaço público.
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