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Calendário

por João Távora, em 16.04.25

Imagine-se como seria a nossa existência se o tempo não se dividisse em ciclos, não tivéssemos dias, semanas ou meses, se fosse tudo um continuo sem estações dum infindável ano. Como orientaria a humanidade a sua existência? É verdade que o tempo passa e envelhecemos independentemente do calendário que criámos baseado na mecânica dos astros e das estações do ano. Provavelmente não deixaríamos de procriar mesmo sem a primavera ou a obscuridade esquiva da noite. Naturalmente que no decorrer do interminável "dia", chamemos-lhe assim, em que decorresse a nossa vida, o nosso organismo nos impeliria a procurar alimento, e imporia alguma ordem e medida temporal. Assim como o cansaço e o sono nos impeliria a procurar alguma penumbra para dormir em sossego. E não estou certo que não procurássemos na natureza algumas referências, por débeis que fossem, que nos situassem em face ao passar do tempo. Tudo uma hipótese completamente absurda, claro está!

Vem isto a propósito do tempo do calendário que os cristãos se preparam para viver. A propósito da importância dos rituais que nos orientam durante a vida, na devolução de um sentido mais profundo para as rotinas, ou que nos libertem delas, para uma experiência existencial mais rica. É nesse sentido que os cristãos são convidados a viver a Páscoa, a cortar com os hábitos de sempre, no esforço de parar para viver a Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo. Isto acontece todos os anos, há cerca de dois mil anos que o calendário nos aponta ao cumprimento de rituais concretos que unem os cristãos na vivencia deste mistério. O mesmo que somos convidados a participar na Eucaristia ao Domingo ou noutro dia da Semana que nos sintamos atraídos a vivê-lo. Foi esta esperança de salvação que Jesus nos outorgou naquela sexta-feira no Calvário em que o próprio véu do tempo se rasgou. Em que o calendário universal para sempre se alterou.

A Vida Eterna começa com a continuidade geracional dos rituais. Ontem uns, outros hoje, os nossos avós antigamente, os nossos netos no futuro, perpetuarão estes rituais. Com uns ou com outros a procura da esperança está-nos nos genes, e foi-nos incutida pela Salvação da Páscoa. É no calendário, nos rituais repetidos, ano após ano, século após século, que intuímos a eternidade. E os descrentes nem sonham a liberdade que esta descoberta nos concede.

  • Na imagem: "O Bom Pastor" que se encontra nas catacumbas de São Calixto em Roma e acredita-se que foi pintada algures no século III.

Até Domingo!


6 comentários

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De Anónimo a 16.04.2025 às 12:01


se fosse tudo um continuo sem estações do ano


Uma vez falei com um colombiano de Bogotá que se me queixou de que a vida lá é extremamente monótona e desinteressante precisamente porque não há estações do ano - Bogotá fica praticamente sobre o equador -, os dias são todos iguais. 
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De Anónimo a 16.04.2025 às 12:21

Ha zonas do globo gom intermináveis dias ou infindáveis noites.
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De Anónimo a 16.04.2025 às 19:10

Caro João Távora:
Uma boa Passagem (pascha) para si: da Paixão à Ressurreição.
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De passante a 17.04.2025 às 18:18

Tudo uma hipótese completamente absurda, claro está.


Tem aí para um bom livro de ficção científica, e até original. Pelo menos um conto, tipo o serviço de exploração espacial chega a um sítio desses, e descobre que ...
Fogo à peça, dê uma de James Blish 


Boa Páscoa.
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De Silva a 18.04.2025 às 11:41

Preservar o catolicismo em Portugal será mais simples, mais fácil e mais barato se forem implementadas reformas estruturais a começar, repito a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seguindo-se outras reformas estruturais.
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De Anónimo a 18.04.2025 às 15:55

Tresanda a cheiro de água benta, que de resto é o homem o único animal capaz de o distinguir!

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