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Muita alma por este país se ofendeu com as declarações do Sr. Dijsselbloem. Pois eu achei-as bem-vindas. Acontece que, para variar, desde 2011 que o argumento não anda a surtir o efeito desejado, e, como tal, o esgotamento da paciência de quem é de boas contas utilizou agora a metáfora como método. Felizmente esta chegou de uma forma directa e incisiva, não fosse o ilusionista invocar uma qualquer dificuldade de interpretação para fugir ao assunto. Embora a espuma do acontecimento ainda não permita bem digerir o que está em causa, a verdade é que em algum ponto não muito distante a infantilidade reinante nalguns países vai ter de ser posta à prova. E o que está em causa é ver quem fica e quem sai da zona euro.
A zona euro é uma parada muito alta e exige aos seus aderentes um comportamento nórdico. O euro não foi criado para servir os propósitos dos países do sul em atingir o nível de vida dos países do norte por via da ilusão à boleia da falsificação de contas, e à custa de viver pendurado nos outros por via de perdões de dívida. O euro foi criado com o objectivo de aprofundar a EU e de criar laços fortes entre os seus constituintes. Convém ainda reter que o Euro não tem o propósito de ser utilizado como arma concorrencial para satisfazer os dislates e as estroinices de povos menos ajuizados.
Como num casamento, os países também se vão conhecendo com o tempo. E também como num casamento existem altos e baixos. Os consecutivos resgates e programas foram uma boa resposta à crise conjugal do Euro, provando que o norte se solidarizou bem com o sul. Compete ao sul cuidar-se e aproveitar a ajuda, tomando a si a responsabilidade de fazer o que lhe compete para merecer confiança no futuro. O caminho pode ser mais ou menos sinuoso e apresentar mais ou menos dificuldades inesperadas. Mas nada que a persistência e a boa conduta não possa vencer.
Algum tempo passou, e nesta fase é crucial perceber bem que existe um ponto fundamental que se não for cumprido tem a ruptura como resultado final. Esse ponto chama-se: boa-fé. Ou percebemos e interiorizamos isto, e depois agimos em conformidade, ou então o resultado e o todo o processo serão muito penosos.
Muitos julgaram que o Euro seria um instrumento formal e eterno de uns viverem pendurados nos outros, um verdadeiro idílio para o socialista meridional. Esqueceram-se que os parceiros com quem corremos na pista andam muitos avisados, conhecem-nos melhor do que imaginamos, e sabem muito bem distinguir quem necessita de solidariedade e quem quer viver pendurado. Por outras palavras, topam-nos à distância.
Mas muito mais do que esquerda e direita, o que está em causa nesta matéria é distinguir de entre todos aqueles que julgam que viver à conta dos outros é um modo de vida e aqueles que entendem essa postura como perversa e contrária ao bom convívio entre os diferentes povos.
Pedro Bazaliza
Convidado Especial
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