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Na sequência do artigo que comentei aqui, Bárbara Reis escreveu outro artigo para defender um amigo das calúnias.
A história conta-se facilmente.
Bárbara Reis resolveu escrever (com razão, aliás) que as alegações do movimento ambientalista mais vocal e presente nas redacções dos jornais sobre o abate de quase 1900 sobreiros na herdade de Morgavél para instalar um parque eólico eram falsas (e são).
Em vez de simplesmente ler a informação primária sobre o assunto e confirmar com uma ida ao local - para mim, o trabalho normal de um jornalista - resolveu falar com pessoas em quem confia, especialmente Francisco Ferreira, ex-presidente eterno da Quercus que um dia perdeu umas eleições com um golpe palaciano e foi a correr fundar outra organização cujos estatutos não democráticos asseguram que não volta a repetir-se um golpe palaciano do mesmo tipo, o que fez dele o presidente da Associação Zero desde a sua fundação até hoje.
A reacção ao artigo foi a habitual, por parte dos chamados activistas: teorias de conspiração sobre os interesses de Bárbara Reis e de Francisco Ferreira, um procedimento habitual no movimento ambientalista, com toda a cobertura da comunicação social, que consiste em evitar a discussão da matéria de facto e partir para ataques de carácter assentes em teorias de conspiração sobre os interesses económicos que são servidos por quem se limita a dizer uma coisa diferente.
Mais uma vez, Bárbara Reis poder-se-ia ter limitado a exercer a sua profissão: metia-se num carro (ou numa bicicleta) e ia ao local verificar a informação de base, fazendo então um artigo em que dizia que os ataques de carácter serviam apenas como cortina de fumo para evitar discutir o essencial: as alegações que nas últimas semanas têm sido feitas, são falsas, como ela própria testemunhou.
Preferiu meter-se num caminho estreito que consiste em garantir a solidez ética de Francisco Ferreira e da Zero, como atesta o último parágrado do seu artigo: "Há o combate do activismo poluído, com ruído e sem rigor. Há os leitores que seguem essa escola. E há a Zero: entra no ringue de boxe do debate público com as luvas postas e veste a camisola da ética."
Citando a protagonista do Notting Hill "tu lidas com isto há dez minutos, eu lido com isto há dez anos. As nossas perspectivas são muito diferentes", diria eu a propósito de juízos éticos dos envolvidos nesta discussão, mas isso é mera opinião de cada um.
O problema é o jornalismo funcionar como os artigos de opinião de Bárbara Reis mostram: o mundo está dividido em bons e maus, e o papel do jornalismo é estar do lado dos bons, dos que são moralmente superiores.
Eu preferia um jornalismo que sabe que a natureza humana é o que é, todos nós seremos bons nuns dias e maus noutros, seremos moralmente superiores numas circunstâncias e imprestáveis noutras (Jacques Brel dizia que o "Ne me quitte pas" era uma canção sobre a cobardia de um homem (ele próprio) e, no entanto, quase todos a ouvimos a partir de outra perspectiva) e o papel do jornalismo não é fazer esse julgamento, é simplesmente trazer informação verificada para a discussão.
Faria bem melhor o Público e Bárbara Reis em escrever sobre a realidade concreta desse parque eólico que fazer de caixa de ressonância quer dos que dizem os disparates que têm vindo a ser ditos (como os jornalistas do Público que escreveram peças jornalísticas sobre a matéria), quer dos que resolveram, e bem, neste caso, dizer que as alegações são falsas, como fez Bárbara Reis.
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