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Bárbara Reis não costuma escrever sobre matérias ambientais ou florestais, mas neste Sábado escreveu um artigo com o título "Abate de sobreiros em Sines é chocante? Nem por isso", fazendo questão de dizer que estava rodeada de belas árvores milenares (por aqui se vê porque raramente escreve sobre estas matérias) quando leu muita coisa sobre o assunto.
Começa por citar muita gente, resumindo-se essa parte do artigo nestas citações: "O problema está identificado: um “bosque”, uma “floresta” de sobreiros “adultos”, “saudáveis” e a produzir cortiça, vai ser abatido e, com ele, destruído um “ecossistema local”." ... "Pequeno senão: falei com a Zero–Associação Sistema Terrestre Sustentável, cujo presidente é o engenheiro do Ambiente Francisco Ferreira, e, num minuto, percebi que tudo isto que acabo de escrever é falso. Leu bem: é falso.".
Depois de explicar que falou com mais não sei quantas pessoas (provavelmente não sabe que este tipo de projectos têm toda a documentação pública e acessível, embora jornalista uma vida inteira, e directora de jornais durante anos, não lhe terá ocorrido ir buscar informação a fontes primárias de informação, escolheu sempre ouvir pessoas que escolheu, por razões que só Bárbara Reis poderá explicar), acaba o artigo a concluir "Matar uma árvore saudável dói. Matar 200 dói ainda mais. Mas o debate e o activismo poluído também".
Grande parte das citações que faz na primeira parte do artigo são de orgãos de comunicação social ou de afirmações a que orgãos de comunicação social deram visibilidade, sem a mínima verificação factual, mas Bárbara Reis não acha necessário assinalar este facto e fazer notar o que isso significa de 1) falta de qualidade do jornalismo; 2) facilidade de manipulação da imprensa.
Mais que isso, neste caso, Bárbara Reis faz exactamente o mesmo que fizeram os seus colegas: em vez de verificar informação em fontes primárias disponíveis, escolhe uma pessoa em que confia, no caso Francisco Ferreira, presidente de uma associação ambientalista que o Senhor Ministro nomeou para um grupo de trabalho que criou para responder ao alarme público causado pelas aldrabices de outros ambientalistas.
E foi neste ponto que de repente me lembrei de um parágrafo, quase no princípio do artigo, a que não tinha dado nenhuma importância: "Quem é que, no seu perfeito juízo, fica indiferente perante isto? Impossível conter a indignação. Vamos para a rua protestar. Ainda por cima, os alvos são bons para dar golpes: o Governo (este ou outro qualquer) e a EDP (que fechou o ano com 871 milhões de euros de lucro).".
Bingo!
Bárbara Reis não está a escrever sobre questões ambientais, florestais ou de paisagem, Bárbara Reis, consciente ou inconscientemente, está a escrever sobre ataques injustos ao Governo e à sua política de energias renováveis e descarbonificação.
E a Zero, que em Abril era contra uma central solar no Alentejo por ser numa área importante de conservação (a Zero, e a generalidade do movimento ambientalista, protesta com a agricultura intensiva, mas protesta igualmente com usos alternativas de áreas fora dos perímetros de rega, exactamente porque, dizem eles, estarem fora dos perímetros de rega as protege da expansão da agricultura intensiva), ou que em 2019 lamentava o abate de sobreiros e azinheiras por causa de um campo de golfe, apenas para dar dois exemplos, aparece agora a defender que é preciso ver bem isso, talvez o Governo não esteja a fazer asneira.
É evidentemente uma coincidência que o Senhor Ministro do Ambiente faça um despacho, justificado, entre outras tretas, pelo facto de "as recentes decisões de declarar de imprescindível utilidade pública determinados empreendimentos geraram na opinião pública contestação e dúvidas sobre os procedimentos observados nos projetos de compensação, importa avaliar a respetiva adequação.", como se o problema da pós-avaliação de projectos autorizados não fosse um problema transversal há muito identificado, e decida fazer um grupo de trabalho (what else?) para o qual nomeia a Zero que, de entre as várias ONGs de ambiente que existem em Portugal, é das poucas que não gere um metro quadrado de terra, se não me engano, para ver com o ICNF como se diminui a contestação às decisões do Governo, em matéria de gestão da paisagem.
Mas afinal quem continua a dar palco e uma aparência de representatividade social à parte do movimento ambientalista que passa o tempo todo a inventar parvoíces e a deturpar os factos?
Os jornalistas, senhores, os jornalistas que há muito perderam a noção de que a sua função central é verificar, verificar, verificar, e não ser caixa de ressonância de pessoas que consideram fantásticas.
Sobre isso, Bárbara Reis tem uma posição cristalina, tão cristalina que é absolutamente transparente e ninguém a consegue ver.
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