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Autodeterminação, a pior herança do imperialismo?

por Jose Miguel Roque Martins, em 28.10.23

O conceito de autodeterminação ganha protagonismo, na Europa, a partir da década de 1860, foi consolidado por Woodrow Wilson em 1918 e mais tarde cristalizado na Carta das Nações Unidas.

Este princípio, definido por Wilson enquanto “os povos só podem agora ser dominados e governados pelo seu próprio consentimento”, foi a pedra angular que presidiu, pelo menos moralmente, ao processo de descolonização das potencias Europeias por esse mundo fora e suportou reivindicações de independência de muitos novos Estados desde o fim da primeira grande guerra. É, ainda hoje, um pilar fundamental do direito internacional.

Aparentemente um princípio á priori simples e adequado é de uma enorme complexidade filosófica e de difícil aplicação pratica. O conflito israelo-árabe é um, de muitos conflitos que orbitam á volta deste princípio, origem de soluções felizes, outras menos felizes, outras ainda não resolvidas e muitas ainda embrionarias. 

O conceito tem muito de Eurocêntrico, um continente com uma tradição de organização de Estados e nações antigas e consolidadas. Não é por isso surpreendente que os frutos da sua implementação, no desmembramento de Imperios Europeus multinacionais, tenha apresentado resultados razoavelmente bons. Noutros continentes,  em especial no Médio Oriente e em África, onde a organização social tradicionalmente prescindiu do Estado e se baseou em unidades sociais com pequenas populações, que ocupavam relativamente pequenos territórios, basicamente tribais, não tenha corrido bem. O pecado original começou nas fronteiras definidas por potencias coloniais que, de uma forma geral, não correspondiam a unidades sociais reconhecidas pelos próprios, mas a própria “transcendência” das noções de povo, de nação, de Estado, de comunidade alargada, têm provavelmente uma responsabilidade mais elevada nos problemas a que se assistem. 

O certo é que, com pequenas excepções, nem despontaram democracias, desenvolvimento económico interessante ou até de Estados fortes e plenos. Israel  (e a namibia) é o maior contra-exemplo de um destino  , para já menos promissor destas regiões para onde os Ocidentais exportaram conceitos alienígenas para outras regiões. As descolonizações, o fim dos mandatos, pelo menos como ocorreram, talvez tenham sido o pior do Imperialismo Europeu (e Americano).

Junto 3 mapas que procuram ilustrar sucessivamente o rendimento, a força (qualidade) do Estado e democracias plenas, de 3 fontes e que parecem validar a “tese” apresentada.

Captura de ecrã 2023-10-27, às 15.39.50.png

 

 

Captura de ecrã 2023-10-27, às 15.38.10.png

Captura de ecrã 2023-10-27, às 15.36.49.png

 

 


17 comentários

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De urinator a 28.10.2023 às 11:49

a Europa não passa de amontoado de países constituídos pela força:
Espanha, França, Alemanha, Itália, UK ...
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De O apartidário a 30.10.2023 às 20:50

Poucos serão os países (se é que existem) que não foram constituidos à força.
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De Anónimo a 28.10.2023 às 11:55

Bom dia
Apreciei muito positivamente este seu texto.
Sykes e Picot são dois dos vários protagonistas e quase todos do chamado mundo Ocidental, que estabeleceram fronteiras a régua e esquadro.
Basta olhar os mapas para verificar isso, o certamente propositado desmembramento de tribos e povos.
Resultados à vista, desde há décadas. 
Entre os inúmeros casos por esse mundo fora de separação de gentes, estou a lembrar-me da fixação da fronteira Norte da nossa então Guiné e actual Guiné Bissau com o Senegal.
Daqui do meu Chapéus votos de bom fim de semana, saúde.
António Cabral
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De lucklucky a 29.10.2023 às 12:12


Continua esta bizarra ideia que são os mapas que fazem a guerra. Não são.



É a Cultura e é isso que a maioria não quer enfrentar.


"Resultados à vista, desde há décadas."


Este é outro erro que mostra quão profundo são os efeitos da propaganda anti ocidental dos jornalistas ocidentais. Julgam que as tribos antes dos Europeus e até após não se guerreavam, não se exterminavam por sua própria vontade.
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De Anónimo a 28.10.2023 às 16:54

Mas  Israel alguma vez foi ocupado ? Não percebi como se pode relacionar a autodeterminação com Israel? 
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De lucklucky a 29.10.2023 às 11:32


Se quer ir por aí estavam ocupados pelo Turcos e depois pelos Ingleses.


Autodeterminação é o direito de qualquer grupo de pessoas ter controlo do seu território.
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De marina a 28.10.2023 às 21:19

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De Impronunciável a 28.10.2023 às 23:08

1 – O projeto político de invasão dos Países e Nações europeias, através da “União Europeia”, perpetrado pelos que as sempre quiseram dominar (os franco-alemães, e os italo-romanos), reabriu a antiga divisão entre «Portucalenses-Galegos» e «Lusitanos».

2 – Perdida a força dos «Estados» («Países»), as Identidades têm tendência a regressarem ao que eram antes. É uma lição que a História ensina desde sempre.

3 – Os atuais conflitos na Ucrânia e na Palestina, se provocarem a implosão da “União Europeia”, assistiremos a uma reconfiguração das fronteiras tal como aconteceu após as ditas “Grandes Guerras” (1915-18, 1939-45). O clamor dessa destruturação identitária já ocorre em muitos países europeus com movimentos de autonomia e independência.

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De Cá não há bar a 30.10.2023 às 20:48

Se a UE implodir teremos certamente a independência das Berlengas.
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De Impronunciável a 29.10.2023 às 01:12

 

1 – “Autodeterminação” é apenas um «nome» (palavra), cuja «coisa nomeada» é muito mais antiga do que o séc. XIX europeu.

2 – Era o mesmo de dizer, que a Vida só começou quando os humanos inventaram a palavra “vida”.

3 – “Autodeterminação” ocorre na Natureza quando uma qualquer Espécie consegue sobreviver e adaptar-se enquanto uma nova Espécie. Logo, “autodeterminação” é um modo de designar o processo natural (biológico e evolutivo) de “Especiação”.

4 – A palavra muda, mas a «coisa que nomeia» é igual e muito anterior ao aparecimento das sucessivas palavras que a nomeiam.

5 – Paul Ricoeur, descreveu as fases desse processo de “especiação”, no artigo intitulado “Indivíduo e Identidade Pessoal”, em 4 etapas: Individuo (Eu), Individualização (Eu digo que), Identificação (Eu digo a mim-próprio), Imputação (o Eu diz-se a si-próprio).

6 – Logo, o processo de “autodeterminação” está latente em todas as espécies-de-vida, incluindo nos seres-humanos. A sua efectivação é a guerra que ocorre desde o início da Vida. Que se trava permanentemente entre «aqueles que têem o Poder» e «aqueles que o pretendem ter». Entre «aqueles que pertenciam a uma identidade» e «aqueles que desejam ter outra». Não nasceu no séc. XIX na Europa.

 

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De Anonimo a 29.10.2023 às 08:34

"Noutros continentes,  em especial no Médio Oriente e em África, onde a organização social tradicionalmente prescindiu do Estado e se baseou em unidades sociais com pequenas populações, que ocupavam relativamente pequenos territórios, "


Não percebo esta frase. Africa sempre teve impérios à imagem dos europeus, e o médio oriente esteve sob domínio dos otomanos. As unidades sociais podem ser aplicadas à Alemanha, que sempre foi uma união de micro estados.
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De lucklucky a 29.10.2023 às 12:07

É de facto um texto esquisito. Pinta como se outros nunca existissem para lá de umas cubatas.
O Império Zulu, os mais variados Reinos de África, inclusive o Reino do Congo com que os portugueses contactaram logo que chegaram a Angola.
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De marina a 29.10.2023 às 10:24


esta judia brasileira explica bem o que aconteceu...explica quem foram os terroristas logo desde  a arbitrária decisão dos brancos ocidentais  de oferecer um país aos judeus.





https://www.facebook.com/100086225197733/videos/1456970075086109
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De lucklucky a 29.10.2023 às 12:01


Não há nada de complicado no conflito israel-palestina. Um lado a Fatah com o apoio da URSS e agora o Hamas com o apoio do Irão e do Islão imperial que sempre quiseram destruir Israel.


O Jornalistas pela sua grande maioria serem de extrema esquerda e esquerda noticiam o conflito como se na II Guerra Mundial  as noticias fossem baseadas na perspectiva dos civis Alemães.


Por isso os correspondentes do jornais ocidentais censuram abertamente tudo o que mau se passa com os Palestinianos.
Onde estão as notícias sobre o culto de morte Palestiniano. Em que as crianças são carne para canhão e uma mãe deve ficar agradecida por os seus filho morrerem na Revolução? 


É curioso como  o autor usa valores ocidentais de

Democracia e Crescimento Económico para desvalorizar os resultados.

Como sabe que esse maus resultados não são os resultados pretendidos, ou pelo menos os resultados naturais de algumas culturas?
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De Anonimo a 29.10.2023 às 14:37

A autodeterminação dos povos é boa, excepto na Catalunha, Reino Unido ou Balcãs. Ou na Bélgica...


Giro ver a Mongólia em destaque, até há pouco tempo era um satélite soviético. 

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