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O conceito de autodeterminação ganha protagonismo, na Europa, a partir da década de 1860, foi consolidado por Woodrow Wilson em 1918 e mais tarde cristalizado na Carta das Nações Unidas.
Este princípio, definido por Wilson enquanto “os povos só podem agora ser dominados e governados pelo seu próprio consentimento”, foi a pedra angular que presidiu, pelo menos moralmente, ao processo de descolonização das potencias Europeias por esse mundo fora e suportou reivindicações de independência de muitos novos Estados desde o fim da primeira grande guerra. É, ainda hoje, um pilar fundamental do direito internacional.
Aparentemente um princípio á priori simples e adequado é de uma enorme complexidade filosófica e de difícil aplicação pratica. O conflito israelo-árabe é um, de muitos conflitos que orbitam á volta deste princípio, origem de soluções felizes, outras menos felizes, outras ainda não resolvidas e muitas ainda embrionarias.
O conceito tem muito de Eurocêntrico, um continente com uma tradição de organização de Estados e nações antigas e consolidadas. Não é por isso surpreendente que os frutos da sua implementação, no desmembramento de Imperios Europeus multinacionais, tenha apresentado resultados razoavelmente bons. Noutros continentes, em especial no Médio Oriente e em África, onde a organização social tradicionalmente prescindiu do Estado e se baseou em unidades sociais com pequenas populações, que ocupavam relativamente pequenos territórios, basicamente tribais, não tenha corrido bem. O pecado original começou nas fronteiras definidas por potencias coloniais que, de uma forma geral, não correspondiam a unidades sociais reconhecidas pelos próprios, mas a própria “transcendência” das noções de povo, de nação, de Estado, de comunidade alargada, têm provavelmente uma responsabilidade mais elevada nos problemas a que se assistem.
O certo é que, com pequenas excepções, nem despontaram democracias, desenvolvimento económico interessante ou até de Estados fortes e plenos. Israel (e a namibia) é o maior contra-exemplo de um destino , para já menos promissor destas regiões para onde os Ocidentais exportaram conceitos alienígenas para outras regiões. As descolonizações, o fim dos mandatos, pelo menos como ocorreram, talvez tenham sido o pior do Imperialismo Europeu (e Americano).
Junto 3 mapas que procuram ilustrar sucessivamente o rendimento, a força (qualidade) do Estado e democracias plenas, de 3 fontes e que parecem validar a “tese” apresentada.
1 – O projeto político de invasão dos Países e Nações europeias, através da “União Europeia”, perpetrado pelos que as sempre quiseram dominar (os franco-alemães, e os italo-romanos), reabriu a antiga divisão entre «Portucalenses-Galegos» e «Lusitanos».
2 – Perdida a força dos «Estados» («Países»), as Identidades têm tendência a regressarem ao que eram antes. É uma lição que a História ensina desde sempre.
3 – Os atuais conflitos na Ucrânia e na Palestina, se provocarem a implosão da “União Europeia”, assistiremos a uma reconfiguração das fronteiras tal como aconteceu após as ditas “Grandes Guerras” (1915-18, 1939-45). O clamor dessa destruturação identitária já ocorre em muitos países europeus com movimentos de autonomia e independência.
1 – “Autodeterminação” é apenas um «nome» (palavra), cuja «coisa nomeada» é muito mais antiga do que o séc. XIX europeu.
2 – Era o mesmo de dizer, que a Vida só começou quando os humanos inventaram a palavra “vida”.
3 – “Autodeterminação” ocorre na Natureza quando uma qualquer Espécie consegue sobreviver e adaptar-se enquanto uma nova Espécie. Logo, “autodeterminação” é um modo de designar o processo natural (biológico e evolutivo) de “Especiação”.
4 – A palavra muda, mas a «coisa que nomeia» é igual e muito anterior ao aparecimento das sucessivas palavras que a nomeiam.
5 – Paul Ricoeur, descreveu as fases desse processo de “especiação”, no artigo intitulado “Indivíduo e Identidade Pessoal”, em 4 etapas: Individuo (Eu), Individualização (Eu digo que), Identificação (Eu digo a mim-próprio), Imputação (o Eu diz-se a si-próprio).
6 – Logo, o processo de “autodeterminação” está latente em todas as espécies-de-vida, incluindo nos seres-humanos. A sua efectivação é a guerra que ocorre desde o início da Vida. Que se trava permanentemente entre «aqueles que têem o Poder» e «aqueles que o pretendem ter». Entre «aqueles que pertenciam a uma identidade» e «aqueles que desejam ter outra». Não nasceu no séc. XIX na Europa.
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