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Num post anterior falei das reformas feitas por António Costam que existem e são reais (e nem falei das reformas na habitação), dando vários exemplos que resultam sempre no mesmo: maior custo para os contribuintes, menor retorno para as pessoas comuns.
Naturalmente, usei um dos exemplos mais evidentes, o dos contratos de associação com escolas, um modelo que a lei limitava excessivamente - na lei, não era uma política de colaboração entre privados e Estado, era uma excepção que o Estado concedia aos privados em zonas em que o Estado ainda não conseguia providenciar o serviço -, mas cujos resultados práticos eram conhecidos: menor custo por aluno, pais e alunos mais satisfeitos com o serviço prestado.
Sem surpresa, apareceram os comentários do costume: "Pura e simplesmente acabaram com a mama para muita gente.".
Aparentemente, não é preciso explicar que mama é esta (receber menos dinheiro que os agentes do Estado para prestar um serviço melhor), que muita gente é esta e basta invocar um ou outro caso de uso indevido do mecanismo para se considerar que nem vale a pena discutir os resultados concretos: menos dinheiro dos contribuintes para garantir um melhor serviço essencial para as pessoas comuns.
Note-se que se o critério de acabar com um mecanismo qualquer pela descoberta de usos indevidos fosse levado à letra, seria preciso acabar com o governo no momento em que um primeiro-ministro fosse apanhado a "mercadejar o cargo", ou acabar com as escolas do Estado de cada vez que se verificava um abuso da parque escolar ou de professores ou de direcções de escolas.
Mas não, se um privado for apanhado a abusar de um mecanismo existente, o mecanismo de colaboração entre privados e Estado deve ser eliminado, mas se agentes do Estado forem apanhados em abusos semelhantes, enfim, é normal, é da natureza das coisas, não põe em causa a necessidade de garantir a apropriação colectiva dos meios de produção.
Depois dos últimos quase trinta anos de governo (com algumas interrupções para pôr a casa em ordem mínima), que deram origem ao pântano de Guterres, à forma como o PS se comportou no processo Casa Pia, ao processo Marquês, a isto que agora está a andar, à perda relativa de posições no ranking de desenvolvimento económico na União Europeia, à frustração das expectativas das pessoas, ao acentuar da clivagem social com os mais pobres com cada vez maior dificuldade no acesso aos serviços e bens essenciais, em especial saúde, educação e habitação (que no que diz respeito à alimentação a rede social, quer do Estado, quer privada, ainda vai dando resposta, embora com uma progressiva dificuldade), ao alargamento social dos grupos com dificuldades de acesso a vários bens e serviços típicos das sociedades modernas ocidentais, o normal seria o PS estar ao nível de votação de um PASOK ou do Partido Socialista francês, mas não, basta agitar o fantasma de acabar a mama a muita gente, para que o PS mantenha uma relevância eleitoral como a que tem.
Não tenhamos dúvidas, é no eleitorado a quem a mama dos outros (sempre definida por cada um desses eleitores que, apesar de achar que os outros têm uma mama fantástica não se atrevem a, eles próprios, investirem no mesmo negócio que os tornaria ricos) é o alfa e ómega da decisão no momento do voto que o PS tem o seu seguro de vida.
O PS ocupou eficazmente um nicho de mercado eleitoral que costuma ser relativamente residual e localizado nos extremos, o mercado do ressentimento social.
Daí o seu permanente confronto com o Chega: são partidos que disputam o mesmo eleitorado do ressentimento social e é fundamental, para o PS, marcar a diferença entre o ressentimento social do bem, que o PS representa, e o ressentimento social dos deploráveis, que o Chega representa.
“maior custo para os contribuintes, menor retorno para as pessoas comuns” ?!
Afirmar isto é, não apenas, dizer uma mentira descarada. Mas também é a causa das votações no PS.
É contribuir para perpetuar aquilo, a que raivosamente, se pretende pôr fim.
Afirmações como estas são incapacidade para discernir a realidade, e construir uma alternativa.
São mentiras destas que são a causa das votações no PS.
As “pessoas comuns” ganham pouco mais do que o salário mínimo, ou pensões abaixo do salário mínimo. São a grande maioria da população portuguesa.
Vivem em condições miseráveis nos subúrbios das cidades. A esses 300 ou 400 euros líquidos, o PS tirou-lhes uma despesa com os transportes que representava mais de 20% do seu rendimento.
O PSD, com o Passos Coelho, tirou às “pessoas comuns” o pouco que tinham, com o pretexto de que lhes ia melhorar a vida. Essa mentira custará ao PSD muitos anos de afastamento do poder. Foi por causa disso que à «direita» do PSD surgiram mais de 600.000 votos no Chega e IL.
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