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O realce dado pela investigação do Observador a abusos sexuais ocorridos na Igreja Católica em Portugal, provoca em mim, como católico, uma inusitada revolta: talvez por terem acontecido mais perto da minha porta, cada novo capítulo publicado foi como uma nova sessão de tortura que não consigo evitar enfrentar. Mas a dor que sinto não pode toldar-me o raciocínio – aquilo que está em questão não é o mensageiro que, com mais ou menos competência fez o seu trabalho, mas a mensagem. E a mensagem é uma aberração. A minha vergonha e repulsa são inteiramente devotadas ao pseudo-sacerdote que trai de forma escandalosa e cobarde os seus votos, usando-se da preponderância outorgada pela sua função de serviço à Igreja de Pedro para praticar as suas obscuras perversões carnais sobre seres vulneráveis - podia ser o meu filho, podia ser o seu filho. Apesar de saber que a corrupção é impossível de erradicar do ser humano, deposito grandes espectativas na reunião convocada pelo Papa Francisco para o Vaticano de 21 a 24 de Fevereiro para o debate deste problema com os bispos de todo o mundo, que dela saiam medidas de profilaxia e procedimentos para uma rápida expulsão e denúncia dos elementos prevaricadores às autoridades civis.
Mas há uma outra injustiça que emerge de todo este pesadelo que me amargura profundamente e que merece de todos, quanto a mim, uma profunda reflexão (e dos crentes também muita oração): refiro-me ao profundo padecimento que tudo isto causa à esmagadora maioria do clero, gente de infinita generosidade e incansável entrega ao exigente exercício da mensagem de Cristo, que lideram paróquias recondidas, ensinam nas escolas, dão apoio espiritual e material aos mais pobres e aflitos, e que na nossa cultura, cada vez mais anticlerical, sofrem com a estigmatização e preconceito de quem, mais ou menos inocentemente, confunde a árvore com a floresta. É essa grande maioria de homens (e mulheres) de Deus, às vezes em missão nos mais inóspitos cenários, que devemos saber acarinhar e proteger daqueles traidores que tanto nos envergonham, e de quem também são vítimas - os nossos padres (e freiras).
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