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As meninas a jogar à bola

por João Távora, em 27.07.23

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Já tinha reparado na intensa campanha publicitária da Federação e dos patrocinadores a promover a equipa portuguesa feminina de futebol, que pela primeira vez participa num Campeonato do Mundo, desta feita a decorrer por estes dias na Austrália e na Nova Zelândia. A campanha até me pareceu positiva, as jogadoras são giras, e principalmente agradou-me que se designassem a si próprias como meninas, que o “género” não é coisa tão líquida quanto se pretende afirmar. Tem piada aquela imagem do festejo da jogadora com a bola metida dentro da camisola a imitar o gesto dos homens no estádio a dedicar o golo à sua companheira pressupostamente grávida… de uma “menina”.

Calhou-me esta manhã ver os últimos vinte minutos do jogo entre as selecções do Vietname e de Portugal. Ora, como eu já calculava, com base nas experiências anteriores nos campeonatos domésticos (onde que o futebol feminino do Sporting dá cartas), o espectáculo futebolístico em si, despido de qualquer lente paternalista ou condescendência, é confrangedor, tecnicamente muito pobre. Descontando o problema da lentidão, (o tempo que demora uma (rara) jogada que vá de um lado ao outro do campo) a questão está na técnica das atletas. Os falhanços são muitos e por vezes infantis. Foi aflitivo o número de golos feitos com origem em jogadas atabalhoadas que não foram concretizados pela selecção portuguesa por pura aselhice. Diga-se que as nossas meninas encostaram literalmente a selecção vietnamita às cordas, num jogo de um só sentido.

Ouvi dizer que se reclama por aí a igualdade de remuneração dos direitos televisivos e consequentemente às jogadoras profissionais, minimamente parecido com o capital investido no futebol masculino. Ora isso parece-me impossível enquanto a modalidade não atrair o correspondente número de adeptos e não gerar um número considerável de atletas fora de série que tornem o jogo emocionante e atractivo. Como apreciador pagante de futebol, acredito que a modalidade feminina possa evoluir ainda bastante, mas não sei se a equiparação será algum dia possível, dadas as características físicas das meninas. Talvez se forem reduzidos o tempo e o tamanho do recinto de jogo se proporcione mais rapidez ao futebol feminino, mas duvido que algum dia ele possa ombrear com o masculino em termos de espectacularidade.

Que ainda há muito que fazer quanto ao direito das mulheres à absoluta igualdade de direitos e dignidade não existem quaisquer dúvidas. Mas que seja no respeito pelas suas diferenças intrínsecas, como aquelas que obrigam uma equipa hospitalar numa mesa de operações saber se o paciente é do sexo masculino ou feminino, para não o matar com a dose errada de anestesia ou de outro fármaco. De resto não percebo este fanatismo pela “igualdade” a todo o custo entre homens e mulheres. Aprecio muito a diferença entre nós. E sou levado a concordar com o Henrique Pereira dos Santos quando há dias afirmava que a “igualdade não é as jogadoras de futebol ganharem o mesmo que os jogadores de futebol, igualdade é não haver campeonatos femininos e masculinos e jogarem todos no mesmo campeonato.” Desde que a essas jogadoras não comece a crescer barba, digo eu.


8 comentários

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De Zé raiano a 28.07.2023 às 09:22

Rebola, Bola

Astrud Gilberto (https://www.vagalume.com.br/astrud-gilberto/)


Ô, meu amigo, o negócio é o seguinte
Meu amigo, meu amigo, dezenove não é vinte
Fique sabendo que você não me engana,
Com esse jeito de bacana,
Com esse jeito de bacana,
Com esse jeito de bacana,
Na bola você não dá
você não dá, você não dá, você não dá,
Com esse jeito de bacana,
Na bola você não dá,
você não dá,
você não dá

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