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Circulam insistentemente umas imagens de ilhas não ardidas no meio de áreas ardidas.
De maneira geral a sua descrição mediática e os títulos a que se lhes referem têm pouca relação com o que de facto se vê, servindo antes a moda do momento: dizer que há umas árvores que ardem, e outras que não ardem.
Um dos mais graves problemas da gestão do fogo em Portugal é mesmo o desconhecimento sobre o assunto.
Há muito boa investigação sobre a matéria (de primeiro nível internacional) mas há um problema gravíssimo de transformação desse conhecimento em acção no terreno (ilustrada pela imortal frase do actual Secretário de Estado da Administração Interna: "o fogo é imprevisível, o que há é uns académicos que têm umas teorias sobre isso") e há um evidente desfasamento entre a informação científica consolidada e o que o senso comum diz sobre o fogo.
Não é nada que seja especificamente português (José Miguel Cardoso Pereira cita com frequência um estudo espanhol que evidencia o desfasamento entre as causas de fogo avaliadas por investigação concreta, e as causas de fogo atribuídas pela sociedade) mas em Portugal este desfasamento é muito marcado.
Também por essa razão, e porque gostamos de aprender, uma associação de conservação da natureza de que faço parte lançou, no ano passado, um programa de passeios na zona do grande fogo de Arouca/ São Pedro do Sul, com o objectivo de se discutir no concreto o que sucedeu e o que iria acontecer após fogo.
Hélia e Elisabete Marchante (neste caso mais sobre o efeito do fogo na expansão de espécies invasoras), Manuel Rainha, Paulo Fernandes, António Salgueiro foram alguns dos guias que já tivemos e, lá pelo Outono vamos continuar, pelo menos com José Miguel Cardos Pereira e Henk Feith.
A ideia central da associação era contrariar ideias sobre o fogo que existem no ar e ajudar a compreender melhor as raízes e as opções de gestão do problema de que dispomos.
Do ponto de vista da associação os passeios têm sido muito úteis, mas não gostaria de deixar de notar que alguns agentes locais fizeram questão de se distanciar da iniciativa ("não queremos ser associados ao fogo, já basta o que o concelho perde turisticamente, o nosso objectivo é fazer esquecer o fogo o mais rapidamente possível") e vários orgãos de comunicação social que convidámos para ir acompanhando os passeios, ou ao menos para disponibilizarem espaço para os quais produziríamos conteúdos a partir dos passeios, não mostraram o mínimo interesse.
É por isso normal que o pós fogo tenha as suas modas, criadas por uma espécie de pensamento mágico que nega a informação produzida num contexto científico ("... os académicos das principais faculdades fortemente subsidiadas pelo sector — Instituto Superior de Agronomia e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro — assim como outros avençados...", João Camargo dixit, para justificar o desfasamento entre o que diz e o que diz a investigação), umas vezes incendiários, outras vezes as terras sem dono, outras vezes o eucalipto e, este ano, também as ilhas não ardidas e as árvores bombeiras.
Como qualquer moda daqui não vem mal ao mundo: incha, desincha e passa.
A única questão relevante é que há pessoas que acreditam neste pensamento mágico e se convencem de que por plantar uns carvalhos e uns castanheiros à volta de casa passam a estar seguros sem precisar de gerir de facto o espaço envolvente e, sobretudo, a carga combustível e os combustíveis finos.
A falsa sensação de segurança em situações de risco potencia o risco real, por isso seria bom que os propagadores destas mezinhas tivessem consciência de que de boas intenções está o inferno cheio.
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