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Nas primeiras páginas do seu artigo, o Sr. Louçã reconhece o extraordinário relevo das contribuições de Thomas Paine e John Stuart Mill, no combate à tirania e os seus contributos relevantes para o sufrágio universal. Que culminaram, em 1918, no Reino Unido, com o direito de voto ( não universal) ás mulheres, na vigência de um governo liberal. Reconhece, igualmente, que durante o mandato do Partido Liberal, no Reino Unido, “Era, mais uma vez, um liberalismo pragmático, que criou as ideias fundadoras de um seguro de saúde e desemprego, das pensões de velhice e de impostos progressivos, enquanto defendia o comércio livre, a redução do poder do rei e da Igreja oficial e o reforço do parlamento, mas sobretudo o império”. Já depois, parece claro para o Sr. Louçã que, para além dos "liberais pragmáticos", o liberalismo poderá ser um covil de conservadores pouco recomendáveis ou até de perigosos fascistas.
Para tanto, basta um passe de mágica. Não discutir o liberalismo, mas supostos regimes liberais, que não o foram. Para logo julgar e condenar o liberalismo, estabelecendo ( independentemente dos mais que duvidosos méritos das suas criticas e conclusões) que os regimes liberais, não funcionam, nem estão de acordo com os seus princípios. O que parece a real descrição dos regimes comunistas.
É verdade que, a partir de Locke, as liberdades e direitos individuais, passaram a ser consagradas, em diferentes graus, em todas as constituições, até em regimes fascistas e comunistas. O que levou a que, desde que democráticos, se fale dos regimes e das democracias liberais do Ocidente. O que também não é menos verdade, é que as ideias “opostas” de Rousseau, o primado da sociedade sobre o individuo, das maiorias sobre as minorias, ainda hoje, impedem a quase totalidade dos regimes, de um verdadeiro cunho liberal, que Louçã pretende que tenham tido.
Enquanto força política organizada, os liberais na Europa, no Seculo XIX, nunca obtiveram grande sucesso. Repudiados por conservadores nos costumes, combatidos pela esquerda e direita, na sua proposta de um Estado minimamente intrusivo nas liberdades individuais, agredidos pela esquerda radical, por um modelo económico que parecem não compreender. São por isso raros os momentos em que os liberais ascenderam ao poder político.
Só podemos falar de um regime tendencialmente liberal nos EUA, com uma constituição e práticas liberais, princípios fundamentais partilhados por republicanos e democratas, apesar de constantes de debates, entre eles, e dentro de cada um desses partidos, quanto à sua extensão e pratica.
Na Europa, com excepção do breve período de ouro do partido liberal Inglês ( que elogia) parece um claro exagero falar de regimes que representem o liberalismo.
Olhando para o titulo do artigo, “a traição dos liberais” e comparando-o com as criticas a regimes liberais que traíram as ideias liberais ( que não tinham), é descabido imaginar uma tentativa deliberada de manipulação da verdade por parte de Louçã ?
Outra “técnica”, pouco simpática, mas amplamente usada no seu artigo, é focar em acções isoladas de indivíduos, procurando associar esses comportamentos, a uma pratica recorrente ou a uma tese de toda uma filosofia política a que esse individuo possa estar ligado.
Um exemplo desta técnica, é quando denuncia a oposição, de John Adams, ao sufrágio feminino. Omitindo que John Adams não é de todo uma figura central do pensamento liberal. E que se o fosse , apesar de tudo, não o representaria. No século XVIII, o voto feminino era uma ideia tão válida, quanto revolucionaria. O anacronismo da sua acusação a John Adams, compreende-se melhor, quando Louçã admite que Rousseau, um ícone da esquerda por direito próprio, também era machista. Espantoso é só mesmo a consciência precoce , por parte dos liberais, do absurdo e tirania de mulheres não terem direito de voto.
Outro exemplo, é quando associa o apoio pessoal de Vilfredo Pareto ao fascismo, procurando sugerir ser o endosso do liberalismo ao fascismo. As suas acusações a outros 3 distintos liberais ( Hayek, Milton Friedman e Buchanan) são mais desesperadas, e entram noutro capitulo de maldades.
Mas toda a trama política é um aperitivo ofuscado com o delírio demonstrado no campo económico. O mais importante e suculento tema de todo este denso artigo.
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