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Em entrevista ao Público de hoje, Jerónimo de Sousa volta a afirmar o velho nacionalismo do PCP e, de resto, da generalidade da esquerda. Enquanto o BE divide os despojos de futuros ministérios, ainda não votados (mas isso que interessa? para aqueles lados, a democracia burguesa é apenas um pormenor, já se sabe), o PCP marca terreno e distância para previsíveis negociações de uma nova geringonça. É uma das razões pelas quais tão cedo não nos veremos livres do pessoal da Soeiro Pereira Gomes, apesar de todas as profecias de social-democratização. O que talvez nem seja assim tão mau. Prefiro o voto de protesto no punho fechado de um contínuo façanhudo do que nos devaneios dos filhos da burguesia que fumam umas ganzas no recreio.
Seja como for, diz o camarada Jerónimo que a culpa do "desenvolvimento das forças xenófobas e racistas" é do "mandonismo da União Europeia" (a fórmula é um pouco proletária, mas percebe-se a ideia). E porquê? Porque, e aqui vem a pièce de resistance, "mal ou bem, as pessoas assumem como questão fundamental poder decidir da vida e do futuro do seu país. e se a União Europeia é um obstáculo a isso - e é - surge como reflexo a resposta inquietante desses movimentos, que capitalizam para si a defesa da soberania e do desenvolvimento económico e social. A melhor resposta que se pode dar a essas forças é a garantia e a afirmação da nossa soberania nacional, não no quadro isolacionista, que não defendemos."
Para um comunista, não dá para fugir à velha suspeita de que o adversário está sempre a capitalizar. Mas não é isso que interesa. O que interessa é a reafirmação da "soberania nacional", mesmo rejeitando o "isolacionismo", o que significa, na prática, que o PCP aceita as imposições orçamentais de Bruxelas, uma condição primária para apoiar uma possível maioria parlamentar liderada pelo PS. Geringonça oblige. Ou, por outras palavras, temos Governo PS com o apoio do PCP, dentro ou fora. O BE que se cuide.
Já agora, e deixo isto para outro post, convinha ter um bocadinho de cuidado quando se acusa o nacionalismo de todos os males presentes. O camarada Jerónimo deixa bem claro, nos termos supracitados, que há um nacionalismo de esquerda, como há de direita. Maduro não é menos nacionalista que Trump ou Bolsonaro. Mélenchon não é menos nacionalista que Le Pen. Corbyn não é menos nacionalista que Boris Johnson. E, por supuesto, os separatismos catalão ou escocês não são menos nacionalistas que a Liga italiana. A próxima batalha das democracias liberais não será entre fascistas e anjos, mas entre o nacionalismo certo e o errado. E sabem que mais? O PCP, que não defende o "isolacionismo", Deus os abençoe, é bem capaz de vir a dar uma mãozinha.
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