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Por esta altura já toda a gente terá sabido que Catarina Martins, naquela sua forma de largar torrentes de palavras tenuemente ligadas por uns restos de lógica formal, disse que haver evaporação nas barragens era um grande problema que estaria a fazer o país perder água (de caminho sugeriu a naturalização dos rios para resolver o problema, provavelmente sem se lembrar da tremenda evapotranspiração das superfícies cobertas de plantas).
Quem viu a declaração deve ter visto que Catarina Martins, ela própria, no momento, percebeu que disse qualquer coisa estranha e devo dizer que não me faz confusão nenhuma que alguém tenha um deslize monumental em qualquer altura. Pode-se brincar com assunto, tenho visto umas boas piadas e muito mais más piadas sobre o assunto, e em condições normais não passaria disto, um assunto sem grande assunto.
O que acho deprimente é a quantidade de amigos de Catarina que em vez de se limitarem a encolher os ombros, rir-se, dizer que realmente foi um grande disparate, mas pode acontecer a qualquer um, se desdobraram a tentar demonstrar que Catarina tinha razão, é verdade sim senhora que há evaporação nas barragens e há até abundante literatura científica sobre o assunto, o que demonstra que é um assunto relevante.
Claro que é um assunto relevante do ponto de vista da gestão das barragens e da avaliação do seu potencial uso (a água que se evapora a partir da albufeira, por definição, não pode ser usada para os fins que justificaram a barragem), mas simplesmente não foi nada disso que Catarina disse, o que disse é que isso é um problema porque faz o país perder água, o que não aconteceria sem as barragens e, isso sim, é uma tolice.
Ora, na verdade, o que estes amigos de Catarina são é uns grandes amigos de Peniche, os que forem verdadeiramente amigos dela não tentam defender o indefensável com argumentos entre o pueril e o desonesto, os que forem verdadeiramente amigos dela irão ter com ela, rir-se, dar-lhe umas palmadas nas costas, dizer-lhe que realmente é chato quando se diz um disparate destes para largas audiências, mas o melhor é esquecer o assunto e vamos lá beber um copo, como a outra senhora que dizia frequentemente ao marido que, sendo impossível deixar de fazer tantas gafes, pelo menos não as tentasse corrigir.
E nada disto teria a menor importância se não fosse o facto de este comportamento de fidelidade canina estar tão entranhadamente presente na esquerda actual: o que quer que seja o que seja dito pelos nossos, é preciso defender o que foi dito, não porque seja verdade ou mentira, certo ou errado, mas porque é dito pelos nossos.
Não admira por isso que a esquerda vá governando cada vez pior, porque lhe vai faltando a lucidez e o rigor da crítica interna: aparentemente, talvez com razão, esta esquerda acha que, para este eleitorado, bacalhau basta.
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