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Artur Baptista da Silva, o padroeiro da imprensa portuguesa

por henrique pereira dos santos, em 14.05.25

Em 2012, no auge da sanha da imprensa contra Passos Coelho, entra em cena Artur Baptista da Silva, apresentado pelo Expresso e por tutti quanti na imprensa portuguesa como um economista, professor numa universidade americana (que não existia), consultor das Nações Unidas (a credibilidade das Nações Unidas é tal que ninguém estranha que tenha consultores daquele calibre), do Banco Mundial e coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ver comentário anterior sobre a credibilidade das Nações Unidas), que a imprensa acolheu efusivamente dando-lhe palco para falar de "um relatório inexistente sobre Portugal elaborado também pelo inexistente Observatório Económico e Social das Nações Unidas para a Europa do Sul." (não há como a wikipedia para fazer sínteses).

O então director adjunto do Expresso, Nicolau Santos, reconheceu ter sido embarretado.

O facto de um jornalista ser embarretado por um burlão, com um longo cadastro criminal, não terá tido grande influência negativa na carreira do jornalista, que foi depois presidente da LUSA e da RTP, numa demonstração de como a responsabilização pelos erros cometidos é levada mesmo a sério, no jornalismo.

Note-se que, o mais provável é que Nicolau Santos não quisesse "embarretar" os seus leitores, ele simplesmente foi vítima de uma característica da natureza humana (o viés de confirmação) por não ter cumprido regras básicas do jornalismo.

Há regras básicas da actividade jornalística que existem exactamente para limitar os problemas criados pela natureza humana, em que se inclui o viés de confirmação, ou a tendência que todos temos de acrescentar um ponto ao que contamos, sobretudo quando sabemos que a identidade de quem acrescenta o ponto não é revelada.

É por causa dessas características da natureza humana que a confirmação dos factos e a identificação das fontes (com excepção das situações em que a revelação da identidade da fonte a pode pôr em risco real) são coisas sagradas para se poder fazer jornalismo sério.

A generalidade da imprensa em Portutal está-se completamente nas tintas para estas regras e vou dar o exemplo do editorial do Público de ontem sobre a Spinumviva, história que a imprensa quer, à viva força, trazer para a campanha.

Como a imprensa investiu muito neste história e, afinal, aquilo é uma mão cheia de nada, passaram a explicar que não se passa nada, legalmente, mas há uma questão ética qualquer que, de maneira geral, quem escreve não se dá ao trabalho de explicar qual seja (um dos títulos de primeira página do Correio da Manhã de hoje, e que o Expresso imediatamente reflecte, criando uma situação "suficientemente estranha para dar títulos de online" (a justificação de David Pontes para dar importância a uma resposta sem qualquer relevância, de Montenegro), é o de que a sede da Spinumvia continua a ser a casa de Montenegro).

Na boa escola da promoção de Artur Baptista da Silva, que domina a imprensa, David Pontes diz, mais uma vez, que "Há certamente interrogações sobre o facto de o primeiro-ministro ... ter passado de uma empresa que se destinava a gerir património agrícola familiar para uma empresa dedicada à aplicação do RGPD e acabar na consultadoria empresarial", quando as únicas interrogações relevantes se prendem com a repetição desta mentira, inegavelmente mentira, que se pode verificar facilmente ser mentira.

David Pontes, para além deste evidente viés de confirmação que o faz acreditar no que escreveu, que é manifestamente falso, chega ao ponto de falar "de um político achar que pode manter uma actividade paralela, mesmo de forma indirecta", sem explicar aos seus leitores o que é uma actividade indirecta de alguém.

Não me parece que haja esperança enquanto for esta gente, que na verdade tem Artur Baptista da Silva como padroeiro, a dominar a imprensa.

Por muito que a imprensa seja central numa democracia, há que não ter medo de deixar o capitalismo exercer na imprensa a "destruição criativa" que o caracteriza.


12 comentários

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De Beirão a 15.05.2025 às 10:48

Na generalidade, a comunicação social abrilina é uma vergonha. As palas ideológicas tolda-lhe o cérebro e a visão, apenas tendo olhos para a esquerda e esquerda radical. O ódio ao Chega e a Ventura chega a atingir as raias da estupidez e do ridículo.





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De lucklucky a 15.05.2025 às 20:30

As coisas pioraram por causa das escolas de jornalismo que fazem logo a peneira para serem assim e os formata numa monocultura que os vai destruir. A cultura do jornalismo atrae também logo um tipo de pessoas-sendo uma profissão idal para a propaganda- que quer "mudar o mundo" como muitos gostam de dizer sem sequer terem vergonha e alguns sequer perceberem como isso não é jornalismo. Se queres mudar o mundo vai para a politica, escreve um livro ou desenvolve tecnologia.


Nos anos 80 os jornlistas a maior parte  eram de esquerda obviamente, mas eram pessoas que tinham histórias diferentes. Nunca uma operação de propaganda como a Greta por exemplo passaria como cópia com todos a dizerem a mesma coisa.
Ou a religiosidade com o Obama em que a pressão social no jornalismo foi tal que só se podia dizer sim.
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De Carneiro a 16.05.2025 às 22:58

Eis uma amostra perfeita desse modelo de jornalismo. Pedro Tadeu editor do finado 24horas:
Se não estivesse no "24 Horas" seria leitor do jornal?

Não.

Porquê?

Sou um privilegiado. Faço parte de uma elite e tenho uma cultura acima da média. Não tenho os mesmos interesses de grande parte dos leitores do "24 Horas".  Mas faço um jornal para as pessoas, não para mim.“

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