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Ouvi há um bocado, no rádio, o Luís Aguiar Conraria a usar a expressão do título para falar dos demagogos que andaram a alimentar a histeria contra a hipótese de que as gasolineiras teriam metido ao bolso a baixa de impostos sobre combustíveis (histeria essa alimentada pelo Governo mas sem ponta por onde se lhe pegue).
Provavelmente dei mais atenção à expressão por ter lido o artigo de Carmo Afonso, no Público de hoje, teorizando sobre o efeito de boomerang que as críticas ao PC por causa da Ucrânia poderão provocar, fortalecendo o PC (questão de grande relevância nacional, anda mais de 90% do país sem dormir, com a preocupação de saber se o PC está a desaparecer ou se vai se ter um novo alento em reacção ao anti-comunismo primário que ressuma dessas críticas).
O artigo de Carmo Afonso é um artigo muito divertido - eu sempre tive um carinho especial por crónicas de realidades alternativas, desde que não pretendam sê-lo - e está dentro do que se pode esperar vindo de quem vem.
Apesar de bastante frívola, a questão que me interessa é esta: por que raio contratou o Público umas pessoas (não, não é só Carmo Afonso, Cristina Roldão é outro exemplo e não são as únicas) para escrever crónicas cujas características principais se podem resumir no seguinte:
1) a realidade é uma irrelevância;
2) as palavras e os conceitos usados são sobretudo identificadores de grupos sociais moralmente superiores ("Devo criticar uma pessoa racializada em frente a alguém racista?");
3) não existem leitores, escreve-se essencialmente para levar o rebanho ao curral, e não para contribuir para que todos nós possamos fazer juízos mais informados sobre o que nos rodeia.
Destas características parece resultar muito pouco valor para o jornal, na medida em que resulta em textos frequentemente pueris, frequentemente sobre assuntos que interessam a muito pouca gente, tratados de forma intelectualmente indigente, ou seja, com muito pouca capacidade de levar alguém a pagar pelo jornal.
Poder-se-ia argumentar que o jornal procura a diversidade e por isso está interessado em que nas suas páginas exista opinião com uma grande diversidade, incluindo tolices com as quais o leitor mediano facilmente se identifica, independentemente de serem asneiras monumentais ("O preço dos combustíveis é um bom exemplo. Diziam que o problema era a carga fiscal. A carga fiscal foi substancialmente reduzida e claro que o problema persiste. A verdade é que os lucros das petrolíferas se apresentam exorbitantes e são a explicação cabal para o aumento dos preços a que assistimos").
A verdade é que o jornal nunca procurou ter, nas suas páginas, representação de opinião liberal, de opinião nacionalista, de opinião populista de direita, de opinião monárquica, etc..
A questão do valor para o jornal é secundária: o jornal vive da caridade da família Azevedo e por isso é-lhe indiferente o respeito pelos leitores e a criação de valor associada.
O jornal, como a generalidade dos jornalistas em Portugal (talvez a classe profissional mais corporativa que conheço, e o campeonato é muito competitivo em Portugal) são mesmo anti-capitalistas primários - basta ver a forma como noticiaram o aumento de 500% dos lucros da GALP, que não tem nenhuma relação com a sua operação de distribuição em Portugal e muito menos com o preço dos combustíveis nas bombas de gasolina portuguesas - e fazem questão de marcar muito bem essa fronteira.
Uma das maneiras é criarem um desequilíbrio manifesto na opinião que publicam, não se importando de contratar cronistas medíocres, desde que seja a mediocridade do bem, que evidentemente inclui o anti-capitalismo primário.
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