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Ontem, um conhecido comunista, Pedro Tadeu, escreveu uma coluna no DN em que basicamente aproveitou para desancar os EUA, o que em si não é novidade: as esquerdas mais radicais sempre detestaram os EUA e tudo o que representa. Não admira. Se a economia de mercado não funcionasse tão bem, ainda estaríamos no tempo da gloriosa União Soviética.
O anti-americanismo não é um exclusivo das “esquerdas”, é um sentimento que varre a maior parte da populações, independentemente das suas opções políticas.
Será caso para dizer que, se a maioria das opiniões corresponder à verdade, então os EUA são, sem duvida, um primo mais ou menos afastado do Diabo.
Se olharmos para a História, desde independência Americana, em 1776 até ao principio do século XX, há mesmo razões para considerar que os EUA se portaram, aos olhos de hoje, ao nível dos piores. Escravatura, genocídio dos indígenas americanos e o roubo das suas terras, invasão e conquista de imensos territórios do México (Texas, Novo México, Califórnia), imperialismos, como a doutrina Monroe ou as Filipinas ou a guerra Hispano-americana e a guerra civil que, observada à distancia, parece ser uma severa infracção à autodeterminação dos povos, na realidade, mais uma guerra de conquista fratricida, não muito diferente da actual Invasão da Ucrânia pela Rússia.
Dito isto, também é importante lembrar que, na Europa, só não falamos todos alemão, ou russo, graças aos Americanos. Da minha parte, só por isso, merecem o meu enorme agradecimento.
É verdade que os EUA protegem os seus interesses, como tantos, com tanta razão, afirmam, pelo menos desde Woodrow Wilson. Não entendo a surpresa, num mundo em que, há séculos, não se espera que Estados ( para não dizer indivíduos), sejam na sua essência altruístas.
É verdade que para os Europeus, desde o cancelamento da conquista do canal do Suez por Ingleses e Franceses, não se pode disfarçar a humilhação das outrora orgulhosas potências, que se apercebem que há um poder maior para além do seu. O que também não agrada ás outras nações e particularmente à Rússia e à China. Ninguém gosta de saber que não tem liberdade total, mesmo que contrariada por um poder maior relativamente benigno.
É verdade que se envolveram em guerras e outras maldades, algumas das quais profundamente estúpidas, como a segunda invasão do Iraque, ou que fracassaram num banho de sangue, como aconteceu no Vietnam. Já alguns, como os Sul Coreanos , muito podem agradecer aos Americanos, já que o seu combate ao comunismo ( por interesse próprio) lhes permitiu uma vida melhor. Todos os que beneficiaram da luta contra o comunismo, e foram muitos, em todos os continentes, deveriam ter um nível de apreço, que não sinto, mesmo que a sua fortuna tenha sido uma coincidência e de confluência de interesses com os EUA.
É verdade que os EUA estão longe de serem perfeitos quer na sua, por vezes desastrada actuação internacional, quer até no seu próprio modelo social. Continua, apesar de tudo, a ser o único país que tem uma lotaria de nacionalidade, como forma de permitir a uma multidão de candidatos a emigrar para os EUA, o poderem fazer legalmente, sinal que não será o pior dos mundos.
Acresce que nunca, um tão grande poder económico e militar foi tão contido, ( com eventual excepção da China imperial, há séculos) no aproveitamento da sua força, face á desproporcionada fraqueza da grande maioria dos outros países.
Entristece-me, isso sim, que outros, como os Europeus, não assumam nem as responsabilidades, nem os compromissos, nem os custos, para não precisarem de continuar a estar gratos aos Estados Unidos, preferindo a sua submissão clandestina e os seus protestos meio surdos, muito mais baratos e confortáveis.
A todos os antiamericanos, convido a criar as condições para serem realmente livres, independentes, iguais e não piores do que os EUA. Porque, na verdade, estão sobretudo a protestar consigo mesmos.
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