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A crónica de Ana Sá Lopes hoje, no Público, é a versão civilizada dos cartazes do Chega que comparam Sócrates e Montenegro.
É uma crónica muito interessante, não pela ilustração da forma ínvia como o jornalismo e a esquerda (peço desculpa pelo pleonasmo) pretendem forçar o paralelismo entre as acções de Sócrates (acusado, pelo sistema de justiça, de mercadejar o cargo de primeiro-ministro) e Montenegro (acusado, por um jornalista, de fazer um parecer jurídico favorável a uma empresa a quem comprou betão para a sua casa), mas sobre o jornalismo.
Por um lado permitiu-me perceber as razões para o Público ter ido entrevistar Miguel Morgado, porque está identificado (com razão) como um dos críticos de Montenegro no PSD, o que evidentemente o torna apetitoso para aparecer no Público (só não fazem o mesmo com Passos Coelho porque, até agora, não conseguiram e, na verdade, não têm a certeza de que Passos estivesse assim tão alinhado com a agenda anti-Montenegro).
Por outro é uma crónica cristalina no retrato que faz do meio jornalístico, quer quando omite todo o trabalho de António Balbino Caldeira, no blog "Do Portugal profundo" sobre a licenciatura de Sócrates para atribuir o mérito da investigação a Ricardo Dias Felner e ao Público, quer, sobretudo, quando diz que o Diário de Notícias (que se esquece de dizer que era um jornal em que tinha grande influência a então namorada de Sócrates) decidiu não pegar no assunto da licenciatura de Sócrates para não andar a chafurdar na lama, mas depois teve de rever essa posição.
Porque a realidade se tinha imposto aos jornalistas do Diário de Notícias? Não, de acordo com a crónica de Ana Sá Lopes, não foi pelos factos serem irrefutáveis, foi porque o Expresso fez uma manchete sobre o assunto.
É uma crónica notável, não no seu esforço de apoiar os métodos do Chega no combate político, dando-lhes algum polimento, mas na involuntária luz intensa sobre os mecanismos de um jornalismo para quem a realidade é uma coisa praticamente irrelevante.
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