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Ana Sá Lopes: a versão civilizada do Chega

por henrique pereira dos santos, em 31.03.25

A crónica de Ana Sá Lopes hoje, no Público, é a versão civilizada dos cartazes do Chega que comparam Sócrates e Montenegro.

É uma crónica muito interessante, não pela ilustração da forma ínvia como o jornalismo e a esquerda (peço desculpa pelo pleonasmo) pretendem forçar o paralelismo entre as acções de Sócrates (acusado, pelo sistema de justiça, de mercadejar o cargo de primeiro-ministro) e Montenegro (acusado, por um jornalista, de fazer um parecer jurídico favorável a uma empresa a quem comprou betão para a sua casa), mas sobre o jornalismo.

Por um lado permitiu-me perceber as razões para o Público ter ido entrevistar Miguel Morgado, porque está identificado (com razão) como um dos críticos de Montenegro no PSD, o que evidentemente o torna apetitoso para aparecer no Público (só não fazem o mesmo com Passos Coelho porque, até agora, não conseguiram e, na verdade, não têm a certeza de que Passos estivesse assim tão alinhado com a agenda anti-Montenegro).

Por outro é uma crónica cristalina no retrato que faz do meio jornalístico, quer quando omite todo o trabalho de António Balbino Caldeira, no blog "Do Portugal profundo" sobre a licenciatura de Sócrates para atribuir o mérito da investigação a Ricardo Dias Felner e ao Público, quer, sobretudo, quando diz que o Diário de Notícias (que se esquece de dizer que era um jornal em que tinha grande influência a então namorada de Sócrates) decidiu não pegar no assunto da licenciatura de Sócrates para não andar a chafurdar na lama, mas depois teve de rever essa posição.

Porque a realidade se tinha imposto aos jornalistas do Diário de Notícias? Não, de acordo com a crónica de Ana Sá Lopes, não foi pelos factos serem irrefutáveis, foi porque o Expresso fez uma manchete sobre o assunto.

É uma crónica notável, não no seu esforço de apoiar os métodos do Chega no combate político, dando-lhes algum polimento, mas na  involuntária luz intensa sobre os mecanismos de um jornalismo para quem a realidade é uma coisa praticamente irrelevante.


6 comentários

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De Manuel a 01.04.2025 às 00:06

A realidade para essa gente é como a  pastilha elástica estica-se como se quer e pode ser de qualquer cor e sabor, desde que sirva para atrair o freguês. Como a qualidade do produto é zero, a freguesia é cada vez menor ou inexistente por isso junta-se o coração(ideologia) com a necessidade de sobrevivência e então toca a criar uma realidade virtual cada vez mais longe do real na esperança de que essa fuga em frente possa levar de novo ao poder, aqueles que sendo na verdade os seus mandantes os hao-de salvar do grande aperto em que vivem. Este círculo vicioso só poderá ter fim quando a lei punir severamente quem levante suspeitas e não as consiga provar quer sejam denuncias feitas por órgãos de comunicação quer sejam feitas por particulares (as denuncias anónimas são para o caixote do lixo).

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