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Ameaça

por henrique pereira dos santos, em 22.12.21

As medidas que se vão tomando aqui e ali para gerir a epidemia deveriam ser proporcionais à ameaça que representa.

Daí que a avaliação da ameaça devesse ser uma questão central da discussão.

Não é isso que se passa: fala-se na quebra de contágios e chega, já ninguém pergunta qual é a vantagem de ter menos contágios, ou melhor, já ninguém quer discutir os riscos associados a ter mais contágios.

Mas devíamos, sobretudo numa doença em que para a generalidade dos contagiados não há, realmente, ameaça nenhuma.

Comecemos então pela chamada de atenção para esta definição num comentário a um post anterior: "A COVID-related death was considered an all-cause death accompanied by a positive RT-PCR test that occurred within 30 days prior".

Olhemos agora para umas contas feitas por Fernando Batista há dias, comparando tempos semelhantes em 2020 e 2021 na curva de evolução da epidemia (que não é o mesmo que comparar dias de calendário iguais entre diferentes anos): "Os óbitos abaixo dos 80+ tem uma queda entre -35% a -40%, Os óbitos acima dos 80+ tem uma queda entre -15% a -20%".

Nas hospitalizações também havia quedas, aliás maiores, entre os dois períodos com incidências semelhantes.

Este é o resultado provável da vacinação, e para o que eu queria chamar a atenção é para as diferenças muito menores da queda da mortalidade acima dos 80 anos, como seria de esperar a partir da definição de mortalidade covid citada acima.

Se continuamos a não expurgar da mortalidade covid a mortalidade que ocorreria em qualquer caso, com ou sem covid, é claro que a ameaça que a doença representa nos parece muito maior do que realmente é.

E tem sido assim o tempo todo: andamos a matar moscas com canhões.

Não estou a negar a existência de uma ameaça colocada por uma doença nova, estou simplesmente a dizer que essa ameaça foi muito empolada e, depois da vacinação, esse empolamento é muito maior porque de facto a ameaça passou a ser menor com a vacinação.

E, no entanto, continuamos a reagir à ameaça como se fosse o ébola, como demonstrou recentemente o director da OMS para a resposta de emergência, que explicitamente se referiu à sua experiência de gestão de surtos de ébola como a matriz a partir da qual pensava a resposta à covid


7 comentários

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De Elvimonte a 24.12.2021 às 03:05


Mesmo assim, como "You can fool some of the people all of the time, and all of the people some of the time, but you can not fool all of the people all of the time" (A. Lincoln) e talvez também em virtude dos números bem mais benignos da variante omicron que vão surgindo, já há quem comece a pensar racionalmente ao nível político. A grande novidade vem da Austrália neste artigo:
https://www.reuters.com/world/asia-pacific/australia-rules-out-lockdowns-despite-omicron-surge-2021-12-21/


Telegraficamente, aquilo que me parece ser a "nova filosofia" australiana e os seus fundamentos:
- impossível parar a omicron com vacinas, necessário eficácia de 100% e 100% de população vacinada sem diminuição de imunidade
- vacinas só geram imunidade contra a proteína S do vírus (o espigão), infecção natural geral imunidade contra todas as proteínas do vírus
- outras variantes virão, não se pode apostar só na proteína S que tem tido grandes mutações, apostar na imunidade cruzada
- vacinas só geram anti-corpos IgM e depois IgG 
- infecção natural gera também anti-corpos IgA, garantindo imunidade das mucosas por onde o vírus entra
-  omicron menos patogénica, doença moderada, hospitalizações mais curtas
- permitir disseminação da omicron até à capacidade dos hospitais
- se a mortalidade subir as pessoas adoptam por elas comportamentos defensivos
- manutenção de vacinas de reforço para idosos e de risco
-  sobre modelos epidemiológicos ler (para fúria dos Antunes, Gomes et al.) 
https://www.dailymail.co.uk/news/article-10333919/Coronavirus-Australia-Australias-Chief-Medical-Officer-hits-doomsday-Omicron-predictions.html

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