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Ao princípio era a expansão exponencial.
Quando se verificou que a expansão exponencial, por definição, não dura muito, era a mortalidade.
Quando se verificou que a mortalidade poderia ter picos, mas de maneira geral ficava dentro dos padrões normais de mortalidade, era a quebra absoluta de cadeias de contágio.
À medida que a ideia de ir à procura do vírus e não dos doentes se revela uma fantasia infantil, são as sequelas.
Quando se verifica que as sequelas não são específicas desta doença, mas resultantes dos estados clínicos por que passaram, e que se verificam em muitas outras doenças, passaram a ser os países dromedários (os tais bons exemplos que agora têm aumentos de testes positivos, às vezes acompanhados de aumentos de mortalidade marginal, situação deste o princípio descrita como possível pela teoria).
Seja o que for, vai sempre haver uma argumentação que a incerteza e o medo trazem para manter a pressão moral sobre a necessidade de adoptar medidas socialmente desastrosas sem necessidade de as fundamentar em mais que num enunciado vago do princípio da precaução ou da preparação para o pior cenário.
O que vai a par com a mais completa ausência de empatia para com as outras vítimas de uma epidemia: os que perdem empresas, rendimentos, mercados, apoio social, cuidados de saúde, etc..
Grande parte destas vítimas são inevitáveis: o medo é inerente à evolução de uma epidemia e gera comportamentos sociais que estão abundantemente descritos na literatura, ao ponto das mães abandonarem os filhos com medo do que lhes possa suceder (não com a covid, cuja perigosidade ninguém confunde com a percepção do perigo da peste negra medieval, por exemplo, por mais que a retórica abuse do catastrofismo).
E esse medo tem consequências no comportamento social e económico das pessoas, quaisquer que sejam as regras aplicáveis em cada sítio e momento.
É por isso que todo o discurso precaucionista sobre a epidemia que não seja prudente em relação aos efeitos do medo nas pessoas comuns é um discurso moralmente miserável e tem o efeito de ampliar a perda de confiança das pessoas na sua relação com o próximo.
Eu posso ter medo e agir de acordo com isso, o Governo, a DGS, a OMS e a generalidade das instituições simplesmente não têm o direito de agir por pressão do medo das pessoas comuns, têm a obrigação de ser muito claros nos riscos, com certeza, mas incluindo os riscos da sobrevalorização da doença face aos outros riscos sociais com que estamos confrontados.
A forma como em Portugal se têm tratado as escolas e o ensino é talvez o exemplo mais evidente de como o cálculo político para evitar o confronto com os professores e respectivos sindicatos vai ser pago por todo a gente, incluindo os professores e o sistema de saúde, por um preço incalculável mas seguramente muito mais alto que o preço a pagar com uma gestão corajosa da epidemia.
Nesta matéria, inegavelmente, António Costa não tem perdão. Pode dizer-se, e é verdade, que foi apenas atrás da opinião pública, mas há alturas em que um governante tem a obrigação de sacrificar o seu futuro político às necessidades sociais das pessoas comuns.
António Costa demonstrou, nesta matéria, não ser um político de excepção, mas apenas um rolha politicamente descendente de Costa Gomes, com a diferença de que não existem condições para impedir a corrosão social daí decorrente, como houve no tempo de Costa Gomes.
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