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Enquanto os bem-pensantes e os partidos do centro se recusarem a olhar para a realidade, o Chega vai estar por aí.
As notas dos comentadores aos últimos debates são quase uniformes: André Ventura perde em toda a linha. O problema é que as votações populares não acompanham as analises. Um divorcio entre a “realidade” e a percepção do Povo.
Não me revejo minimamente no Chega, uma manta de retalhos sem norte nem substância, uma onda de protestos sem soluções. Mas que tem bandeiras poderosas tem, caso contrário não seria hoje a 3 força política, aparentemente em grande ascensão.
Será que o estado da justiça não é mesmo uma calamidade em que ricos e poderosos nunca serão condenados? Será que não há limites para os recursos e outros expedientes de má-fé a pretexto dos direitos liberdades e garantias de acusados? Será que prisões preventivas de 21 dias são equilibradas? Será que justiça tardia continua a ser justiça? Será que não há nada a fazer? Será que não tem que existir uma reforma profunda que não acontece e a que os partidos de bem não parecem atribuir uma necessidade premente? O que fazem PS e PSD nas ultimas décadas?
Será que a corrupção, que sempre existiu e irá continuar a existir, não merece, pelo menos, a perspectiva de que, quando identificada, possa ser punida exemplarmente, como forma de dissuasão? É o que temos? O que fazemos para alem de rasgar as vestes?
Será que os muitos que protestam contra a imigração de estrangeiros (no meu entender tão necessária), não têm direito a um modico de razão quando lhes parece existir desordem, trafico de pessoas e pretendam que exista uma política de emigração com algumas regras conhecidas? Será que, mesmo que o problema não tenha a gravidade percepcionada, não merecem esses cidadãos o conforto de uma resposta publica, mesmo que seja um placebo, que os tranquilize?
Será totalmente infundada a convicção que demasiados etnicamente ciganos, que mantêm a cultura cigana, mantêm todos os seus direitos, mas não cumprem todas as suas obrigações e deveres, num clima de impunidade prática que não se aplica aos outros cidadãos?
Será que uma verdadeira segurança publica, pode conviver com a actual definição de brutalidade policial que leva policias para a prisão, porque disparam contra bandidos em fuga, matando uma criança fechada num porta-bagagem?
Será que as pessoas realmente consideram que os problemas de género, de racismo, de culpas históricas, de fantasmas fascistas são aquilo que mais as deveriam preocupar, como aparentemente parece, no mundo mediático?
O Chega aproveita grandes falhas, as incapacidades do regime, problemas que nem são assumidos como problemas reais e a que os grandes partidos não dão resposta. Soma a incapacidade que o PS demonstrou nos últimos 8 anos na saúde, na educação, na habitação, na economia, sobretudo por questões ideológicas, junta promessas fantásticas e obtém um capital político imenso que se traduz em votos.
Se nos quisermos livrar do Chega, não vale a pena chamar-lhes fascistas. Basta olhar para a realidade, assumi-la, dar-lhe soluções e esvaziar as grandes razões de protesto. É o que começa a acontecer por essa Europa fora, da esquerda à direita moderada no combate ao radicalismo populista. Por cá, somos sempre alérgicos à realidade, à acção e a solucionar os problemas. Ou talvez apenas incompetentes.
“Reality only exists for us in the facts of consciousness given by inner experience”
(W. Dilthey, 1976, “Dilthey: Selected Writings”, ed. H.P. Rickman, Cambridge University Press, p.161)
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