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Por causa do meu post de ontem, sobre o afastamento de António Araújo do Expresso, alguém me lembra que António Araújo pode não ter sido afastado do Expresso, pode ter-se afastado.
Dito de outra maneira, o Expresso pode ter abordado António Araújo para se conversar sobre o que ele tinha escrito no seu blog pessoal, e António Araújo pode ter mandado o Expresso dar uma curva por não ter nada a conversar sobre o assunto, batendo com a porta.
Esta hipótese é perfeitamente plausível.
Só que não retira nem uma vírgula ao essencial: demonstrada, ou pelo menos bem fundamentada, a canalhice da jornalista, o Expresso prefere abordar António Araújo sobre a demonstração, ou pelo menos boa fundamentação da canalhice, em vez de aplicar tolerância zero ao abuso dos privilégios que os jornalistas têm (e bem) para escrever livremente.
Não é nada de estranhar: já Nicolau Santos tinha andado a promover o burlão António Baptista Silva por estar cego pela sua agenda política de crítica a Passos Coelho, para promoção da qual se esqueceu de aplicar princípios básicos de verificação dos factos inerentes à sua profissão, e não aconteceu nada, o Expresso continuou a considerá-lo apto para manter o seu lugar de director adjunto e é hoje presidente da agência LUSA, sem qualquer escândalo na profissão.
Não se pense que este é um problema do Expresso, estes são apenas exemplos de uma doença que corroi o jornalismo, penso que em todo o lado com diferentes graus, mas seguramente em Portugal, numa extensão profundíssima: um corporativismo que assenta na grande superioridade moral em que vive a generalidade do jornalismo (com honrosas excepções, evidentemente).
Os jornalistas (perdoem-me a generalização, que é muito injusta para as excepções) são os últimos operadores económicos que encaram as críticas ao seu desempenho profissional como ofensas pessoais (ainda há pouco tempo um director de um jornal deixou de me responder por eu lhe ter dito, em privado, que o seu jornal estava a espalhar desinformação em matéria de fogos), em vez de as encararem como um dos mais baratos e eficientes mecanismos de melhoria do seu desempenho.
Não por acaso, a generalidade dos operadores económicos gastam fortunas a procurar ouvir a opinião dos seus clientes, o jornalismo não, gasta tempo e recursos a condicionar as opiniões de terceiros sobre o seu trabalho, para evitar ser confrontado com situações como as que deram origem ao diferendo entre António Araújo e o Expresso.
É exactamente por admitir que foi António Araújo que bateu com a porta quando o quiserem condicionar nas suas opiniões que eu não fiz qualquer alusão ao papel dos restantes colaboradores do Expresso nesta história, por exemplo, estabelecendo um paralelismo com a forma como trabalhadores da BBC responderam à suspensão de Gary Lineker, porque o paralelismo me parece mais que forçado e os restantes colaboradores do Expresso não têm qualquer obrigação de solidariedade com António Araújo, sobretudo no caso de ter sido ele a bater com a porta.
Insisto, no entanto, é a tentativa do Expresso de condicionar a expressão de António Araújo sobre o conteúdo do jornal que conta.
Embora o resultado penalize o jornal, na medida em que perde um colaborador valioso, o facto é que tem um benefício enorme: ficam todos os outros avisados dos riscos de criticarem o jornal, mesmo fora das suas páginas.
Adenda: um leitor, com razão, chama-me a atenção para o facto de eu estar desactualizado. O embarretado Nicolau Santos já não está na Lusa, preside ao conselho de administração da RTP
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