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Todos os dias há milhares e milhares de ignições no mundo rural, das mais variadas origens, desde o tipo que vai queimar o pinhal do vizinho porque acha que ele dorme com a sua mulher, até às faíscas da lâmina do corta-matos que bate numa pedra, passando pelo escape de motores de combustão (que não são só de motas e carros, são de motoroçadoras, motosserras e etc.), queima de sobrantes, queimadas de pastores, operações de manutenção de parques eólicos (refiro explicitamente esta por esta ter sido a origem de um fogo de milhares de hectares há uns anos), limpeza de bermas de estradas, mais o habitual cortejo relacionado com o recreio, pic-nics, cigarros, brincadeiras idiotas, etc., etc., etc..
Mas não são estas as ignições de que se fala quando nos referimos às mais de 500 ignições de Domingo, mas apenas da pequeníssima percentagem delas que dão origem a focos de incêndio suficientemente visíveis para serem registadas no sistema.
O que faz variar a quantidade de fogos que se tornam visíveis em cada dia não é a quantidade de ignições originais, que se admite que seja mais ou menos estável num nível muito elevado, mas sim as condições de propagação do fogo, isto é a meteorologia e os combustíveis disponíveis.
Com as condições meteorológicas de Domingo, 500 ignições é valor que se pode esperar sem surpresa.
Provavelmente uma boa parte foram reacendimentos dos fogos dos dias anteriores com rescaldos mal feitos, já que com o vento forte e seco que se fez sentir no Domingo muito facilmente geram novos focos de incêndio. Estes reacendimentos são cerca de 10% das causas de fogos, mas naquelas circunstâncias é bem possível que tenham sido mais.
Tal como as queimadas de pastores e as queimas de sobrantes agrícolas terão tido um peso maior que o habitual dada a altura do ano e a previsão das primeiras chuvas.
E até pode ter havido uns fogos postos por meia dúzia (ou uma dúzia, é irrelevante o número) de doidos, bêbados, pessoas de maus fígados e outros que tais.
O que se passou nesse Domingo é absolutamente fora do normal, não pelas ignições, mas pelas circunstâncias meteorológicas (vento forte e muito forte, seco e numa direcção que não é a mais habitual nos dias que ardem, criando um potencial para arderem áreas que habitualmente não ardem tanto e têm combustível acumulado) e pela continuada secura dos combustíveis, fazendo com que em dois ou três dias tenha ardido o dobro do que é a média anual.
Existindo, como existe, continuidade de combustíveis, nenhum dispositivo de combate a fogos florestais, por melhor que fosse, teria deixado de colapsar.
Questão diferente é a dos fogos de Agosto (Alvaiázere, Mação, Nisa e etc..) onde a dimensão das áreas afectadas parece ter sido influenciada por um dispositivo com um desempenho muito abaixo do que seria necessário para um combate florestal eficaz.
Que a propósito disto, da absoluta excepcionalidade do fim de semana passado e respectivas consequências, haja quem cave trincheiras partidárias a partir das quais procura explicações mirabolantes para obter ganho de curto prazo, ou limitar estragos, é um mistério para mim.
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