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Hoje resolvi pegar em dois posts seguidos do blog da Montis para falar de uma das coisas que mais me interessam, a gestão de paisagem.
O primeiro post diz respeito à afectação da propriedade de Vieiro pelos fogos recentes.
O segundo post diz respeito à afectação da propriedade de Costa Bacelo pelos mesmos fogos.
Arderem propriedades geridas pela Montis não é novo, e a gestão adoptada pela associação não perde tempo nem recursos a evitar que isso aconteça, a Montis parte do princípio de que fogo, como a chuva, o vento e o solo, é um dado do problema e gere partindo do princípio de que as coisas arderem não é uma possibilidade, mas uma certeza.
Já em Outubro de 2017, quando dias antes tinham ardido os carvalhais que tínhamos comprado há poucos anos, a Montis publicou um post meu (na altura eu era presidente da Montis) discutindo os fundamentos das opções que gestão que estávamos a fazer (no caso, ficar de braços cruzados à espera da Primavera).
Actualmente não faço parte da direcção da Montis (que tem umas saudáveis normas estatutárias que obrigam à renovação dos orgãos dirigentes, estatutariamente impedidos de receber dinheiro da associação que não corresponda ao eventual pagamento de despesas) mas continuo a achar que os meus 25 euros por ano de quota são muito bem empregues nesta associação.
A Montis não faz aquilo a que agora se chama advocacy, não tem posições sobre políticas, a Montis limita-se a gerir, tendo como objectivo a produção de biodiversidade, terrenos próprios ou que alguém lhe entrega para gerir (nunca se pagam rendas, os terrenos são cedidos sem contrapartidas e a Montis tem de ter carta branca para neles intervir durante um tempo alargado, dificilmente menos de dez anos, pelo menos era essa a política, hoje não sei bem, mas não deve andar longe disto, embora eu defenda que é tempo de concentrar mais recursos na compra de terrenos que na expansão geográfica das áreas de gestão, ao contrário do que defendi e pratiquei enquanto presidente).
Se a Montis tem posições claras sobre o uso do fogo, sendo praticamente a única organização em Portugal que faz fogo controlado com objectivos estritos de gestão de habitat e de paisagem, não é por ter um fascínio especial pelo fogo, mas por o gerir como faz com os outros elementos naturais, a água, o solo, a luz, a disponibilidade de propágulos e coisas que tais.
Ao ler os dois posts com que comecei, sobre os quais não tenho nenhuma responsabilidade, verificando que se mantém a preocupação de não dramatizar o que não é dramático (ardeu, sim, mas para os nossos objectivos isso é o que é, tem vantagens e desvantagens, vai-se tentar potenciar as vantagens e limitar as desvantagens), a preocupação de esperar pela Primavera para se ter informação sobre como está a reagir a vegetação, a preocupação de identificar e conhecer bem a principal ameaça decorrente dos fogos, que é a expansão de invasoras agressivas, sobretudo acácias e háqueas, para a poder conter, a preocupação de desenhar novas medidas de gestão para as novas circunstâncias, não cedendo à tentação de gastar recursos sem fim a tentar evitar o fogo ("que é de todos, e virá", como disse Jorge de Sena da morte), mas em compreender o que se pode fazer para chegar nas melhores condições possíveis ao próximo fogo, confesso que tenho orgulho pessoal no que tem sido feito por esta minúscula associação de conservação da natureza, mesmo que aqui e ali eu possa não estar de acordo com algumas das opções (se, como presidente, executei muitas vezes opções de que discordava, por ter uma opinião minoritária, não será agora, que não tenho responsabilidades, que me vou incomodar com opções que não estão totalmente alinhadas com a minha opinião).
O que sei é que é uma associação em que os 25 euros por ano da quota de cada sócio é muito bem gasto e de forma muito transparente.
Era bom poder gerir mais área, gerir melhor a área que já gere, comunicar melhor, etc.?
Sim, era, mas para isso é preciso mais sócios.
Maio de 2011: na primeira semana de Maio, tem lugar nas instalações da Autoridade Nacional de Protecção Civil uma reunião presidida pelo PM sobre a Segurança e Defesa dos Incêndios para o Verão. Presentes, altos representantes dos sectores que prepararam a Ordem de Operações para o efeito, fruto do Plano de Operações Josefa de Out10: Forças Armadas (MDN), GNR e PSP, Protecção Civil e Bombeiros (MAI); Florestas (MA); Serviços prisionais e PJ (MJ); Associação Nacional de Municípios...
Foram passados em revista, a preparação e prontidão dos meios e sistemas de defesa do território:
Limpeza dos terrenos – a) zonas de mato e floresta de há muito abandonadas pelas populações, dispõem de faixas de terreno limpas, de modo a dificultarem a propagação das chamas e facilitar o combate aos fogos; b) os meios urbanos junto de manchas florestais foram objecto da atribuição de perímetros de segurança, com a limpeza integral dos terrenos ali incluídos; depósitos de água a céu aberto, foram objecto de limpeza e abastecimento de água.
Em acampamentos montados pelo Exército, apoiados pela GNR e bombeiros locais, grupos de voluntários recrutados entre a população prisional e incluindo locais da região desempregados, decorrem trabalhos de limpeza florestal e preparação dos pontos de água existentes.
Vigilância do território – meios ligeiros da Força Aérea entre Maio e Setembro: a) uma vigilância sectorial do território, levando a bordo um elemento qualificado da ANPC/Bombeiros; b) após detecção do início de um incêndio florestal, um dos meios aéreos atribuídos constitui um Posto de Comando Aéreo de modo a orientar e dirigir as acções dos grupos de bombeiros presentes no terreno – Gerês, 2010, um local: «ainda ontem tive de levar os bombeiros até ao fogo: «eles não são de cá e não conhecem os caminhos» (DE,14Ago).
Vigilância terrestre – centenas de postos de vigilância constituídos por torres de observação, jamais foram integralmente ocupados na época do Verão: falta de profissionais e ou voluntários, falta de orçamento, falta de uma autoridade responsável pelos mesmos. Alguns, jaziam abandonados e em ruína, invadidos pela mata.
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