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Adriano Moreira era um ícone de várias gerações

por Maria Teixeira Alves, em 23.10.22

O país reage à morte de Adriano Moreira, o homem que “durante 100 anos foi  tudo ou quase tudo”. - Atualidade - SAPO 24

Toda a vida ouvi falar de Adriano Moreira. Em Cascais, na minha adolescência, era o "filho do polícia" que tinha casado bem e tinha mérito. Na sociedade dominada ainda pelos preconceitos sociais, havia uma tolerância, que raiava a quase admiração pelo político que nos anos 80 tinha sido presidente do CDS.

Mais tarde e já no meio cosmopolita de Lisboa e do jornalismo (que se tornou a minha vida) era um senhor da política. Um homem de direita que atravessou o Estado Novo e soube adaptar-se aos novos tempos e às novas ideologias. 

Luís Montenegro, líder do PSD, espelhou bem o que era Adriano Moreira, histórico militante e dirigente do CDS  "para a sociedade portuguesa contemporânea Adriano Moreira foi um ‘grand seigneur’ da academia e da política portuguesa. Deixa-nos um legado riquíssimo de pensamento sobre valores e princípios sociais”.

Dúvida houvesse e bastaria ver a forma tolerante como lidou com o facto de ter uma filha que tem bandeiras políticas diametralmente opostas aos valores que sempre preconizou. 

Como bem descreve Isabel Patrício no Jornal Económico:

Nascido a 6 de setembro de 1922, em Grijó, Macedo de Cavaleiros, Adriano Moreira teve um percurso dividido entre dois regimes. Nos anos 60 do século passado, foi ministro do Ultramar do Estado Novo. Já em democracia, entre 1986 e 1988, foi presidente do CDS-PP, além de ter sido deputado à Assembleia da República em 1980, vice-presidente da Assembleia da República entre 1991 e 1995, e conselheiro do Estado, eleito pelo Parlamento, entre 2015 e 2019.

Em maior detalhe, Adriano Moreira concluiu o curso de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa em 1944, tendo começado a sua carreira como jurista no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial. Mais tarde, juntou-se a Teófilo Carvalho dos Santos, com quem ajudou à defesa da família do general José Marques Godinho. Por causa disso, Adriano Moreira acabaria preso, no Aljube, onde é companheiro de cela de Mário Soares, preso também por motivos políticos.

Com o passar dos anos, aproximar-se-ia, no entanto, do Estado Novo, com o estudo das teses lusotropicalistas, e acabaria por ser, primeiro, subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1959, e, depois, ministro do Ultramar entre 1961 e 1963, período que coincidiu com o início da Guerra Colonial em Angola.  Aliás, foi nesse cargo que assinou uma portaria que criaria o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

Após o 25 de Abril, aderiu ao CDS-PP, que chegou a presidir. Foi deputado, vice-presidente da Assembleia da República e conselheiro do Estado.

A par da vida política, foi professor, mas também ensaísta. Recebeu várias condecorações, como a grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, cavaleiro grã-cruz da Ordem de África.

No mês passado, completou 100 anos, altura em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou que Adriano Moreira tinha entrado para a História de Portugal “ao unir o nosso passado e ao futuro”.


10 comentários

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De Anónimo a 23.10.2022 às 14:51

Este ex-ministro das colónias um ícone? Só se for para os fascistas. 
Humberto Costa. 
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De entulho a 23.10.2022 às 16:29

conheço o outro lado contado pela querida Amiga Margô  a quem ficou a  dever a permanência no Salvador
 
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De balio a 23.10.2022 às 17:10


A adoração e o fetichismo que este país tem por pessoas idosas, muito muito idosas, são espantosos.
Este país é, decididamente, gerontófilo e gerontocrata.
Politicamente, Adriano Moreira foi um líder muito passageiro e com bastante pouco sucesso de um partido hoje, basicamente, inexistente. Não merece toda a festa que por ele é feita.
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De mariam a 23.10.2022 às 18:58

Estes facciosos mostram a sua Dor de cotovelo para com uma ilustre pessoa.
Marquem uma consulta quanto antes.
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De Alexandre N. a 23.10.2022 às 22:25

Um ícone? 
Talvez a filha, para uma pequeníssima minoria, de quem os média adoram
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De Anónimo a 24.10.2022 às 08:42

Está aqui provado, nestes comentários, que o nosso País está  a ficar esgotado de pessoas valorosas .,.. - pena, pois sermos  pobres já cá bastava !
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De Anónimo a 24.10.2022 às 11:08

Percurso político controverso. Pena que não se trate mais do tema, talvez por ser bastante incómodo e demasiado embaraçoso nalguns pontos..  
Ensaísta, filósofo e académico com uma mente brilhante e bem estruturada, A.Moreira tinha um pensamento profundo e consolidado em "honesto estudo" como só os sábios e os estudiosos atingem. 


Feitos os encómios devidos e merecidos, não posso, contudo, deixar de mencionar que tal como ele, muitos dos outros Grandes deste país _no passado e no presente _ adquiriram uma superior formação intelectual e académica, "guiados" pelos elevados padrões de excelência, na transmissão e produção de Conhecimento, que orientavam o Ensino durante o Estado Novo.  
Nunca é demais lembrar, porque tem sido muito convenientemente "esquecido", que (ainda hoje) muitos dos nossos "melhores" nas diversas áreas têm uma excelente preparação, porque são, indubitavelmente, um «produto» dum sistema Educativo sólido, rigoroso e de qualidade que tal regime proporcionou. Quem duvida? Basta comparar: os resultados são visíveis, olhando à volta para a pobreza de espírito das nossas actuais "elites", a "nata" do país!!!  E nem é preciso ir mais longe: observe-se a ignorância, a frouxidão, o descuido, a linguagem e as atitudes,  a falta de "qualidade" e a falta de "categoria" intelectual dos políticos "saídos" de abril _e compare-se!!! 
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De Anónimo a 24.10.2022 às 14:45

Carreiras feitas, ora a rastejar, ora a bater nas costas de "padrinhos", ora a fuçar nas Jotas. Portugal é o quintaleco onde estas bestas se lambuzam pantagruelicamente. Impunemente. Indecentemente. Prestidigitadores de feira que nos levam milhões como os engolidores de fogo, sem que se perceba o truque "exacto".  E pela mão dos cegos qualquer abécula é alçada a cargos sem quaisquer provas dadas, sem os critérios mínimos exegíveis. 
A norma é ser "parente" ou "amigo".
 E ficamos conversados sobre o radioso futuro que nos espera.
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De Anónimo a 24.10.2022 às 19:04

"... elevados padrões de excelência, na transmissão e produção de Conhecimento (...) um sistema Educativo sólido, rigoroso e de qualidade que tal regime proporcionou".
  
Uma tabu impronunciável em que ninguém ousa tocar.
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De Fernando Antolin a 24.10.2022 às 20:34

Apenas um reparo: a portaria assinada por Adriano Moreira, e já devidamente preparada pelos antecessores, criou o campo de Chão Bom, no local onde funcionou o campo do Tarrafal, que foi criado em 1936, tinha Adriano Moreira 14 anos. 

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