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Mas então, qual é a tua solução?
Na verdade, nenhuma. Não tenho soluções a propor, só haverá soluções quando o peso da pobreza atingir a classe média de forma mais dura que o medo da epidemia.
Até lá, vamos estar nisto, com os jornais a contar histórias terríveis todos os dias e os governantes a perguntar-se, todos os dias, que medidas podem anunciar que os protejam da acusação de serem responsáveis pela morte de inocentes.
Proibir de fumar em público, ou de vender bebidas alcoólicas, ou de passear sem máscara é estúpido e inútil para a gestão da epidemia? Talvez, mas se eu decidir cada uma dessas estupidezes, o mais que me acontece é haver uma minoria que diz que é uma estupidez, se decidir em sentido contrário, qualquer pessoa pode dizer que morre gente por não se usar máscara na rua, ou por se vender uma cerveja às oito e um quarto, ou por fumar um cigarro no jardim e haverá jornais a publicar as acusações e pessoas a concluir que não se fez tudo o que era possível para parar a hecatombe.
Vejamos o que aconteceu na Nova Zelândia, o exemplo dos exemplos de tudo o que defendem os que acham razoável tudo o que possa diminuir, por pouco que seja, a actividade viral.
Depois de comemorar 100 dias sem casos na comunidade, com as fronteiras fechadas, com um controlo absoluto de tudo - achavam eles, claro - aparecem, sem que ninguém saiba por que razão e como, quatro infectados no dia 12 de Agosto (se não me engano).
Dez dias depois, a situação é como se descreve:
There are nine people with Covid-19 in hospital, including three in intensive care. "There are two cases in Auckland City Hospital, four people in Middlemore - which includes the three in ICU - two people in North Shore Hospital and one person in Waikato Hospital. ... In a statement, the Health Ministry said all those in hospital were isolated and managed separately from other patients. "The public can be confident that our DHBs are managing this effectively, as they did in the first outbreak of Covid-19 in New Zealand. "We have heard reports of people who are reluctant to get an ambulance or go to hospital - hospitals continue to be safe places to receive medical care, and people should feel confident going to hospital to receive treatment." The ministry said four of the new cases are epidemiologically linked to the Auckland cluster - two are household contacts and two are church contacts, while the other two cases remain under investigation. It said 145 people linked to the cluster have been moved into the Auckland quarantine facility, which includes 75 people who have tested positive for the coronavirus".
Ou seja, aparecem quatro novos casos sem explicação e apesar de todas as restrições existentes, e dez dias depois andam a correr atrás da cadeia de contágio, sem fazer a menor ideia de como vai evoluir. Para garantir que não evolui desfavoravelmente, fecham as escolas numa altura crucial do ano lectivo, prendem 145 pessoas que não cometeram crime nenhum, adiaram as eleições um mês e fecharam uma parte do país onde se concentra um terço da população e o grosso da actividade económica.
O que nos venderam permanentemente é que teríamos de agir rápida e brutalmente como na Nova Zelândia para mais rapidamente retornar tudo à normalidade, mas esqueceram-se de explicar que, com essa doutrina, a normalidade é esta: quatro casos positivos e volta tudo ao princípio, sem apelo nem agravo, e sem a menor garantia que depois de passado este surto não recomece tudo outra vez porque apareceu de novo um pequeno surto sem que ninguém saiba porquê.
Por acaso, hoje, quando andava a tentar perceber a evolução geográfica da epidemia (já explico abaixo porquê), dei com este mapa.
E, de repente, apercebo-me que os países de que se fala permanentemente como sendo casos perdidos de estupidez na gestão da epidemia, não aparecem neste mapa de forma que confirme essa "narrativa", como agora se diz.
A razão pela qual estava à procura de mapas que me permitissem ver a evolução geográfica da epidemia é simples: o que me parece (puro achismo, sem bases concretas, e por isso procurava os mapas) é que se em Março/ Abril a actividade viral estava firmemente instalada nas regiões temperadas do hemisfério Norte, em Junho/ Julho e Agosto parece ter descido em latitude e actualmente acompanha as latitudes de que os estados sub-tropicais americanos (aqueles em que actualmente há todos os dias milhares de casos e uma a duas centenas de mortes) são o limite Norte. Acontece que a as mesmas latitudes, no Sul da Europa e Norte de África, têm relativamente pouca população, ou porque são água ou são deserto, sem prejuízo do crescimento de casos na Grécia, Croácia (há sempre quem diga que é por causa dos corredores aéreos turísticos dos ingleses, claro) ou Israel, mas nada que se compare ao México, América Central ou Índia.
Claro que esta minha impressão é só isso, uma mera impressão, não tenho os instrumentos para verificar se é totalmente contrariada pelos dados (nem mesmo fui verificar onde estão a ocorrer os casos de Espanha), e na verdade tem muito pouca importância o que penso sobre o assunto, o extraordinário é a quantidade de pessoas que recusam por completo a hipótese de haver uma boa parte da dinâmica da epidemia que é determinada pelo vírus e não pelas nossas opções, embora estejam sempre a explicar evoluções passadas com hipóteses que, aplicadas ao futuro, falham sempre.
É por isso que gosto do trabalho de Gabriela Gomes.
Uma parte será, por mais que eu tente limitar isso racionalmente, porque diz o que eu quero ouvir: haja alguém que não fala em dramatismos e apresenta uma leitura da evolução da epidemia que é serena (a leitura, não a epidemia).
Outra parte substancial é porque os números que vão sendo coligidos se aproximam do que ele tem vindo a propôr como a evolução possível da epidemia, ao contrário dos modelos que dão origem aos 60 a 70% de população infectada como limite a partir do qual a epidemia pára.
Salvo casos muito pontuais, os sítios que foram mais profundamente atingidos - Lombardia, Madrid, Nova Yorque, por exemplo - ou em que não havia grandes condições de confinamento interno mas em que havia estanquicidade com o exterior, como os barcos, têm visto a infecção parar com taxas de infectados que andam bastante mais próximos do que diz Gabriela Gomes do que dos outros modelos que se esquecem que somos todos diferentes uns dos outros, quer biologicamente, quer em comportamentos.
Continuo a ficar maravilhado com a capacidade da teoria evolucionista ajudar a explicar a realidade biológica de que fazemos parte.
O que não me impede de reconhecer as suas limitações para me ajudar a compreender as comunidades e os comportamentos de grupo, aquilo que parcialmente faz de nós humanos que exigem aos governos o impossível, o que naturalmente eles se apressam a prometer ser possível.
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