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A votos, sozinhos, depois, como o eleitorado quiser

por henrique pereira dos santos, em 29.10.21

Não faço segredo da minha proximidade à Iniciativa Liberal, de que não sou militante, "somos só bons amigos".

Também não fiz segredo da minha perplexidade, e discordância, em ir a votos sozinha, e não com Carlos Moedas, nem das minhas dúvidas em quem votar, tendo decidido votar na Iniciativa Liberal já na assembleia de voto, quer por achar que Moedas ia perder (por aqui se vê a lucidez das minhas análises políticas, também não votei em Passos Coelho em 2011, apesar da minha feroz e antiga oposição a José Sócrates), quer por ter ficado convencido de que havia virtude em ser mais claro no que pretendia dizer com o meu voto.

Todos os que discordam de António Costa - parece-me mais que evidente que a hipótese de uma maioria absoluta do PS só é considerada positivamente pelos que agora se entretêm a fazer paralelismos entre o actual chumbo do orçamento e o chumbo do PEC4 para concluir que esta extrema esquerda é a idiota útil da direita - não podem ter como programa político removê-lo do poder, por mais que a remoção do poder de António Costa seja um grande benefício do país, como é.

Tenho muita esperança de que o PSD resolva as suas questões internas de modo a que haja uma oposição com verdadeira capacidade de ganhar as eleições - o que, como se viu em 2015, evidentemente não chega para remover António Costa do poder -, fiquei mesmo muito satisfeito com o facto de Rangel ter ido buscar Fernando Alexandre à Universidade para lhe dar apoio no programa que quer apresentar (e espero que isso não signifique a menorização de Joaquim Sarmento, tanto mais que um se move mais na área da economia e outro na das finanças) mas, tudo isso, não me faz querer que todos os que querem ver António Costa arredado apareçam numa amálgama programática que disfarce o que querem os votos verdadeiramente dizer.

Resumindo, espero que a Iniciativa Liberal concorra sozinha.

É evidentemente contra os interesses da Iniciativa Liberal ter Rangel e não Rio à frente do PSD, é bem possível que o voto útil - útil para quem o recebe, como se sabe, para quem o usa o voto só é útil se for claro - limite substancialmente as possibilidades da Iniciativa Liberal ter um grupo parlamentar, em vez de um único deputado, mas os riscos são compensados pela clareza que resulta do processo: é bom que as políticas liberais se apresentem a votos e tenham a representação parlamentar que resulte da vontade dos eleitores.

Depois das eleições, então sim, se os votos dessa representação parlamentar servirem para afastar António Costa do poder, é natural que se negoceiem programas apoiáveis, a partir da diversidade de pontos de vista com representação parlamentar.

Isso diminui a probabilidade de eleger os deputados necessários para remover António Costa?

Sim, diminui, mas se os adversários de Costa tiverem medo de correr esse risco, o melhor é nem irem a eleições, seguindo o exemplo de Luís Patrão, um dirigente do PS que fez toda a sua carreira política (na verdade, nunca teve outra) respeitando a decisão de nunca mais se candidatar a nenhuma eleição que pudesse perder, depois de ter sido surpreendentemente derrotado na eleição para a presidência da Juventude Socialista (história que me foi contada há anos, que não tenho qualquer hipótese de confirmar, mas que se não é verdade é bem achada).


14 comentários

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De Antonio Maria Lamas a 29.10.2021 às 10:02

Totalmente de acordo.
Para bem de todos, espero que o PSD se deixe de jogos florais e pense no futuro dos portugueses.
Nada de melhor para o país de haver uma maioria de direita (PSD+CDS+IL) no parlamento.
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De balio a 29.10.2021 às 10:22


Seria funesto para a Iniciativa Liberal apresentar-se às próximas eleições coligada com o PSD, porque isso a transformaria numa espécie de PEV (Partido Ecologista os Verdes), ou seja, num partido cuja verdadeira força se desconhece (e se suspeita ser pequena) e que só existe dentro de uma barriga de aluguer.
Um partido tem que se afirmar claramente como força autónoma antes de começar a (somente ocasionalmente) aparecer coligado com outros.

Ademais, isso retiraria à IL a sua pretensão de ter uma mensagem própria e distinta. A IL passsaria a ser vista somente como uma muleta do PSD, sem autonomia para se coligar a outros partidos.
Repare-se que noutros países em que há partidos liberais, estes tanto se aliam à direita como à esquerda.
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De Anónimo a 30.10.2021 às 15:26

Nas circunstâncias atuais não sei se esta é a altura ideal para os pequenos partidos testarem a sua força. Neste momento todos os portugueses moderados e democratas consideram que "outro valor mais alto se levanta". O país está em apuros. É altura de fazer a separação das águas e dizermos o que queremos, afinal, para o país no seu todo, e afirmá-lo com muita clareza.


 Ninguém tenha dúvidas de que este é um tempo de charneira, um novo 25 de Novembro, parte II.

Julgava-se, erradamente, que a Democracia _tal como a conhecíamos_ era  um dado adquirido. Não é. Sofreu uma viragem e uma grande  transfiguração e o país foi metido num sarilho por A.Costa. Estamos num impasse, num beco sem saída. Deve, por isso, ser penalizado fortemente pelos portugueses. È ele o único culpado da crise. A responsabilidade do descarrilamento  da composição é do "maquinista" que a conduziu, por mais que a propaganda agora se esforce por culpar os "revisores" da carruagem que se limitavam a vir picar o bilhete uma vez ao ano (leia-se o OE). Já conhecemos como é típico dos socialistas sacudirem a água do capote com a lenga-lenga do costume, a "narrativa" .


Por tudo isso, os democratas do centro e da direita moderada têm de responder à chamada. (Se o não fizessem, não sei se não arriscariam a serem  penalizados mais tarde pelo eleitorado).
Depois de resolvida esta questão primordial, os novos partidos têm todo o tempo do mundo pela frente para aprofundarem os seus programas. Depois...


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De Anónimo a 30.10.2021 às 15:48

"Funesto", Balio, é deixar o  país entregue a governos socialistas. (QED).
A verdadeira "força" de um partido vem do respeito que ele conseguir inspirar se disso for merecedor e que só se conhece nas horas difíceis, na forma como se comportar quando o país mais precisar : Está à altura (ou não) do que o país espera dele? O resto são preciosismos, de momento, desnecessários. 
st
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De Ricardo Abreu a 29.10.2021 às 11:07

Nos distritos mais populosos que elegem a maior fatia de deputados da assembleia o voto "útil" dilui-se, mesmo tendo presente que serão necessários mais votos para eleger um deputado da IL ou do CDS. Agora não deixa de ser injusto que nos restantes distritos sejam deitados para o lixo os votos nos pequenos partidos, PAN, BE, CDU, IL, Chega, CDS... ainda para mais quando temos o exemplo dos Açores que tem um sistema eleitoral que "aproveita" cada voto através décimo círculo eleitoral, denominado de círculo regional de compensação (CRC), coincidente com a totalidade da área da região, o qual elege 5 deputados através de repescagem de votos dos círculos de ilha
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De balio a 29.10.2021 às 12:23


Tem toda a razão.
Nos distritos que elegem menos de 10 deputados, seria racional a IL não concorrer.
Esses distritos já há muito deveriam ter sido agrupados em entidades maiores. Os dois de Trás os Montes, os três da Beira Interior, e os três do Alentejo.
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De Carlos Sousa a 29.10.2021 às 11:15

Eu penso que se continua a confundir o partido com os líderes. 
Tirando os líderes quem é que os partidos têm para fazer cumprir um programa de governo?
É só ver os candidatos do Chega nas ultimas eleições autárquicas. Ou ver os debates dos candidatos na última campanha eleitoral.
Ou ver a campanha de ódio dos candidatos às eleições no PSD e no CDS. 
É isto que nós queremos para governar o país?
Não há dúvida, a malta tem mesmo o que merece.
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De Anónimo a 30.10.2021 às 10:34

"Depois das eleições, então sim, se os votos dessa representação parlamentar servirem para afastar António Costa do poder, é natural que se negoceiem programas apoiáveis! (...)

Isso diminui a probabilidade de eleger os deputados necessários para remover António Costa?

Sim, diminui..."

Francamente não entendo como não é  feita a leitura correcta do momento actual:   a  prioridade  das prioridades  do país é afastar de vez este governo, "remover António Costa", para o citar. Não entendo, sobretudo estando consciente de que existe esse risco, conforme afirmou. E sobretudo não entendo, depois de saber o quanto preza o viver "ameno"  com as regras da Democracia e ter lido o que escreveu acerca da aptidão destes socialistas para a desmantelarem, assim como às suas instituições, e da capacidade de destruição de valor, (materialmente falando) deste mesmo governo. A falta de uma frente coesa, enfraquece a direita, facto que será (bem) explorado sem escrúpulos pelo ACosta, mestre na arte de dividir para reinar e finalmente desmoralizar. Não se esqueça da colossal máquina de propaganda que ele tem a seus pés, HPS!

 Não estamos em momento de branduras com "ses" e "talvez", "depois logo se verá". Não sei qual é a dúvida.  Tem de se atravessar o Rubicão, que o momento é grave e o tempo é de tomar decisões. Os portugueses comuns,  sentem a urgência de uma clarificação para o país, trata-se do Futuro! Pressente-se que se está em pé de guerra e que este é um momento crucial que irá marcar o rumo do país daí em diante: com a balcanização imposta desde 2015-16, só há dois lados. Só um dos lados vencerá. Qual? 

O Sr. sabe muito bem que muitas das batalhas travadas ao longo da História mostram que exércitos provenientes de nações soberanas (independentes) foram capazes de se aliar para se fortalecerem quando estavam diante da mesma ameaça e formavam um só bloco para defrontarem e derrubarem o inimigo comum. 

Após a batalha, os exércitos separavam-se, desfaziam-se as alianças  e cada um regressava às suas "casas" de partida, sem que tivesse havido nenhuma perda ou diminuição da sua soberania. Tal como brevemente se espera que chegará o dia de "depor as armas" e regressar de vez à normalidade da vida partidária autónoma e democrática. 

Se alguém achar que o socialismo (com estas características do actual), não é uma ameaça...  pois então que meta a raposa no galinheiro e que fique entretido a fazer as suas contas de "pequenos ganhos", enquanto o país vai tendo "grandes perdas". 

st


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De pitosga a 30.10.2021 às 13:39


Ao longo de anos tenho concluído por certo que, na política, HPS vive no mundo vero, gélido e desconfortável de Alice. Mundo criado pelo génio matemático e lógico de Charles Dodgson — mais conhecido por Lewis Carroll.

Espanta-me que as alimárias da pindérica correção (PC) do costume ainda não se lembraram de colocar no index o difícil filme de Walt Disney acerca desse mundo.


Em contraponto com as religiões que não foram criadas por Deus mas pelos homens, a política é exclusiva actividade humana.


Também tenho por certo que HPS é das raras pessoas que sabem do planeta e da grande e variegada Vida que existe nas plantas. E que, nesta área, sabe ensinar.



Cumprimenta
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De Anónimo a 30.10.2021 às 16:06

Muita gente tem afirmado que são funestas as coligações ou as alianças. Está por provar...
Pensando bem, se cada um de nós hoje fala Português, muito se deve aos "pactos" e à junção de "aliados" ao longo da nossa História, numa união mais fortalecida  em torno de uma "ameaça"...
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De Anónimo a 30.10.2021 às 16:31

Em 1ºlugar: apear os socialistas
Em 2ºlugar: suprimir os socialistas
Em 3º lugar: derrubar os socialistas.
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De Anónimo a 30.10.2021 às 18:11

"... ou a “direita” arranja rapidamente juízo, e um milagre, ou o abençoado fim da “geringonça” pode tornar-se o início de coisa igual ou pior. Eu sei que pior parece impossível, mas, à semelhança de quatro quintos das palavras, “impossível” não consta do dicionário do dr. Costa. Antes de festejar, convém à “direita” ganhar a guerra. E antes ainda convém entrar na guerra."

Alberto Gonçalves
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De lucklucky a 31.10.2021 às 10:37

É vital a IL e outros partidos da direita concorram sozinhos. 
É precioso puxar o PSD da atracção que tem pelo socialismo.
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De Anónimo a 31.10.2021 às 15:10

Essa atracção é característica exclusiva do Rio. Não é assim Rangel nem o verdadeiro PSD, entenda bem isso !!!. Eu faço parte dos que sairam na debandada geral, logo que percebemos que Rio abastardou o partido. Porque serão e a que se devem estas percentagens pífias e vergonhosas?! Rio sai e o partido cresce.

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