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Penso que os dois piores primeiro-ministro do Portugal democrático foram António Guterres e António Costa.
Como é óbvio, estou a deixar de fora os últimos tempos do mandato de Sócrates e o facto de ele ter levado a corrupção ao pináculo do poder executivo. Mas, ainda assim, sobretudo no primeiro mandato, consigo reconhecer algumas qualidades no exercício do poder de Sócrates, que tinha alguma veia reformista, que não consigo ver nos outros dois políticos que mencionei.
Guterres inaugurou uma forma de exercer política que consistia essencialmente em adiar a resolução dos problemas atirando-lhes dinheiro para cima e anestesiando o país. Portugal vinha de um período cavaquista que, ainda que não desprovido de defeitos entre os quais a arrogância e crispação, se traduziu em convergência com a Europa, modernização e dinamismo económico. Todo esse élan cavaquista foi aniquilado no pântano guterrista.
Com Costa aconteceu mais ou menos o mesmo, o pendor reformista que tinha sido estimulado pela troika, e que nos poderia tornar num país mais competitivo e melhor para todos, foi completamente anulado. Num país avesso a reformas governar em navegação à vista, não fazendo transformações nem enfrentando interesses instalados é popular, e como tal é uma tentação à qual é difícil fugir.
Uma vez que esse sistema de anestesiar o país foi iniciado por António Guterres eu sugiro que lhe demos o nome de "guterrar". E, como referi, guterrar é a tentação de muitos governos à qual é difícil fugir.
Talvez fascinado pelo inaudito sucesso de Costa, e receoso da imbecil frase "a culpa é do Passos Coelho", Luís Montenegro pode estar a cair na tentação de guterrar. Claro que a actual composição do parlamento, em que à excepção da IL todos os partidos da oposição são estatistas, não é o melhor ecossistema para reformas. Ainda assim, o PSD deveria em muitos casos, como numa privatização da TAP a 100%, mostrar que tem para o país uma ambição superior e que não se contenta com o caldo da mediocridade.
O PSD deveria, ainda que em propostas votadas ao fracasso, mostrar que tem vontade de fazer diferente, vontade de fazer melhor. Mas como disse, a tentação de fazer igual, ou seja, de nada fazer, de guterrar parece estar a impor-se.
E é pena.
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