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A tentação de "guterrar"

por Miguel A. Baptista, em 18.02.25

Penso que os dois piores primeiro-ministro do Portugal democrático foram António Guterres e António Costa. 

Como é óbvio, estou a deixar de fora os últimos tempos do mandato de Sócrates e o facto de ele ter levado a corrupção ao pináculo do poder executivo. Mas, ainda assim, sobretudo no primeiro mandato, consigo reconhecer algumas qualidades no exercício do poder de Sócrates, que tinha alguma veia reformista, que não consigo ver nos outros dois políticos que mencionei. 

Guterres inaugurou uma forma de exercer política que consistia essencialmente em adiar a resolução dos problemas atirando-lhes dinheiro para cima e anestesiando o país. Portugal vinha de um período cavaquista que, ainda que não desprovido de defeitos entre os quais a arrogância e crispação, se traduziu em convergência com a Europa, modernização e dinamismo económico. Todo esse élan cavaquista foi aniquilado no pântano guterrista. 

Com Costa aconteceu mais ou menos o mesmo, o pendor reformista que tinha sido estimulado pela troika, e que nos poderia tornar num país mais competitivo e melhor para todos, foi completamente anulado. Num país avesso a reformas governar em navegação à vista, não fazendo transformações nem enfrentando interesses instalados é popular, e como tal é uma tentação à qual é difícil fugir. 

Uma vez que esse sistema de anestesiar o país foi iniciado por António Guterres eu sugiro que lhe demos o nome de "guterrar". E, como referi, guterrar é a tentação de muitos governos à qual é difícil fugir. 

Talvez fascinado pelo inaudito sucesso de Costa, e receoso da imbecil frase "a culpa é do Passos Coelho", Luís Montenegro pode estar a cair na tentação de guterrar. Claro que a actual composição do parlamento, em que à excepção da IL todos os partidos da oposição são estatistas, não é o melhor ecossistema para reformas. Ainda assim, o PSD deveria em muitos casos, como numa privatização da TAP a 100%, mostrar que tem para o país uma ambição superior e que não se contenta com o caldo da mediocridade. 

O PSD deveria, ainda que em propostas votadas ao fracasso, mostrar que tem vontade de fazer diferente, vontade de fazer melhor. Mas como disse, a tentação de fazer igual, ou seja, de nada fazer, de guterrar parece estar a impor-se. 

E é pena. 


11 comentários

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De O apartidário a 18.02.2025 às 21:00

É caso para dizer 'Se queres chuchalismo chama o António '!
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De Anonimo a 19.02.2025 às 08:21

O psd precisa de um DOGE.
Literalmente, não têm big balls.
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De O apartidário a 21.02.2025 às 09:12

Entrevista De Karoline Leavitt(porta-voz da Casa Branca/ administração Trump) á Fox news sobre o trabalho de Elon Musk e a relação De Trump com Musk( canal Abraço da Verdade)

https://youtu.be/xwRJOB2io0g?si=rGTPWkoKAy9boMtG
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De cela.e.sela a 19.02.2025 às 10:37

lema da esquerda e direita radicais
«nunca se entrega o campo ao inimigo!»
instalou-se definitivamente o pântano com a saída de Cavaco de PM
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De anonimo a 19.02.2025 às 10:44

Não só é pena , como pode ser uma desgraça!
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De Mauritano a 19.02.2025 às 11:19

Sorrir e acenar, sorrir e acenar!
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De cela.e.sela a 19.02.2025 às 11:47

Quién nos iba a decir que en pleno siglo XXI la felicidad se convertiría en un instrumento de tortura. Soportamos una maldición que pasa inadvertida para la mayoría de las personas: la maldición de la felicidad. Nos han condenado a ser felices por obligación y, lo que es más preocupante, por imitación. Y lo han hecho de una manera tan sutil y sofisticada que hemos llegado a creer que la idea es nuestra. Nos han sugestionado para sentirnos felices, pero ojo, que sentirnos felices no es lo mismo que serlo. Porque esta tiranía parte de una concepción interesada sobre una felicidad sentimental, emocional y ligera, algo instantáneo y fácil de adquirir. Nos han convertido en drogodependientes emocionales. La condena está clara, castigados de por vida a inyectarnos esa felicidad postiza, y caemos en una búsqueda incesante de dosis en cualquiera de sus variantes, que se enmarcan dentro de la palabra de moda: Tendencias.
  José Carlos Ruiz, 2018
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De O apartidário a 19.02.2025 às 16:13

Miguel Morgado, no seu habitual comentário televisivo, destrói completamente a narrativa de esquerda que os média apregoam sempre.(no caso sobre o pós catástrofe de Valência onde a Rtve fez claramente a defesa do partido Psoe no Governo central em Espanha tal como vimos nos últimos anos a defesa dos partidos esquerdistas em Portugal pelas televisões ,em especial a RTP e a Sic). Reparem bem na expressão da pivot do programa e do outro comentador afecto ao PS.(no canal Rui Pimenta )

https://youtu.be/uZ26LW1ufSs?si=hVdKR6Wrih8P1Gxr
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De Silva a 19.02.2025 às 18:31



"Num país avesso a reformas governar em navegação à vista, não fazendo transformações nem enfrentando interesses instalados é popular..."


Obviamente que Miguel A Baptista tem um problema de percepção ou outro problema qualquer em relação ao período de tempo em que Guterres liderou o governo.
Guterres não navegou à vista e transformou o país, tinha objectivos claros e bem definidos e foi espectacularmente bem sucedido.


Começou por aumentar formidavelmente a máquina do Estado, gerando défices cada vez maiores (o tal monstro referido por Cavaco Silva). Ora, tudo isto só poderia gerar aumentos de impostos (bem merecidos aos canalhas que votaram no PS em 1995 e 1999).
Promoveu a burrice nos alunos e na sociedade facilitando a passagem de ano mesmo a alunos com muitas negativas nas disciplinas.
Alterou a lei da nacionalidade (hoje em dia qualquer indivíduo sem qualquer tipo de lealdade ao país adquire facilmente a nacionalidade portuguesa).
Despenalizou o consumo de droga com o objectivo de facilitar a vida aos traficantes.
Promoveu a entrada de imigrantes ilegais e facilitou a sua regularização incluindo a entrada de milhares de prostitutas maioritariamente brasileiras com o objectivo de promover a sida e lançar as bases da criminalidade actual onde as máfias brasileiras (ligadas ao PT) já estão instaladas.
Alterou a lista de nomes permitidos a atribuir aos recém-nascidos (hoje em dia já há por aí pessoas com nomes verdadeiramente pavorosos).
Promoveu o aborto e outras "questões fracturantes".
Não lançou nenhuma obra pública relevante e, pelos vistos, também não promoveu a conservação das mesmas (colapso da ponte entre-os-rios).
ETC.
Teve nos seus governos  Sócrates e Costa, outros dois que continuaram o seu legado destruidor.


Desde que Guterres foi para secretário-geral da ONU, continuou a espalhar a canalhice pelo Mundo. É manifestamente pró-russo, presumo que seja mesmo um agente deles.


Montenegro é apenas um socialista soft comparado com Rui Rio, António Costa, Sócrates e o temível Guterres.
Tem que sair o mais rápido possível.
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De lucklucky a 21.02.2025 às 09:57

Validos argumentos.
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De Anónimo a 19.02.2025 às 19:32

« O PSD deveria, ainda que em propostas votadas ao fracasso, mostrar que tem vontade de fazer diferente, vontade de fazer melhor.»

Ouvi dizer que há aí um ministro que quer lançar mais um grande plano de inevestimento público para... auto-estradas.
O meu caro ainda duvida que o PS-D sempre foi a mão direita do PS? O corpo é o mesmo.
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De Octávio dos Santos a 21.02.2025 às 13:05

«Penso que os dois piores primeiro-ministro do Portugal democrático foram António Guterres e António Costa.»


Obviamente, não foram. E ressalvas do tipo «consigo reconhecer algumas qualidades no exercício do poder de Sócrates, que tinha alguma veia reformista» são insuficientes para ocultar o facto de o «engenheiro de domingo» ter sido, efectivamente, o pior - ao mesmo baixo nível de Vasco Gonçalves em termos de destruição económico-social, mas aquele operava num contexto diferente. A «veia reformista» foi tanta que «reformou» quase definitivamente a existência do Estado português, com uma bancarrota colossal, e estendeu-se ainda à «legalização» do «casamento gay» - que Cavaco Silva, cobarde, não vetou - e à destruição da ortografia e da língua portuguesas com a concretização do infame AO90 - que Cavaco Silva, ignorante, iniciou.  Aliás, só por estas duas últimas «reformas» Sócrates merece a prisão, independentemente de ele vir a ser, ou não, considerado culpado de corrupção.  

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