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Atentem ao facto de a crise do coronavírus poder culminar numa crise de dívida soberana que pode quebrar a zona euro.
Vejamos. Os países têm carta branca para se endividarem para ajudar as empresas e a economia, mas nem todos os países da União Europeia têm um rácio de dívida pública sobre o PIB com folga. Itália, por exemplo, tem um rácio de dívida de 135%, Portugal tem um rácio de 118%. Se aumentarem a dívida (e vão ter de a aumentar porque as despesas que se preparam para assumir são muitas), quando descobrirem a vacina para a Covid-19, os países vão estar de tal modo endividados que as agências de rating não têm alternativa senão baixar o rating. Voltar a rating lixo é a mesma coisa que deixar de conseguir financiar-se a juros baixos. O défice vai ser ainda mais agravado.
O risco de default tornar-se-ia elevado. O caso de Itália (um amigo meu da área dos mercados chamou-me a atenção, para o risco de Itália se tornar numa segunda Grécia e não conseguir pagar a dívida) é paradigmático. Pode entrar em default, ou fazer haircut da dívida soberana, e com isso traumatizar os mercados e criar um clima de desconfiança em relação à União Europeia. No limite isto pode acabar com Itália a querer sair da zona euro, e estamos a falar de uma das maiores economias da zona euro.
Portugal, por sua vez, não está preparado. Não foi feita a reestruturação que era precisa e a economia cresceu à conta dos serviços, turismo e restauração. Tudo coisas que demorarão algum tempo a voltar ao normal. A poupança dos portugueses continuou muito baixa e o crédito estava a ganhar um novo boom.
Antevêem-se tempos negros para a economia europeia. Por isso o Governador do Banco de Portugal tem defendido em todos os jornais a emissão de dívida pela zona euro para ajudar a economia dos estados-membros vítima da pandemia.
O Governador do Banco de Portugal tem defendido a emissão de dívida mutualizada dentro da zona euro, as coronabonds. Sem as obrigações emitidas pela zona euro para financiar a resposta à crise, haverá uma crise sem precedentes na zona euro, a nível económico e político.
Esta dívida deveria ter maturidades longas, caso de 30 anos, de modo a “diluir o impacto nas contribuições anuais dos Estados-membros” para a amortizar, defendeu também o Governador.
Carlos Costa considera que a emissão de dívida é a única ferramenta financeira de que a comunidade europeia dispõe para responder aos efeitos da pandemia de Covid-19.
O Governador já disse que é bem-vinda a flexibilidade orçamental da Comissão Europeia (Bruxelas anunciou que libertava os países de cumprimento das metas do défice), mas que tal não é suficiente, uma vez que cada Estado-membro tem uma margem orçamental diferente (desde logo pela dívida pública), o que tornaria o combate ao impacto da epidemia dependente da situação orçamental de cada país.
“Para responder com êxito a esta emergência todos os Estados-membros, independentemente da sua situação orçamental e do nível de endividamento, devem manter-se financeiramente unidos e com idêntica capacidade de resposta”, defendeu o Governador do Banco de Portugal, avisando que falta de cooperação e de êxito no ataque a esta crise “pode pôr em causa o futuro do projeto europeu”, pelo que urge encontrar soluções que evitem uma “segunda crise da dívida soberana”.
Oiçam o Governador!
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