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A Situação

por henrique pereira dos santos, em 28.03.22

Helena Matos, no Observador, ontem, faz a pergunta que interessa à minoria que está inquieta com a forma como o país está a evoluir: "Como é que se sai da Situação?".

O problema central é que a larga maioria das pessoas não querem sair da Situação, não porque achem que o país e a sociedade estejam pujantes, tenham dinamismo, criem esperança, mas porque têm medo dos riscos associados à mudança, a qualquer mudança.

Quando o que se tem está no limite do aceitável, o medo de mudar é muito maior porque qualquer desvio negativo nos faz passar de uma situação gerível, mesmo que seja medíocre, para uma situação difícil, eventualmente desesperada.

Talvez por isso preferimos discutir se o governo tem mais ou menos mulheres, mais ou menos sucessores de Costa, se Pedro Adão e Silva deve ser contado nos independentes ou no PS, em vez de discutir se o governo é bom ou não e se os governantes, cada um por si, representam satisfatoriamente o que seria a esperança de uma vida melhor.

Note-se que este medo de mudar é transversal, na sociedade, não é o facto do PS se ter transformado no Estado, e o Estado no PS, que é a dificuldade em sair da Situação, é que os outros partidos - os seus militantes - têm medo que a coisa piore.

No Bloco a única coisa que os militantes querem é que a situação não piore, no PC a única coisa que os militantes querem é que o partido não morra, no PSD os militantes já demonstraram, à saciedade, que não querem correr qualquer risco.

Nas franjas, o CDS está a ver se não se extingue por falta de objecto, o Chega está a ver como consegue manter um discurso de protesto sem que se note muito a sua inconsequência e na Iniciativa Liberal fala-se para uma sociedade que não quer a Situação, mas continua a ser um nicho que também não sabe como "sair da Situação".

Quanto tempo vai durar este bloqueio social que desemboca no actual bloqueio político?

Não faço ideia, não tenho ideias de como se poderia aumentar a velocidade de saída da situação e nem sequer vale a pena contar com o jornalismo, desesperadamente assustado com a perda de emprego, influência e investimento no seu próprio sector.

O politburo do PS a que chamamos governo, aplaudido pelos rolhas que há anos defendem todas as direcções do partido, seja qual for a sua situação, podem estar tranquilos por muitos anos, parece-me (a esperança é apenas teórica: o futuro nunca é aquilo que hoje pensamos que venha a ser).


18 comentários

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De Antonio Maria Lamas a 28.03.2022 às 11:08

Os portugueses, no fundo são situacionistas.
Já o eram antes do 15Abril. 
Foram poucos que deitaram o regime abaixo, mesmo considerando os 5.000 medalhados que Marcelo quer dar.
Os rolhas estendem-se à maioria do povo.
Costa sabe isso, e abusa.
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De Vasco Silveira a 28.03.2022 às 11:45

Caro Senhor


Felicito-o e agradeço o excelente post que publicou, que em conjunto com o artigo da H Matos no Observador faz um retrato perfeito (assustador) da situação.
Mas convém lembrar que a anterior situação mudou, por estar podre e sem apresentar  soluções.
 Mas, desta vez, apesar do retrato feito por si e H Matos, não haverá militares para o fazer. Como será então?


Cumprimentos


Vasco Silveira
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De PM a 28.03.2022 às 12:15

Concordo com tudo, mas no caso da IL também se podia ser um pouco mais impressivo como se foi com os outros, por exemplo, que "no quadro da atual situação, como se o PSD não fosse suficientemente próximo do PS, a IL se quer passar a acomodar ao lado do PS substituindo o PSD quanto a essa situação de poiso".
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De pitosga a 28.03.2022 às 12:19


Henrique Pereira dos Santos,

Quando a malta perceber que o sucialismo só faz algo com o dinheiro dos outros, quando não houver coisas de "primeira necessidade" [como o papel em rolo], quando os cães e os gatos forem para cozinhar [se houver gás], quando não houver remédios nas farmácias, quando não houver água canalizada e tratada... um grande ETC
Aí qualquer malandro com o discurso de Salvador vai ser acarinhado.
Abraço
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De Anónimo a 29.03.2022 às 09:04

Olhe que não! Esta gente habituou-se a tudo e já nem sabe viver de outra forma: perdeu a capacidade de reagir. Pode-se mesmo dizer que  os portugueses  desistiram ! 


Sabe o que acontece se meter um sapo dentro de uma panela de água a ferver? Ele imediatamente dá um pulo e salva-se.  E porquê? Porque ainda tinha todas as suas faculdades intactas e por isso  teve a lucidez necessária para perceber a situação e reagir imediatamente. Ou seja, teve a capacidade de tomar a melhor decisão para travar "a tempo" males futuros. 


Mas conhece, certamente, a situação contrária a esta ( que é um retrato do "amolecimento" e perda de vigor dos portugueses, durante décadas de socialismo a definhar-nos lentamente):

Se você puser um sapo numa panela, enchê-la com água apenas morna e a colocar no fogo, vai perceber uma coisa interessante: o sapo ajusta-se à temperatura da água e permanece lá dentro. E continua a ajustar-se, quanto mais sobe a temperatura.

Quando a água estiver perto do ponto de fervura e o sapo tentar saltar para fora, não conseguirá, porque estará muito cansado devido aos ajustes que teve de fazer. Alguns diriam que o que matou o sapo foi a água fervendo. O que o matou, na verdade, foi a sua incapacidade de decidir quando devia pular para   fora.

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De anónimo a 28.03.2022 às 12:31


Se não fosse a vantagem interesseira da União Europeia em manter dentro do seu controle a Península Ibérica e o "mar português" à muito que o processo de formação da nossa classe política e as resultantes "elites" teriam sido expurgados, por pura necessidade.

Assim sendo essas elites prosseguem, e sobrevivem, com o seu funesto governar em caricata adoração de um mítico socialismo de pedinte "já posso ir ao Banco?" graças às sucessivas sempre interesseiras bazucas, "in saecula saeculorum"?.
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De Anónimo a 28.03.2022 às 13:05

Lá dizia o Ega (n' "Os Mais") :_ Portugal do que precisa é  da invasão espanhola!".
 "Isto está de morrer! Que ferro!"

(mas duvido que nem assim acordávamos!)
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De Ricardo Abreu a 28.03.2022 às 14:02

Enquanto for possível alimentar a "situação", com mineração de fundos europeus, distribuição de subsídios e pelo investimento público a coisa vai seguindo o seu caminho. Não sendo brilhante, num cenário de curto prazo é suficiente, depois logo se arranja outro "PRR". 


Mesmo que daqui a 4 anos Portugal esteja em último dos 27 pouco importará, porque terá conquistado outros "sucessos" civilizacionais importantes.
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De Anónimo a 28.03.2022 às 20:50

«O problema central é que a larga maioria das pessoas não querem sair da Situação, não porque achem que o país e a sociedade estejam pujantes, tenham dinamismo, criem esperança, mas porque têm medo dos riscos associados à mudança, a qualquer mudança.»



HPS:


Apraz-me, neste ponto, dar-lhe toda a razão. 
Acrescentaria apenas: "não querem" e, já agora, não podem. 
( Ou julga que sairíamos disto só com uma qualquer maioria parlamentar IL?... É que, depois de tudo, estamos atados de pés e mãos a uma outra "situação", cada vez mais escura e inviável... a chamada "União Europeia".)
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De Anónimo a 28.03.2022 às 21:33

Duma coisa tenho quase a certeza: Se Trump estivesse hoje no poder, talvez Putin não se tivesse atrevido a invadir a Ucrânia. Hoje, a Helena Matos no Contra-Corrente do Observador introduziu uma questão e um conceito muito interessante que definia o Trump: o seu grau de imprevisibilidade. Essa característica da sua personalidade _ que muitos lhe apontavam mas traduziam erroneamente como sendo uma espécie de irresponsabilidade, acho que seria neste momento uma mais valia, nas circunstâncias actuais,  na medida em que esse seu lado de extravagante insensatez com uma dose q.b.de imprevisibilidade, talvez o tornassem  um adversário temível para o próprio Putin. Ou sobretudo para o Putin.  Provavelmente a personalidade de Trump seria um elemento dissuasor das  veleidades imperialistas de Putin. Este teria, sem dúvida,  um adversário à altura, uma espécie de fanfarrão da "America first", também ele um megalómano,  também ele com a loucura suficiente para tomar a iniciativa de jogar à roleta russa se provocado.
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De Anónimo a 29.03.2022 às 10:39

(Peço desculpa, por distracção o comentário veio parar ao sítio indevido. Pertencia ao seu post anterior).
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De Anónimo a 29.03.2022 às 12:21

Como pode ter "quase a certeza" que Putin não se atreveria? 
O Trump até chamou génio ao Putin por invadir a Ucrânia.
Neste momento teríamos o Trump a apoiar a invasão enquanto alguns países europeus reclamariam muito baixinho.
https://www.politico.com/news/2022/02/23/trump-putin-ukraine-invasion-00010923
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De Anónimo a 29.03.2022 às 13:56

https://www.youtube.com/watch?v=1K32tVli1Sg
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De Anónimo a 29.03.2022 às 14:02

" S fosse comigo, o conflito não tria acontecido comigo na prsidência" _Trump.
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De Anónimo a 29.03.2022 às 14:27

" Trump até chamou génio ao Putin ".

Não percebeu a ironia: Trump referia-se à esperteza de Putin pelo seu sentido de oportunidade, isto é, elogia Putin por ter sabido aproveitar as circunstâncias ideais: a tibieza de Biden. Por outras palavras, Trump quis de facto insultar Biden e chamar-lhe a Biden um líder fraco, razão que levou Putin a considerar que nada teria a temer e por isso "escolheu" este momento para invadir a Ucrânia. Como vê, não se tratou propriamente de um "elogio" ao líder russo
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De anónimo a 30.03.2022 às 00:39


O termo que Trump utilizou foi "savy".
Savy: "having or showing perception, comprehension, or shrewdness especially in practical matters."
Shrewdness= No contexto seria: espertote, espertalhão, chico esperto.Tudo menos "sábio" ou um eleogio. Trump conhece bem quem é Putin.

A afirmação foi proferida antes do início da invasão, na fase em que os próprios serviços de informação dos EUA afirmavam "uma invasão em preparação".
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De Anónimo a 29.03.2022 às 10:51

Anda-se a discutir se há-de ou não celebrar o 25/Nov. _ para não incomodar a esquerda radical. O novo ministro da "cultura" já disse que "nem pensar!" porque isso é uma questão muito "fracturante" na sociedade portuguesa. Portanto, continuam os paninhos quentes para não desagradar à extrema esquerda. Daqui tiramos as nossas ilacções... a notícia da morte da geringonça é manifestamente exagerada.
Que se pode esperar deste país?!

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