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Celorico de Basto é uma terrinha sossegada, um lugar próximo do Céu, onde por isso fazem mais ruído as pilhérias do Mafarrico. Como, por exemplo, esta última - desabou o tecto da Conservatória do Registo Civil; em cima da cabeça dos funcionários, uma das quais seguiu dali para o hospital.
Ora estes acidentes não acontecem por acaso, nem inopinadamente. As responsabilidades têm de ser encontradas no horizonte mais alargado do Regime inteiro, a largar lascas por toda a parte.
Guardadas as devidas distâncias, ocorre-me, a propósito, aquele episódio narrado por Costa Brochado (in Para a História de um Regime) sobre uma visita do Presidente da República ao Brasil, em 1921: viajou, não em um navio da Armada, mas «num paquete mercante, que parou algumas vezes no caminho por falta de carvão, rebentamento das caldeiras, etc». Isto porque, segundo o próprio Ministro da Marinha de então, não havia «um navio capaz de dar um tiro», sobrando, no entanto «vinte e três almirantes», espécie hierárquica inexistente quando a Monarquia caiu.
Além da pronta recuperação da senhora funcionária atingida por mais uns bocados da República, ficam os votos de um tanto quanto possivel tranquilo desempenho dos seus colegas. Será necessário escorar os tectos da repartição e evitar a permanência de vibrações mais maçadoras e impertinentes. E, já agora, ler (ou reler) os profetas. Um dia virá... Para já aguardemos uma provável IV República, sem «ética» mas com a justiça possivel. De que modo chegará ela? Durante o sono dos parlamentares? Pelas armas, cumprindo a tradição das antecessoras?
O Regime está cheio de traumas e traumatizados mas, com boa disposição, é sempre caricato. E imprevisivel.
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