Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Tenho muitas discussões por aí, por passar o tempo a tentar demonstrar o absurdo da argumentação contra coisas de que não gosto: eucaliptos, barragens, estradas, agricultura superintensiva, urbanizações mal amanhadas, etc..
É que uma coisa é eu gostar, ou não, de uma coisa, outra coisa é achar que, por eu não gostar de uma coisa, todo o tipo de argumentação é válido para impedir essa coisa, independentemente de ser verdadeira ou falsa, ter em conta, ou não, os diferentes interesses, avaliar se as alternativas são piores, ou não, e coisas que tal.
É uma actividade estúpida da minha parte porque não ganho nada com essas discussões e só arranjo conflitos, mas nasci com esta panca cartesiana e a irracionalidade numa discussão é uma coisa que me incomoda muito.
A verdade é que a maioria destas discussões seguem um padrão que as tornam surrealistas: alguém defende que era muito melhor que Castelo Branco tivesse uma praia oceânica.
Eu argumento que Castelo Branco está relativamente longe do mar (aliás, essa é uma das razões pelas quais eu defendo, há muitos anos, que a capital do país deveria mudar para lá).
A partir daí, o dito alguém descreve-me as vantagens para o turismo que viriam de Castelo Branco ter uma praia oceânica, de como isso iria contrariar os efeitos económicos e sociais da interioridade de Castelo Branco, de como seriam mais bonitos e variados os pores do sol em Castelo Branco, de como isso facilitaria a mobilidade, que como se poderia investir na energia das ondas para aumentar o uso de energias renováveis em Castelo Branco, etc., etc., etc..
A cada novo argumento, eu respondo dizendo que não é possível haver uma praia oceânica em Castelo Branco nos próximos milhares de anos.
Os que ainda ouvem os meus argumentos, talvez me respondam que eu tenho vistas curtas, o futuro está por inventar e podemos trocar-lhe as voltas, que o mundo ainda é uma criança.
Os outros, a larga maioria, ignora simplesmente a impossibilidade do que propoem, continuando a argumentar sobre as vantagens associadas a um mundo impossível que defendem que seria bem melhor que o mundo actual (coisa que não contesto, não tenho dúvidas de que seria um mundo melhor, o único problema advém do pequeno pormenor de ser um mundo impossível, claro).
Espero que antes de chegar aos setenta anos me consiga convencer de que não vale a pena argumentar contra a grandeza de mundos imaginários com a discussão mesquinha sobre a sua viabilidade prática.
Razão tem Paulo Tunhas: "as máquinas de palavras são indiferentes à verdade".
Parábola da Praia de Messejana
Consta que a virtual Praia tem ancoradouro na seguinte passagem.
Quando o Brito Camacho foi nomeado primeiro-ministro, os messejanenses pensaram logo em tirar proveito da costela conterrânea do governante. Uma comissão de notáveis foi recebida pelo patrício ministro que, serenamente, ouviu das suas reivindicações. Queremos isto, mais isto e aquilo e ainda isto, olhe, e ainda esquecíamos mais isto. Com a fina ironia alentejana que tão bem soube expor nos seus escritos, Brito Camacho, perguntou maliciosamente se, para além daquilo tudo, não quereriam também uma praia lá para a terra. A comissão de notáveis, empolgada com a abertura do governante, ripostou de imediato: arranje então lá a água, que a areia arranjamos nós!
Durante anos a palavra praia esteve erradicada do vocabulário messejanense. Ainda há poucos anos aquando da construção do depósito de água, a malandragem de Aljustrel comentava: os da praia já tem farol e tudo...!
(extraído do blogue “Aldeagar”)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
"Parece-me que a história é, por definição, o pont...
E como digo desde há anos: Fujam de Lisboa, fujam....
(continuação)Smith, J.D. et al. (2016) “Effectiven...
(continuação)Radonovich, L.J. et al. (2019) “N95 R...
"Have you ever wondered who's pulling the strings?...