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O regime moçambicano desde a independência - com algumas nuances, em especial ainda durante a chamada primeira república - é, essencialmente, uma plutocracia dominada por assimilados.
Como é normal em todos os regimes, o regime moçambicano assenta num mito fundador - o da luta anti-colonialista - e, para justificar a preponderância dos plutocratas, é-lhe útil apresentar uma moral aceitável.
Essa é a razão essencial pela qual os beneficiários do sistema, que inclui a academia pós-colonial e os seus "compagnon de route", insiste em torcer a realidade do último período colonial (entre 1961 e 1974), insistindo em caracterizá-lo a partir de realidades dos anos 30, 40 e 50, como se o colonialismo não fosse uma realidade em perpétuo movimento, empurrada pelos ventos da história.
Não é que não haja elementos de realidade nas histórias da carochinha que a academia vende como descrevendo a realidade, ou, no caso dos melhores, não é que não haja alguma razão para a cautela sobre testemunhos discordantes, mesmo que com preguiçosos argumentos desvalorizadores que insistem a caracterizar quem tem dúvidas como pobres de espírito incapazes de ver a luz, "por não saírem do seu anacrónico saudosismo, continuam a remoer espúrias negações".
A questão de fundo é que é apenas uma parte da realidade, sendo sobretudo a realidade dos documentos normativos, muitos deles de aplicação mais que limitada (a mim faz-me lembrar as loas tecidas às reformas da educação do Marquês de Pombal, tecidas a partir dos diplomas com que justificou as suas decisões que, essencialmente, se traduziram em diminuir a população escolar em 90%).
Aparentemente desconhecem a sábia observação de um administrador (ou inspector?) colonial das primeiras décadas do século XX: "Eu, Ex.mo Sr., se fosse indigena, não hesitava um momento sobre o caminho a seguir, e V. Exª certamente faria o mesmo. Acima de todas as hegemonias, há uma que domina em absoluto todas as outras e todos os sentimentalismos, é a hegemonia económica que, em termos vulgares e correntes, se chama a defesa da barriga".
Escrever, podemos escrever o que quisermos, incluindo não escrever nada, mas quanto a comer, ao fim de umas horas a coisa começa a complicar-se, é um pormenor que os plutocratas que governam Moçambique esqueceram há muito, razão pela qual se esforçam em manter vivos os mitos que justificam moralmente governos tão maus.
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