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A pastelaria Suíça e o futuro da cidade

por João Távora, em 28.06.18

Pastelaria Suiça, esplanada.jpg

Confesso que me faz um pouco de confusão o coro de lamentos e indignação a propósito do anúncio do fecho da pastelaria Suíça no Rossio, oriundo provavelmente da parte de quem nunca lá pôs os pés. Eu não tenho pena nenhuma: acontece que há muitos anos que aquele espaço perdera o charme de outrora, o seu serviço e oferta eram absolutamente indiferenciados, bastante medíocres. É assim a vida de muitos negócios: com o passar dos anos entram em decadência e fecham. Curioso foi ouvir esta manhã o testemunho de um velho engraxador da Rua da Palma a uma reportagem da Rádio Renascença que se queixava disto agora ser só "estrangeirada". O populismo nacionalista tem muita freguesia na nossa praça. 
Mas quem se lembra da ruína que a baixa pombalina atingiu há 10 ou 15 anos, não só desertificada de habitantes mas com os serviços em debandada? Ser um conservador não é o mesmo de ser resistente à novidade, muito menos gostar de decadência e do cheiro a ranço das “mercearias tradicionais” onde a proximidade era pretexto para explorar os fregueses incautos e reformados carentes. Ou exigir chapelarias, cutelarias e tabernas abertas a cada esquina ao som de pregões de aguadeiros e varinas. São incontáveis os negócios e as lojas que fecharam nas nossas cidades fruto da mudança dos tempos. Assim como são incontáveis os negócios que os novos contextos proporcionaram aos mais atentos empreendedores. Um conservador gosta desta dinâmica pois são essas mudanças que vão evitar a ruína e viabilizar a continuidade da sua cidade. E a propósito, já repararam nas dezenas ou centenas de novas lojas elegantes e nos sofisticados cafés, bares, restaurantes de conceituados chefes nacionais e estrangeiros que animam por estes dias as ruas de Lisboa? 

Sem dúvida que a grande revolução que está a reabilitar os centros das nossas velhas cidades traz efeitos colaterais perniciosos que é necessário precaver politicamente. Mas trazer o sentimentalismo e o saudosismo para alimentar a discussão é a melhor forma de meter a cabeça na areia e não enfrentar os desafios que o problema comporta. E de servir obscuras agendas políticas.

 

Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa


3 comentários

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De Anónimo a 28.06.2018 às 12:56

Não me faria confusão que a pastelaria fechasse por não ter clientes e por não se saber adaptar ao seculo XXI. Não é a pastelaria Suíça que já foi, mas também já foi bastante pior do que está agora e é um sítio onde continuo a ir. Pode ser bastante melhorada, mas não está decrépita e não seria muito difícil incluí-la num qq projecto hoteleiro/comercial. 

Faz-me confusão a postura pato-bravista da CML que só quer ver dinheiro fácil e para quem a vida de quem mora/trabalha em Lisboa parece um empecilho ou uma "contingência" a ser gerida. Espero honestamente que os lisboetas tratem o presidente da câmara com o mesmo respeito que o senhor nos tem devotado, que é nulo. Há um outro ponto que me preocupa - e que não é de agora - , especialmente na Baixa, que é a forma como os edifícios estão a ser afectados, as qualificações de quem assina os projectos, como é que a Câmara os aprova e como é que fiscaliza (ou não) o que está a ser feito. 


O mesmo para os restaurantes... uma semana de inspecções surpresa e a ASAE tinha o orçamento anual garantido. 






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De Anónimo a 28.06.2018 às 14:03

este negócio foi criado por um Amigo do 2º Marido de minha MÃE há uns 100 anos
o nativo é por natureza avesso à evolução
prefere a involução social-fascista
o que lhe falta em persistência, encontra-se compensado pelo excesso de inveja
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De Anónimo a 29.06.2018 às 16:59

Há uns anos o serviço era medíocre,displicente,caro.Não tornei.
Não alterno com "A Semente de Linho em Cama de Babugem Marinha".

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