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Foto: Diário Económico (Paulo Figueiredo)
“Sim, sim, é geringonça, mas funciona. É uma grande vantagem, estão a ver? É geringonça mas funciona.” Disse uma vez, não há muito tempo, o Primeiro-Ministro.
Governar um país é como guiar um barco, roda-se o volante vigorosamente e nada acontece, e depois passado uns minutos, o barco responde rapidamente. Há um delay entre a acção e a reacção.
Também acontece isso com um país, criam-se medidas, revogam-se as anteriores, devolvem-se os rendimentos, e num primeiro momento o equilíbrio não é afectado, até que de repente, zás, o resultado. Se forem acções bem pensadas o resultado é bom, se não forem o resultado abrupto será desastroso. A geringonça só se vê se funciona quando houver a resposta da economia à actuação do Governo.
O Ministro das Finanças também sabe isso. Pois disse-o à CNBC. “A paciência é a essência para a recuperação económica”. Deve haver um alinhamento “na capacidade de esperar que elas [as medidas] surtam os seus efeitos”. Medidas? Quais Medidas? As do anterior Governo? Eis a resposta: “[é preciso esperar] que as reformas estruturais feitas nos últimos anos se materializem”, o que ajudará a acelerar o crescimento e a redução da dívida.
O ministro socialista, longe dos palcos políticos lá disse que o rácio de dívida pública “está a cair desde 2014” e que Portugal conseguiu “colocar o rácio de dívida (sobre o PIB) numa trajectória descendente”.
Centeno já antes tinha admitido que as previsões do Governo dependem da retoma do investimento.
O que diz hoje a OCDE?
A economia portuguesa só irá crescer 1,2% neste ano e 1,3% no próximo, e para este ano prevê um défice de 2,9% este ano. O governo tem metas muito mais favoráveis, prevê no Orçamento de Estado para 2016 como um crescimento do PIB de 1,8% e um défice de 2,2%.
A Comissão Europeia prevê um crescimento de 1,5% e um défice de 2,7%; o Fundo Monetário Internacional 1,4% e 2,9%, respectivamente e o Banco de Portugal prevê 1,5% de crescimento do PIB (e não publica previsões para o défice).
A OCDE diz ainda que o Orçamento de Estado de 2016 baseia-se mais em impostos sobre o consumo e menos em impostos sobre o rendimento.
"A redução da taxa do IVA dos restaurantes vai reduzir as receitas fiscais e provavelmente terá pouco efeito sobre o emprego”, refere o novo estudo Panorama Económico de hoje.
Em relação à ancora do crescimento económico do Governo de António Costa, isto é, o consumo interno, a OCDE admite que o consumo privado “pode compensar parcialmente os resultados negativos do investimento”. Mas avisa que não será sempre assim: “As políticas para impulsionar a procura interna não vão produzir efeitos duradouros”.
O aumento da despesa em consumo sofre limitações impostas por uma taxa de poupança historicamente baixa e uma reduzida criação de emprego, levando o consumo privado a perder o vapor. Quem o diz é a OCDE, não é a direita que está na oposição.
Já o INE disse que a evolução do PIB foi suportada apenas pela procura interna. O INE anunciou ontem uma ligeira revisão em alta do crescimento do PIB face às estimativas divulgadas a 13 de Maio último, mas o investimento caiu pela primeira vez desde 2013, numa altura em que as previsões económicas do Governo estão dependentes da retoma do investimento. Ao mesmo tempo, as exportações caíram, enquanto o consumo privado manteve o ritmo de crescimento que já vinha do último trimestre de 2015.
Pois, o investimento diminui pela primeira vez desde 2013.
A OCDE lamenta ainda que “as reduções previstas nos impostos sobre as empresas, que poderiam aumentar o investimento e o crescimento" tenham sido "canceladas”. “Um aumento dos benefícios sociais apoiará as famílias de baixos rendimentos”. Mas “as reduções de despesa previstas estão sujeitas a riscos de implementação severos”. Isto é, a OCDE duvida destas medidas e da sua execução orçamental.
Os riscos para o crescimento da economia “são maioritariamente internos e estão relacionados com o alto endividamento dos sectores público e privado”.
A organização também piorou a estimativa para o desemprego, esperando que represente 12,1% este ano e 11,5% no próximo, quando em Novembro apontava para taxas de 11,3% e 10,6%, respectivamente.
A geringonça funciona? Só se for na aparência, que é como quem diz no marketing. Mas o que parece tem muita força.
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