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Laborinho Lúcio:
"Nós organizámos a lista com os nomes justamente porque isso estava acertado com a própria Conferência Episcopal Portuguesa, que o que iríamos entregar eram alegados abusadores e entregaríamos no trabalho feito diretamente nas dioceses pelo Grupo de Investigação Histórica, a conexão factual entre aqueles nomes e esta lista. Evidentemente, quando na conferência de imprensa da CEP é dito “foi-nos entregue uma lista com nomes”, isto é verdade. Mas, enfim…
O que é que falta nessa verdade?
Mal comparado, o que falta é isto. Admitamos que convido um conjunto de pessoas para um casamento. E depois prometo: na véspera envio-vos a lista com o nome dos convidados. As pessoas não vão dizer “tenho aqui uma lista com nomes convidados, não sei para que é que isto serve”. Evidentemente, toda a gente sabe que aqueles convidados são para o casamento e as pessoas têm mais ou menos a ideia do que acontece num casamento. Ora, os senhores bispos tinham toda a informação sobre o casamento, o que lhes faltava era ter o conjunto exato dos nomes dos convidados."
Américo Aguiar:
"Vamos aos factos. Uma folha A4 com 24 nomes. Ponto. Se sabia, se não sabia, se tem dados, se podem ter acesso… Pode ser tudo. O que é que foi entregue à comissão diocesana de Lisboa, nas mãos do senhor patriarca, que recebeu no dia 3? Uma folha A4 com nomes.
...
Oito nomes foram identificados como sacerdotes falecidos, quatro nomes foram identificados como desconhecidos — portanto, até ao momento não conseguimos identificar, podem ter sido sacerdotes, podem ter sido leigos. Depois, há quatro ou cinco casos que são os já conhecidos, trabalhados e mediatizados, há um leigo — concluímos que é um leigo, que tem um petit nom. Tenho dado o exemplo de “Toy”, de brinquedo ou do cantor, mas não é o que está lá, é um petit nom desse género, que pode ser qualquer pessoa, de qualquer circunstância. E, depois, temos os tais sacerdotes…
Os cinco.
Os cinco ou seis, sobre os quais, naquilo que é o arquivo histórico, naquilo que é o conhecimento direto mais recente da vida no patriarcado, não há qualquer indicação de que tenha havido, de que possa haver, de que houve ou que não houve."
Alguém está a mentir aqui e, na opinião de Paulo Ferreira, no Observador, tem de ser o bispo porque entre Laborinho Lúcio e um bispo, por definição, ele acredita em Laborinho Lúcio.
Eu estranho que um jornalista use este critério para perceber quem está a mentir e, pessoalmente, uso outro, prefiro olhar para os factos.
Ora o que acontece é que Laborinho Lúcio reconhece que o que foi entregue apenas uma lista, mas diz que essa não é toda a verdade. E quando lhe perguntam qual é a parte que não é verdade, em vez de responder objectivamente, faz uma metáfora.
Qual é o problema dessa metáfora?
É que não corresponde aos factos que ele próprio reconhece como verdadeiros: a comissão independente anunciou uma lista de convidados para o casamento, mas entregou uma lista que inclui convidados e fornecedores, deixando a quem recebe a lista o trabalho de ir consultar o planeamento do casamento para saber quais são os convidados, para se poder organizar as boleias entre eles.
E, nesse momento, quando os que recebem a lista dizem que têm uma lista de nomes que os vai obrigar a ter mais informação para saber como podem organizar as boleias, Laborinho Lúcio vem dizer que não estão a dizer bem a verdade porque todos têm o planeamento do casamento, onde podem procurar a informação de que precisam.
O facto é que, se alguém mente aqui (eu acho que não é bem mentir, por uma razão que me escapa a comissão independente lida muito mal com a pressão da opinião pública e tem medo de ser acusada de estar a fazer o jogo da igreja, pelo que alguns dos seus membros se desdobram em declarações, completamente escusadas, que lhes permitam aparecer publicamente como os justiceiros que não fazem cedências na defesa das vítimas, ou melhor, destas vítimas, porque sobre as vítimas dos mais de 95% de crimes, que não ocorrem na igreja, demonstram bastante indiferença e não se escandalizam quando o membro do governo que tutela o desporto diz que não existem dados para avaliar abusos no desporto, assédio sim, mas abusos não, uma excepcionalidade portuguesa que se escusa de fundamentar, claro), é mesmo Laborinho Lúcio, porque é aquele que se recusa a descrever os factos tal como eles são, usando a sua brilhante oratória para passar a ideia que quer, mesmo quando aparentemente está a dizer outra coisa e a ser muito objectivo.
O que me deixa baralhado nisto é o facto destes membros da comissão independente terem tanta necessidade de estar sempre a procurar demonstrar que a hierarquia da igreja não está a fazer o que pode para responder ao problema, mas provavelmente é um mistério que nunca verei esclarecido, como o mistério desta comissão propor a revisão do segredo da confissão, questão que não se percebe qual seja a relação com o abuso sexual de menores.
Pedro Strecht já demonstrou, na Casa Pia, que quando as coisas não garantem a defesa das vítimas, bate com a porta.
Neste caso, não bateu com a porta.
Assim sendo, de que se queixam estes membros da comissão independente?
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