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Para assinalar o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, a Câmara de Lisboa, em parceria com uma associação, tinha intenção de organizar qualquer coisa que incluía uma caminhada e um almoço, onde pretendia que participassem pessoas em situação de pobreza (parece que a coisa se faz desde 2002, mas este ano teria algumas alterações).
Não conheço os pormenores da coisa porque não me interessou ir saber mais depois de ver argumentos de alguns presidentes de junta de freguesia da esquerda, completamente idiotas, aproveitando para criticar a baixa de IRS decidida em Lisboa ("“A pobreza não se combate com ‘marchas e piqueniques’ mas sim com medidas concretas. Se o Presidente Moedas em vez de se associar à insólita ‘marcha dos pobrezinhos’ dedicasse os cerca de 8 milhões de euros que a Câmara decidiu não receber do IRS – o que dará uma média de devolução a cada lisboeta de 12 euros por ano – a ajudar diretamente os mais desfavorecidos, esses 8 milhões de euros dariam para 750 000 refeições durante todo o ano, o que corresponderia a 2050 refeições diárias. Isso sim, seria uma forma eficaz de combater a pobreza…”).
O que me chamou a atenção foram vários dos meus amigos das esquerdas que pertencem, como eu, desde sempre, às classes dominantes, a bater palmas ao cancelamento da coisa e a fazer aquilo que, desde sempre, fizeram: decidir o que é bom para os deserdados da vida, sem terem a mínima preocupação em saber a sua opinião.
É para mim impressionante que na pouca cobertura que vi desta polemicazinha não tenha reparado em ninguém verdadeiramente interessado em saber o que pensavam sobre o assunto os principais interessados, como é habitual acontecer nas elites portuguesas, especializadas na arbitragem de elegâncias, mas muito pouco atentas ao mundo fora da sua bolha social.
Suspeito que é desse traço das elites portuguesas que se consideram de esquerda, desde o tempo de Matusalém, que lhe vem o ódio que devotam a Cavaco, um homem que se esteve nas tintas para a sua arbitragem de elegâncias e, apesar disso, conseguiu o que estas elites tentam permanentemente, sem nunca conseguir: ser amado pelo povo.
E, na verdade, embora Passos Coelho não tenha tido um contexto que lhe permitisse ser amado pelo povo, de forma mais abrangente, é a suspeita de que, se aparecer uma boa oportunidade, será também isso que acontecerá a Passos Coelho, que faz com essa esquerda das classes dominantes se esforce tanto por o diminuir.
Não faço a menor ideia sobre se a tal coisa com caminhada e almoço era boa ou má, teria resultados ou não e etc., o que sei é que toda a discussão - como a discussão sobre o escândalo dos sistemas de saúde e educação duais que temos - exclui liminarmente os deserdados da vida a quem ela deveria, prioritariamente, dizer respeito.
Parece que saíram os números sobre pobreza em Portugal que não são muito animadores, quer em termos absolutos, quer na definição da tendência do que está a acontecer.
Por mim, não espero que seja desta vez que os árbitros das elegâncias consigam admitir que talvez fosse tempo de se deixarem de proclamações sobre terceiros, sobretudo quando, na verdade, ignoram o que é viver como vivem os 50% dos portugueses cujo salário (líquido) anda abaixo dos 900 euros, a que se juntam os muitos milhares que nem sequer têm salário.
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