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Eu sei que o Dr. Miguel Filipe Machado de Albuquerque, presidente do governo regional da Madeira, é uma pessoa distinta, advogado, escritor, político sério, pai de família, criador de rosas de fama internacional, e, julgo, social-democrata. Mas o que o Dr. Miguel Albuquerque decidiu sobre as tarifas aéreas para os habitantes da Madeira é mais uma demonstração de que a crença nos entorses igualitários e a descrença na iniciativa privada e na concorrência estão incrustadas na maneira de fazer política à portuguesa. O novo regime de tarifas aéreas é mais uma daquelas maravilhas socialistas que, no curto prazo, solta as asas da propaganda e parece oferecer um Pégaso, o qual, no longo prazo, se revela uma pileca daninha e imprestável.
Até agora, os madeirenses que quisessem viajar para o «cont-nente» eram subsidiados. Escolhiam a companhia aérea e a tarifa, e o governo regional devolvia-lhes depois tudo o que no preço pago excedesse 86 euros.
Mas, é claro, sabendo como os orgãos do Estado em Portugal -- tendo-se, embora, e à sua acção em alta conta -- funcionam mal, os reembolsos dos utentes atrasaram-se miseravelmente, tendo eles que esperar muitos meses para reaver o dinheiro prometido.
Ora, o Dr. Miguel Albuquerque, sendo uma pessoa distinta, bom pai de família e floricultor, tem uma solução rápida e festiva. Corrigir os atrasos? Não. Dinamizar os serviços? Não. Fazer as coisas a horas e em tempo satisfatório? Não. O Dr. Miguel Albuquerque tem uma solução socialista: transferir as demoras de reembolso para as companhias aéreas que prestam o serviço.
A partir de agora, os madeirenses, libertos da temperança que os atrasos de reembolso impunham [o que coloca a dúvida: seriam intencionais?] chegam ao balcão de uma companhia aérea qualquer e compram um bilhete para dali a uma hora, se houver; na tarifa mais cara da companhia mais cara, se assim entenderem; e pouco lhes importa, porque no acto só vão pagar 86 euros. As companhias aéreas que vão receber ao Totta, perdão, ao governo regional, porque o resto do valor do bilhete (sejam 20, 50, 200 ou 300 euros) é o governo regional que paga à companhia aérea. E a companhia aérea não vota.
Grande festa, bombos e pandeiretas, enorme regalia para os utentes? Parece. E consequências? Péssimas, mas só mais tarde.
A primeira consequência vem da mais que justificável desconfiança na competência dos serviços públicos. Pois se os utentes tinham que esperar meses para serem reembolsados, que devem as companhias esperar em termos de eficácia e prazos? É o primeiro factor que torna o mercado madeirense menos interessante.
Mais. Se uma companhia aérea é competitiva e oferece tarifas baixas, mas competência e esforço se revelam afinal indiferentes, pois que os madeirenses estarão a borrifar-se para as tarifas... se a competitividade não adianta nada, o que faz nesse mercado uma empresa competitiva. É o segundo factor a desaconselhar a presença nesse mercado.
E, então, qual poderá ser o resultado. O resultado poderá ser que madeirenses e governo regional se vejam reduzidos a uma ou duas companhias aéreas, a praticarem preços proibitivos e os horários que entendam, sem qualquer incentivo para apresentarem bom serviço, e plenamente justificadas nisso pelo facto de terem que esperar meses para que lhes paguem o que lhes devem. Os utentes madeirenses estarão subsidiados, porém sem opções, sem escolha, e com uma oferta pior. Em vez do Pégaso, a pileca. Oferta do Dr. Miguel Albuquerque, pessoa distinta e educada, advogado, político, escritor, criador de rosas, que, porém, faz como no socialismo.
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