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A insuperável superioridade da esquerda

por henrique pereira dos santos, em 09.12.22

Chamaram-me a atenção para a intervenção de Sá Fernandes ontem, na SIC Notícias, pelas nove e tal da noite, sobre o plano de drenagem de Lisboa, em que defende que os quinze anos que passou como vereador responsável pelo assunto, explicando que se o actual executivo está a adjudicar a obra dos túneis agora, isso não se deve à incapacidade de execução anterior, mas sim à complexidade do assunto.

É uma boa intervenção, demagógica que chegue como é costume em Sá Fernandes, mas acho que vale pena ir ouvir (já agora, porque me tinham chamado a atenção para esta intervenção, acabei por tropeçar na intervenção anterior, no mesmo jornal, de Carlos da Câmara, essa sim, uma intervenção muitíssimo sólida e interessante sobre o assunto).

Não me interessa nada discutir essa intervenção em si (na verdade, tive de recusar o convite para voltar à SIC notícias, nessa noite, depois de lá ter estado ao meio dia, por razões pessoais, para falar sobre o assunto, portanto este post não resulta da falta de oportunidade para dizer o que penso sobre as cheias rápidas em Lisboa, ou na aldeia de Sameiro, como se pode ver aqui e aqui (já agora, nestes posts falo da precipitação de 20mm numa hora, Carlos da Câmara fala de 17mm em dez minutos, na noite do dia 7 de Dezembro, na Tapada da Ajuda, e 70 mm em três horas, mais ou menos 10% da normal dos trinta anos para o acumulado da precipitação anual em Lisboa, o que dá bem a dimensão do dilúvio que ocorreu num curtíssimo espaço de tempo)).

O que me interessa é a quantidade de gente politicamente alinhada com Sá Fernandes que corre a explicar o contexto em que teve responsabilidades políticas para o isentar de responsabilidades pelas cheias rápidas ocorridas este ano em Lisboa.

Interessa-me porque estas pessoas (e vi muitas, fazendo grandes proclamações sobre o facto de terem memória, e conhecerem bem todo o processo que foi preciso percorrer para que Moedas possa agora aparecer a dizer que consignou a obras dos túneis), na sua generalidade, não reivindicam a mesma necessidade de ter memória e explicar o contexto e todo o processo político e financeiro que ocorreu antes da entrada da troica e do governo de Passos Coelho, limitando-se, frequentemente, a responsabilizar Passos Coelho pelos efeitos negativos a que as soluções dos problemas financeiros do Estado deram origem, como se fosse possível resolver esses problemas sem efeitos secundários negativos e Passos Coelho tivesse grande responsabilidade na criação do problema que era preciso resolver.

E interessa-me o facto da imprensa, aliás bem, dar espaço ao contraditório que Sá Fernandes veio fazer a Carlos Moedas, lembrando que não foi pelo facto da câmara anterior não fazer nada que ocorreram as cheias rápidas urbanas que ocorreram em Lisboa.

Esta duplicidade de critério que protege a esquerda e malha na direita é claramente um dos problemas políticas mais sérios que temos em Portugal, responsável por acentuar um ambiente de discussão pública sectário e pouco eficiente.

O que é pena (até porque os messiânicos túneis não vão resolver todos os problemas de cheias rápidas e daqui a uns anos voltaremos a ter a oportunidade de discutir quem teve a ideia e a responsabilidade de enterrar cem milhões de euros a setenta metros de profundidade, se afinal continua a haver cheias, provavelmente menos frequentes, provavelmente minimizadas, aspectos que nessa altura serão lembrados como positivos se quem estiver na câmara for dos nossos, ou potenciados como negativos, se quem estiver na câmara for dos outros).


15 comentários

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De Anónimo a 09.12.2022 às 16:42

Quanto às previsões do " gugu galocheiro da onu" (  "um homem fraco, influenciável, indeciso e superficial " , na definiçºao cirúrgica do Grande Ausente...) , até ao dia de hoje  os Holandeses, , que se saiba, não lhe terão dado grande crédito...
JSP

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