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A indústria dos pobrezinhos

por henrique pereira dos santos, em 03.01.18

O meu post anterior sobre os efeitos para as respectivas organizações do uso da liberdade de expressão por parte de responsáveis pela Padaria Portuguesa, pelo Pingo Doce e pelo Banco Alimentar teve um efeito que confesso que me surpreende pela dimensão: a quantidade de pessoas, aqui nos comentários, ou no meu Facebook, que se empenham em demonstrar o que eu disse, é comovente.

Por isso gostaria de homenagear todas as pessoas que dedicaram o seu tempo e o seu esforço a demonstrar que os factos lhes são completamente irrelevantes quando se trata de destratar "os chorudos ganhos imorais" desses malandros que dizem o que pensam, reproduzindo parcialmente um comentário, a que acrescentarei os meus próprios comentários para realçar a imensa sabedoria que suporta a crítica a organizações criminosas como o Banco Alimentar e outras centrais de crime organizado, como as empresas citadas.

"O Banco Alimentar conquanto possa ter algum mérito, não deixa de fomentar alguns belos e chorudos ganhos imorais, para não os chamar de escandalosos:"

O Banco Alimentar não é pois, uma organização que nasceu para fazer uma função que ninguém fazia (o encontro entre os produtores de excedentes alimentares existentes no mercado e as pessoas sem recursos para aceder ao mercado de consumo), mas antes uma alavanca para fomentar chorudos ganhos imorais e escandalosos.

Vejamos a brilhante demonstração do comentador (repito, não é um comentador muito original, esta tese é muito popular sendo repetida vezes sem conta nos mais diversos meios)

"A) IVA para o Estado relativo aos milhares de produtos que o Público adquire para para doar e mostrar à sua "má consciência esbanjadora" que é muito solidário."

O primeiro ganho imoral e escandaloso é o ganho do Estado com um imposto sobre o consumo. A tese do comentador é inatacável: se não se alimentarem as pessoas que não têm dinheiro para comprar alimentos, os alimentos não se vendem, logo, o Estado não consegue arrecadar IVA, actividade que, como todos sabemos, é imoral e escandalosa. Certamente por falta de espaço, ou mesmo por modéstia, o comentador não trouxe à discussão os outros benefícios que a sociedade poderia obter por não alimentar quem não tem dinheiro para comer: como é tudo gente que só consome e não produz, o ganho em poupança nas prestações sociais e outras despesas estúpidas começar-se-ia a notar logo ao fim das primeiras semanas em que se acabasse com esta mania de alimentar quem não tem dinheiro para comer, deixando o Estado de necessitar de tanto dinheiro do IVA para acudir aos mais pobres

"B) As Grandes Superfícies que à conta vendem mais uns milhares de toneladas de bens que se não fosse o "Banquinho Alimentar" não saíam naqueles dias das prateleiras."

Ora cá temos mais um ganho imoral e escandaloso: ganhar dinheiro a vender bens de consumo de primeira necessidade, como batatas, arroz, massa e essas coisas. De novo a mesma tese e absolutamente certa: se não se desse de comer a quem não tem dinheiro, os produtos não se vendiam e as grandes superfícies teriam muito menos lucro, com as vantagens marginais já antes referidas. Se não fosse a mania do Banco Alimentar dar de comer a quem tem fome, já não existiam esses lucros imorais e escandalosos das grandes superfícies.

"C) Os chamados "pobrezinhos" que nem precisam de procurar trabalho pois é só levar o carrinho das compras aos centros de distribuição e carregar "aquelas coisinhas que me fazem muita faltinha"."

Mais uma tese absolutamente inatacável: as pessoas só trabalham se tiverem fome e portanto é preciso assegurar que nenhum alimento lhes chega à boca que não seja produto do seu trabalho. Sejam doentes, sejam velhos, sejam desempregados, seja o que for, é evidente que só não trabalham porque o Banco Alimentar lhe leva a comida à boca, o que é péssimo para todos e até, como vimos acima, provoca venda de produtos e cobrança de impostos, duas actividades absolutamente imorais e escandalosas.

"D) Jonets e toda aquela gentinha atarefada; diziam os antigos, "Quem lida com o azeite sempre unta as mãos".
Estou certo que não estão ali a trabalhar para aquecer:
Esperam beneficiar de algo, no presente ou no futuro."

Aqui o ideal era mesmo os comentários virem assinados a sério para ficarmos todos a saber que, em qualquer circunstância, com estas pessoas o melhor é não confiar nem um bocadinho, porque são muito claras a explicar a sua visão do mundo: à mínima oportunidade, servem-se a si em vez de servir os outros.

E pronto, era só isto, a descrição dos fundamentos da indústria dos pobrezinhos que desmascara totalmente a ideia estúpida e absurda de dar de comer a quem tem fome.


5 comentários

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De Luis Moreira a 03.01.2018 às 17:10

Vou postar no Banda Larga. Bom ano e um abraço
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De Anónimo a 03.01.2018 às 18:29


O Sr. Henrique Pereira dos Santos sabe tanto de pobres de hoje como eu de chinês.
O que é que já fez, na sua vida, pelos verdadeiramente pobres?Alguma vez visitou a morada dos que actualmente se dizem pobres?
Já presenciou a ida de pessoas à AMI  buscar, gratuitamente, roupas usadas (mas devidamente lavadas) e depois de as usarem uma vez deitam-nas para o lixo para não se darem ao trabalho das lavar; a seguir voltam com o saco à AMI para buscar novo carregamento.
Já viu os carros e os "plasmas" de muitos desses que o Sr. diz que têm fome?
Faz o Sr. ideia dos metros cúbicos de cerveja, vinho e outras bebidas que esses mesmos pobrezinhos consomem nos Cafés de bairro à conta do RSI?
Conheci uma Sra que, à conta da sua pobreza, dum filho deficiente e demais filharada, recebia o suficiente para ir passar um mês inteiro de férias ao Algarve?
Conheci um casal de pobrezinhos que alugou uma casa modesta, geminada com outra que estava vaga e que, não contente comas instalações que tinha alugado, rebentou com a parede meeira, sem nada dizer ao senhorio, e regalou-se durante bastante tempo com as novas instalações.
Esteve esse casal 48 meses sem pagar renda e, quando se viu apertado pela Justiça abandonou a habitação sem sequer entregar as chaves ao senhorio.
Tem o Sr conhecimento do estado de conservação em que se encontram muitas das habitações cedidas pela Câmara Municipal de Lisboa aos "pobrezinhos que passam fome" que além de não pagarem a renda devida ainda ameaçam aos funcionários que lá são mandados contar a água e a luz.
Viajou alguma vez o Sr. Pereira dos Santos em certas carreiras de Autocarros da Carris e verificou que cerca de 10 a 20% dos utentes não paga o respectivo bilhete como eu já presenciei? (todos tinham ar de pobrezinhos).
Foi notícia este facto estimando-se que a Empresa deixa de receber anualmente mais de nove milhões de €.
Os pobres de hoje, têm automóvel, vão ao futebol, trocam de telemóvel todos os três anos e gastam muitos milhões em "raspadinhas".
E eu continuo a dizer: coitados dos pobres, que à custa deles, muita gente leva boa vida.




 
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De henrique pereira dos santos a 04.01.2018 às 11:53

Se bem percebo o seu comentário, é por causa do Banco Alimentar que as pessoas não pagam bilhetes nos autocarros, é isso?
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De Tiro ao Alvo a 03.01.2018 às 21:19

Tenho para mim que se não deve gastar cera com fracos defuntos, ou seja, parece-me que o Henrique está a dar importância a quem não tem qualquer valor. Alguns daqueles comentários são tão estúpidos, ademais feitos em casa alheia e abusando de um espaço de liberdade que não merecem, que o melhor, assim me parece, é ignorá-los.
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De André Miguel a 06.01.2018 às 13:44

Devemos sempre lembrar a última palavra d' Os Lusíadas de Camões. É a triste sina deste país.

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