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A 12 de Abril de 1861 rebentava a guerra da secessão, um fantasma que continua a pairar sobre os Estados Unidos - nações divididas pela guerra civil dificilmente superam a gangrena moral que as divide. O problema simplificou-se num paradoxo que vê ainda na contenda a divisão entre o Norte industrializado anti-esclavagista e o Sul tradicional e esclavagista que não queria abdicar do seu status quo. O que seria banalizar a essência da questão que originou a mais sangrenta das guerras, tão ignorada na Europa da época, sem que alguém compreendesse como este conflito prefigurava de certa forma um novo paradigma militar. Ali antecipou-se o século XX: a tecnologia, a estratégia militar, a grande hecatombe, faziam adivinhar o pior. Numa jovem nação ainda escassamente povoada, com cerca de 32 milhões de habitantes, custaria a vida a 620 mil almas, muito superior a qualquer outra guerra travado pelos EUA, incluindo a Segunda Grande Guerra.
A busílis da questão era de teor constitucional, um princípio forjado pelos "founding fathers", nos termos do qual tudo aquilo que não for competência expressa da União cabe aos Estados decidir (ideia que se pode extrair da X Emenda). Mais do que uma nação os EUA são o produto original do constitucionalismo moderno, onde a unidade resulta de um acordo entre os Estados que abdicavam de uma parcela da sua soberania para a depositar nas mãos do governo federal: legalmente os estados podiam separar-se da União à qual tinham aderido de livre e espontânea vontade. Aliás, os estados de Virginia, New York e Rhode Island, ao assinarem a Constituição tinham incluído uma cláusula que lhes permitiria separarem-se da União no caso de o novo governo se tornar "opressor".
Assim, a discussão extravasava a escravatura, quando em causa verdadeiramente estava o direito constitucional à secessão. O que não seria de menorizar, afinal se a escravatura serviu de rastilho, a explosão veio dos próprios mecanismos do constitucionalismo americano a braços com a pressão dos estados industrializados do norte determinados a arruinar economicamente o sul, embora disfarçando a ambição com laivos suspiros humanistas. O que não implica que na sociedade civil e junto a vários movimentos políticos não se procurasse a abolição daquela instituição. Contudo, ao poder político, ao estado central e aos grandes interesses económicos a resposta era apenas uma: subjugar economicamente o sul e substituir a escravatura negra pela nova escravatura do operariado, para tanto suportada pela massa de emigrantes vinda do velho mundo. A Revolução Industrial revelar-se-ia tão perniciosa quanto o velho sistema esclavagista.
Não obstante, o argumento da escravatura foi bandeira imediatamente lançada no pós-guerra na diabolização do sul, cuja economia se baseava essencialmente na agricultura e na exportação de algodão, exigindo para tanto baixas tarifas alfandegárias, entrando em conflito com os interesses do norte, mais voltado para uma incipiente produção industrial e determinado em proteger seus mercados internos. Lincoln viu-se então envolvido numa guerra, não para libertar os escravos, mas para preservar a união. Problema que jamais se colocaria na Rússia quando Alexandre II com um decreto libertou os servos; ou a Princesa Isabel com a lei Áurea libertou os escravos (se custou o trono jamais colocou em causa a unidade do Brasil). Lembro-me de uma observação de Eça de Queiroz no livro "O Conde de Abranhos": "Na Rússia autocrática, a vontade de um só Homem, do Czar, realiza com uma palavra o que a América do Norte só pode conseguir despendendo milhares de milhões e regando o solo de sangue..."
«I am not, nor ever have been, in favor of bringing about in any way the social and political equality of the white and black races, that I am not nor ever have been in favor of making voters or jurors of negroes, nor of qualifying them to hold office, nor to intermarry with white people ... I as much as any other man am in favor of having the superior position assigned to the white race. I say upon this occasion I do not perceive that because the white man is to have the superior position the negro should be denied everything. I do not understand that because I do not want a negro woman for a slave I must necessarily want her for a wife. My understanding is that I can just let her alone».
Aug 21, 1858: “I have no purpose to introduce political and social equality between the white and black races (...) I, as well as Judge Douglas, am in favor of the race to which I belong having the superior position”. And, “Free them [slaves] and make them politically and socially our equals? My own feelings will not admit of this. We cannot, then, make them equals”.
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