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Já aqui citei uma editorialista do Público nesta pérola sobre Passos e a invencionice da sua suposta xenofobia: "o ex-primeiro-ministro continua a ser fiel à mesma estratégia: instigar o medo, e o medo mais básico, como o medo do outro".
Ontem, por acaso, li um comentário de um amigo meu, amigo da vida real, não diria que é amigo de casa, mas reconhecemo-nos como amigos com diferenças acentuadas, que é de uma esquerda mais inorgânica, mas não menos solidamente esquerdista, a propósito do mesmo assunto e da responsabilidade dos políticos em relação a isso: "os políticos não podem ignorar [as percepções do público], mas quando lhes põem um microfone na boca podem ir à raiz do problema e debater como combater as sensações e produzir políticas públicas pró ativas ou podem aproveitar para agitar mais as "sensações" e aumentar as percepções do medo e da insegurança. Estes últimos se calhar estão a trabalhar para aumentar a faturação dos mercados da segurança?"
O que tem mais graça nesta história é que a generalidade da esquerda, que agora se sente bem representada neste argumento deste meu amigo sobre o que disse Passos Coelho (e, no caso, Ricardo Reis no seu artigo do Expresso desta semana) ter passado mais de quatro anos, entre o fim de 2010 e o fim de 2015, a falar da espiral recessiva, do facto da austeridade apenas poder gerar mais austeridade, no inevitável segundo resgate, e etc., como se pode ver nesta capa do Público de 28 de Setembro de 2013.
Não se pense que era um caso isolado, isto era o quotidiano dos jornais e dos meios de esquerda (perdoem-me o pleonasmo), que inclui uma outra capa do Público que também reproduzo frequentemente sobre uma estupidez de uma jornalista do Público fazer umas contas idiotas sobre a previsão do défice, com base num estudo do FMI, para dizer que o FMI dizia que o défice português ia ser muito mais alto que foi.
Aliás, no dia seguinte, dia 24 de Setembro, a mesma jornalista (Isabel Arriaga e Cunha, correspondente em Bruxelas do Público na altura), voltava à carga:
"Governo junta-se a Bruxelas e nega "negociações" para segundo resgate a Portugal
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O comunicado diz ainda que o Executivo, formado pela coligação PSD-CDS, “lamenta” a notícia publicada este sábado pelo PÚBLICO, dizendo que esta não tem “fundamento”, mostrando o seu desagrado por ter sido publicada “enquanto estão em curso a oitava e nonas avaliações do PAEF e o país se encontra em dia de reflexão eleitoral.
Esta manhã, também a Comissão Europeia negou peremptoriamente que já esteja a trabalhar num novo resgate a Portugal, garantindo que o cenário de um novo pacote de ajuda financeira não está em cima da mesa, “nem parcialmente nem de qualquer outra forma”.
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Segundo a notícia do PÚBLICO, a eventualidade de Portugal precisar de um segundo resgate para assegurar o seu financiamento é agora vista em Bruxelas como o cenário provável e que já está "parcialmente na mesa".
"Muito provável", "praticamente inevitável" e mesmo "largamente inevitável" foi a avaliação feita ao PÚBLICO por várias fontes envolvidas no actual programa de assistência financeira a Portugal. No centro desta convicção está a constatação de que muito dificilmente Portugal reconquistará a confiança dos investidores para voltar a obter nos mercados o financiamento necessário ao funcionamento do Estado a partir do fim do actual programa de ajuda, em Junho de 2014.
O PÚBLICO não escreveu que decorriam "negociações" em Bruxelas, mas sim que há "trabalho" a ser feito sobre a possibilidade de um segundo resgate."
Independentemente da falta de honestidade do Público, com rodriguinhos semânticos para evitar ter de dizer que a manchete do dia anterior (e respectiva notícia), era uma mentira que a jornalista assentava em fontes anónimas (numa clara violação das regras da sua profissão), o que interessa agora é que esta instigação do medo foi permanente durante o tempo de intervenção da troica e nos oito anos seguintes de governação do PS, sendo ainda hoje a trave mestra da campanha dos partidos de esquerda para as próximas eleições.
Costa ganhou as últimas eleições com uma maioria absoluta que muita gente de esquerda acredita que resultou do medo do Chega e da direita em geral, e portanto carregam nas cores ao falar das ameaças que a direita carrega consigo.
Eu, por acaso, acho isso um disparate, o PS teve uma maioria absoluta porque as pessoas se fartaram do jogo duplo do BE e do PC e, no lado da oposição, estava Rui Rio e anos de oposição à Rui Rio, isto é, de uma oposição que pretendeu negar Passos e o trabalho do seu governo, como Pedro negou Jesus por três vezes antes do galo cantar.
Que agora invoquem uma suposta ilegitimidade da adopção de estratégias de medo é uma ironia deliciosa cujos resultados veremos no dia 10.
Parece que vai estar de chuva no dia 10, os profissionais de sondagens vão explicar que isso altera os dados da abstenção e é tecnicamente muito difícil lidar com a abstenção quando se fazem sondagens, o que é potenciado pela elevada quantidade de indecisos que ainda existem e que ninguém sabe como votam (excepto Carmo Afonso que já demonstrou que são todos de esquerda).
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