Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
A industria ocupa um lugar de relevo no imaginário dos Portugueses ( e não só).
A nossa falta de capacidade industrial, é muitas vezes invocada como o nosso calcanhar de Aquiles. E o esforço na industrialização do País, um imperativo mais do que categórico. “Nenhum pais sem uma industria forte é prospero”, uma convicção largamente partilhada.
Todos concordaremos com a importância de uma industria compensadora, na vitalidade de qualquer tecido económico. Tal como deve acontecer com o sector primário e terciário. Um dos aspectos do especial interesse na industria é o do apresentar produtividade ( salários) tendencialmente superiores aos de outras actividades. O que em termos médios é verdadeiro, especialmente quando falamos de trabalho menos qualificado. Aqui acabam as semelhanças entre as convicções generalizadas e a realidade.
Portugal, não é um pais particularmente desindustrializado. O peso do emprego industrial ( quase 25%) é semelhante ao da média Europeia e superior ao dos Estados Unidos, um dos países mais ricos do mundo. E a industria, mundialmente, está longe de ser o sector mais importante. Hoje, representa apenas 22,5% do emprego.
Em Portugal, nos últimos anos, a industria tem crescido: é um sector longe do declínio relativo. O que provavelmente não é a melhor noticia: cada vez mais os países desenvolvidos são menos dependentes da industria. Até a Alemanha, permanentemente invejada pela sua força industrial, tem vindo a conhecer uma queda acentuada da importância relativa da Industria. A China, que baseou o seu crescimento na industria, já começa a ver uma perda relativa de importância deste sector nos últimos anos.

A perda de peso da industria, não se verifica apenas a nível de emprego. Em termos de valor acrescentado, apesar de apresentar valores superiores aos do emprego médio ( maior produtividade induzida por mais capital) , também tem vindo a cair. Os enormes ganhos de produtividade que se têm alcançado, condenam a industria á perda de posição relativa em termos de emprego. Os salários mais elevado do que a média, condenam os trabalhadores a ser substituídos por maquinas. No futuro, os “poucos” trabalhadores que restarem, serão muito bem pagos. Comandando um exercito de equipamentos. Mas serão uma fracção ínfima dos trabalhadores que hoje trabalham na industria.
Os trabalhadores dos países desenvolvidos, são ainda substituídos por trabalhadores mais baratos de países mais pobres, nas industrias menos sofisticadas, fenómeno que até já afecta a China, com deslocalização de varias industrias para o sudoeste asiático. Portugal tem crescido na industria nos últimos anos, por ter trabalhadores mais baratos do que nos países mais desenvolvidos e um maior nível de qualificação dos seus operários do que o observado nos países mais pobres, com menor níveis de remunerações.

Trabalho, qualquer trabalho, o melhor trabalho disponível é a boa noticia. Se for em sectores mais produtivos e mais bem pagos, melhor. O que não corresponde a uma escolha voluntária para qualquer sociedade, antes depende das circunstâncias, das vantagens competitivas que existam em cada momento.
Não se podem escolher vantagens competitivas. Pode-se, através de educação, capacitar pessoas para que possam vir a ter as capacidades necessárias nos sectores mais ricos. Mas mesmo que se consigam essas qualificações, existem, ainda, um sem numero de factores antes de se obter uma vantagem competitiva. A geração mais bem preparada de sempre em Portugal, tende a emigrar para onde as suas capacidades são mais valorizadas, nomeadamente em espaços onde existe um ecossistema que se revelou vencedor. Passar da Hotelaria para a aeronáutica espacial, não é um acto de vontade possível. Nem é a mais desejável das evoluções.
Melhor do que trabalho, só a inovação, o conhecimento, a geração de riqueza por actos de criação.
A industria é, pois, um sector em queda de importância relativa no mundo e, especialmente, nos países desenvolvidos. Em que melhores condições retributivas passaram a ser incompatíveis com elevados níveis de emprego. Que não oferece necessariamente a maior criação de riqueza. Como se poderá compreender, então, a obsessão pela industrialização, que de qualquer forma está a acontecer, mais como sinal do nosso subdesenvolvimento do que do nosso progresso?
A única obsessão deveria ser a da liberdade de uma economia, permitindo que esta, a cada momento, se desloque para as actividades com melhores retornos e liberte a energia criativa dos povos, de todos os povos, de todos os indivíduos. Com uma economia livre, em cada momento, vamos ter as melhores actividades possíveis e até novas e melhores ocupações. Com uma economia forçada administrativamente a deslocar-se para os sectores eleitos pelos “inteligentes”, temos a certeza de enormes perdas, de grandes desastres em nome do progresso.
Em economia ( e não só), a melhor opção é mesmo a liberdade dos mercados.
PS: Este Post, é dedicado ao Balio, a quem o tinha prometido ( ou ameaçado).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Vou contar o meu caso para se pensar, em 2003 tinh...
O ar babado do Generalíssimo Franco faz lembrar o ...
Ora bem, tem muitíssima razão.Os bancos centrais i...
O Quadro Geral é de Pato Bravice endémica, extrema...
Quais?