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Salvo qualquer percalço, compro o Público todos os dias (por exclusão de partes).
Antigamente até o lia on-line, ao fim de semana comprava em papel, comecei a perceber que os meus filhos iam lendo os jornais que ficavam por ali, e para fomentar a leitura de jornais (não me interessava se só liam o desporto, a moda, os mexericos, é irrelevante), que acho uma coisa boa em si mesma, passei a comprar todos os dias.
Mas nem sempre o leio, e vou acumulando para ler um dia.
Ontem li vários do princípio de Julho e lá estava uma notícia com o título garrafal: "No Sul dos EUA, teme-se um horror igual ao dos hospitais italianos".
Para além do habitual viés anti-Trump e, consequentemente, anti estados governados por republicanos (a Califórnea aparece referida, mas enfim, sempre com uma nuance), o artigo lá acabava com "grand finale":
"Ontem, o homem que chefiou o Departamento de Saúde do Arizona durante seis anos sob a liderança da ex-governadora Jan Brewer, disse que teme o pior nas próximas semanas. "Olhem para o que aconteceu na Lombardia, em Itália, e em Nova Iorque. É isso que está prestes a acontecer aqui", disse Will Humble ao The Washington Post. "As pessoas vão morrer porque o nosso sistema está sobrecarregado e é importante que outros estados aprendam com os nossos erros. Somos um exemplo daquilo que não deve ser feito".
Como o jornal é de 4 de Julho, e hoje estamos a 27 de Agosto, é perfeitamente possível ver o que aconteceu.
Sem surpresa, com as diferenças que existem de situação para situação e de padrão entre as zonas temperadas e as subtropicais, o que aconteceu no Arizona não foi nada de especial e tem o padrão que tem sido verificado mais ou menos em todo lado (a análise deve ser feita sítio a sítio, e não por país): uma subida rápida de casos de mais ou menos três semanas, um planalto e uma descida, o mesmo se verificando no padrão de mortalidade, com algum desfasamento e com o arrastamento da perna direita na descida.
E tanto foi assim no Arizona, como nos restantes estados do Sul dos Estados Unidos, independentemente das medidas tomadas (a discrepância da Californea para o Arizona, nas medidas de gestão, é abissal, as curvas da epidemia são quase as mesmas, com diferenças de amplitude e de pormenor).
Nem mesmo com toda esta evidência, se consegue que a hipótese de que a epidemia tem andado um passo à frente de nós, e que a sua dinâmica seja mais interna que resultante das medidas que tomamos, ganhe foros de cidade, mesmo como mera hipótese de trabalho.
Em grande parte pelo enorme contingente de estatísticos do futuro: pessoas que nunca conseguem explicações consistentes para as diferentes situações do passado, mas que acreditam piamente que os dados do futuro vão confirmar as suas convicções.
Quando não confirmam, têm sempre uma nova explicação e mais uma afirmação sobre o facto dos dados do futuro ir confirmar os cenários aterradores que traçam e que, por acaso, até não se verificam posteriormente.
P.S. O governo voltou a decretar um estado de contingência, a partir de 15 de Setembro, para poder limitar arbitrariamente direitos constitucionais dos indivíduos, sem qualquer fundamentação lógica relacionada com o andamento da epidemia. Para além da gravidade desta decisão em si, há um risco maior que todos: são precedentes que vão banalizando a restrição das liberdades individuais com base numa mão cheia de nada em matéria de fundamentação e justificação. Quando estes precedentes forem usados mais tarde por governos de quem gostem menos, não se esqueçam da nossa passividade perante esta barbaridade.
Tenho acompanhado o desenvolvimento desta pseudo pandemia desde o seu início. Mas ao separar os vários intervenientes, o governo, os autarcas, a DGS, o povo, os partidos, e outras entidades e pessoas que agora não me lembro, chego à conclusão que não é fácil de gerir sem haver uma salvaguarda por trás.
A festa do avante, por exemplo. Temos aí uma óptima oportunidade para voltar à normalidade, mas além da crítica dos partidos e dos comentadores do costume, apareceu também uma providência cautelar, curiosamente metida por uma pessoa que até tem interesse em que haja muitas festas.
Outro exemplo. A abertura do ano escolar, outra óptima oportunidade para voltar à normalidade, mas apareceu já o Mário Nogueira a ameaçar com greves se não houver segurança para os professores.
É que apesar de haver um número crescente de pessoas a desejar voltar à normalidade, há também um considerável número de pessoas a impedir que isso aconteça.
Esperemos que o bom senso prevaleça, e que a razão supere a emoção, para acabar o mais cedo possível com esta parvoíce.
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