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O Euromomo já tem o boletim da mortalidade referente à semana 18 disponível.
Os dados da mortalidade total são dos que menos ruído têm, são por isso particularmente úteis para avaliar o impacto de qualquer factor que induza mortalidade.
Apesar do pico da mortalidade covid estar nas semanas 14 e 15 (quando este tipo de doenças costumam ter o seu pico até à semana 12), o que me fez (e faz) ter dito que provavelmente o fim da mortalidade excessiva que marca o fim dos surtos, também poderia andar mais uma ou duas semanas para a frente (até pela clínica desta doença cuja mortalidade ocorre duas semanas ou mais depois da infecção), a verdade é que na semana 18, com toda a cautela de estarmos a falar de números provisórios, falta muito pouco para o fim da mortalidade excessiva, podendo mesmo ocorrer na tal semana 19.
Há uma excepção relevante, a Inglaterra, cujo pico andou pelas semanas 15 e 16, e que ainda está longe de fechar a mortalidade excessiva, não sendo clara a tendência de diminuição, ao contrário de todos os outros países com dados no Euromomo. A Suécia, os Países Baixos, a Bélgica e a Escócia embora com a tendência já muito definida, e fechando provavelmente na semana 19, ainda estão ligeiramente acima da mortalidade esperada na semana 18.
Relevante é olhar para os outros anos e verificar que, embora o pico covid seja relevantemente mais alto, 17 mil mortos a mais na semana com maior mortalidade, como parece tratar-se de um surto que dura muito pouco tempo (8 semanas), não parece ter desencadeado uma mortalidade substancialmente diferente dos surtos dos Invernos de 2017 (12 semanas) e 2018 (19 semanas), mas ter-se-ia de fazer as contas para ter uma ideia mais precisa.
Se, e sublinho o se (não sabemos, há um padrão, mas não sabemos se este vírus não sai do padrão, não parece estar a sair mas pode sempre admitir-se que este comportamento da mortalidade não se deva aos raios ultravioleta mas ao confinamento, não me parece mas é preciso esperar para saber), este vírus tiver as mesmas dificuldades que os seus primos com os raios ultravioleta, isso significará que teremos de nos preparar para o próximo Outono/ Inverno e lidar melhor com o surto que vier a existir.
O que não entendo é a ideia de que este segundo surto tem uma grande probabilidade de ser pior que o primeiro. Não entendo onde se foi buscar essa ideia:
1) O que tenho visto é citar o exemplo da gripe de 1918, o que me parece extraordinário dada a evidente especificidade desse surto, com a movimentação rápida de milhares de soldados;
2) Uma parte, pequena ou grande, da população, tem uma forte probabilidade de ter algum tipo de imunidade ao vírus. Mais uma vez, não sabemos, mas o que sabemos dos outros primos corona sugere que é provável que assim seja;
3) A parte da população mais susceptível e com menos resistência terá sido a que foi mais atingida pela mortalidade este ano, sendo provável que na segunda vaga o impacto seja menor.
Para saber se a semana 19 trará de facto a entrada na mortalidade esperada (com a provável excepção da Inglaterra) teremos de esperar uma semana.
Para saber se o Verão nos dará algum tempo para preparar o próximo surto temos de esperar umas semanas.
Para saber o impacto do segundo surto, teremos de esperar pelo próximo Outono/ Inverno, em que o pico pode ser menor, mas o vírus terá mais tempo para fazer estragos.
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